'Por um assunto [que continua] esquecido em nossas fileiras: a crise climática e o [descaso] do partido comunista' (F.L.)

Por F.L. para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, na minha tribuna anteriormente enviada “Por um assunto esquecido em nossas fileiras: a crise climática e o papel do partido comunista”, decidi mandar apenas de forma anônima, por não poder arriscar ter meu nome exposto. Porém, vi que dessa forma ficaria complicado que es camaradas identificassem quais tribunas eram minhas, portanto, a partir de agora, assinarei com o pseudônimo F.L.

Escrevo desta vez camaradas, com um tom já bem menos otimista, e com uma carga maior de crítica e apontamentos a realizar. Já peço perdão de antemão pelo tamanho que esse escrito acabou tomando, mas acabei esperando alguns eventos acontecerem para retomar essa tribuna, o que fez com que muito se acumulasse.   

Quero dividir essa tribuna em alguns momentos:

1. O primeiro deles será uma avaliação pessoal que venho já há um tempo cultivando sobre a atuação e formulação política do nosso partido no que tange a questão climática. Essa avaliação será apoiada não apenas nessa percepção, como também, na análise recente de dois posicionamentos relevantes do partido: 
   1. As pré-teses congressuais;
   2. A decisão comunicada a toda militância pelo CNP acerca da elaboração de um programa a ser agitado para as eleições;
2. O segundo será um balanço da política ambiental do atual governo Lula, que busquei realizar no intuito de subsidiar o que busco discutir no terceiro momento, esse sendo um debate propositivo sobre como o PCB-RR deve inserir enquanto um dos eixos centrais desse programa, a crise climática. Nesse momento, irei demonstrar com clareza como esse debate deve ser incorporado, fornecendo elementos concretos, que, eu espero, ajudem as nossas direções nacionais a finalmente levar a sério um debate tão caro à nossa classe. 

O balaio verde e o descaso do partido com a crise climática

Bem camaradas, o primeiro evento que estava esperando que acontecesse para retomar esse escrito foram as etapas de base/etapas de núcleo. No meu núcleo, recentemente no final de janeiro, realizamos a última reunião dessa etapa, o que fez com que agora tivesse materialmente mais a contribuir com esse debate do que o faria se não estivesse esperado esse momento.

Para começar, gostaria de dizer que é vergonhoso que em temas tão importantes como “Sobre o movimento negro”, “Sobre o movimento feminista” e “Sobre o movimento indígena”, por exemplo, tenhamos tão pouco a dizer em nossas pré-teses. Faço coro a brilhante tribuna de camarada L. Queen, “Onde estão as nossas direções? Um chamado à responsabilização das direções partidárias” e pergunto: como as direções conseguiram aceitar a postura de termos uma seção sobre movimento indígena com literalmente três parágrafos? 

Digo o mesmo sobre o debate sobre o movimento negro. Quatro parágrafos? Era tudo que tínhamos a dizer? Temos figuras brilhantes no nosso campo que tratam do assunto, como Clóvis Moura, por exemplo, que escreveu uma miríade de livros sobre o tema e a formação social do nosso país; e mesmo assim, não foi recorrido a leitura desses autores para formular nossas pré-teses com qualidade? 

O mesmo sobre o debate indígena. Temos Mariátegui, Darcy Ribeiro, que ainda que não necessariamente marxista, desenvolve um debate brilhante sobre o colonialismo e os povos indígenas no Brasil, e novamente, nossas direções não recorreram a esses escritos para formularem nosso debate? Heleieth Saffioti, que desenvolveu uma das maiores obras sobre o estudo da mulher na sociedade de classes do Brasil, foi escanteada do debate sobre a questão da mulher e do trabalho reprodutivo. A seção sobre o movimento feminista tem quatro parágrafos, sendo que a maioria deles se furta de fazer um debate sério sobre a condição da mulher no nosso país e como o feminismo marxista é a chave para abordarmos essas questões. 

Camaradas, não tenho nada contra debatermos China, por exemplo. Acho essencial, como mencionei na minha tribuna anterior, entendermos o máximo possível sobre as revoluções que aconteceram ao redor do mundo, como elas estão agora, quais são seus avanços e retrocessos e como essa caracterização pode nos auxiliar a melhorar nossas análises nacionais. Mas é patético que no Brasil, querendo debater a revolução brasileira e formar um partido a altura das tarefas que essa revolução demandará, tenhamos a mesma “quantidade” de coisas a dizer, por exemplo, sobre o movimento negro e a China, sendo que o movimento, a questão negra, é fundante pro nosso país, é elemento central para entendermos o que é o Brasil hoje e quais são nossas tarefas do futuro. 

Poderia me delongar nisso em diversos outros temas, mas acho que aqui já fiz meu ponto. O que quero verdadeiramente debater é o que chamei em conversas informais com alguns camaradas meus, de “o balaio verde das pré-teses”: a seção sobre “questão agrária, luta pela terra, crise climática e questão ambiental”.

Camaradas, poderia começar dizendo sobre como essa organização temática me incomoda profundamente de um ponto de vista teórico-metodológico. Mas como esse escrito já está grande, prefiro me ater apenas ao fato de que é ilógico para mim que tenhamos juntado no mesmo balaio coisas com formações, antecedentes históricos e consequências para a atualidade da classe trabalhadora brasileira tão radicalmente distintas e não nos tenhamos dado a necessidade de explicar minimamente nas pré-teses qual foi o raciocínio para que essas coisas estivessem todas juntas. 

A questão agrária, a luta pela terra, a crise climática e questão ambiental tem formações distintas, ainda que com suas semelhanças. É lógico que a luta por terra, por exemplo, está fundamentalmente ligada a questão agrária, e de maneira alguma acredito que elas devam estar separadas. Entretanto, - e essa é uma avaliação totalmente pessoal já que não tive acesso ao processo de formulação do documento - juntá-las a esses dois outros elementos de crise climática e questão ambiental para mim, é um sinal que tínhamos pouco acúmulo e/ou argumentação a realizar sobre esses temas e acabamos tentando juntá-los para termos um corpo maior de teses. Acredito que a crise climática e questão ambiental deveriam ter sido um ponto separado, assim como foi, por exemplo, a questão das lutas por moradia, que, apesar de estarem fundamentalmente ligadas a luta pela terra, não estavam inseridas em um gigantesco balaio de coisas. 

Meu argumento é que o motivo pelo qual essas coisas estão todas juntas, no que chamei de balaio verde, é simples: o partido ainda não reconheceu a centralidade e a importância visceral do debate e do estudo sistemático sobre a questão climática de um ponto de vista marxista; e se continuar nessa postura, vai acabar reconhecendo tarde demais, quando já não houver mais nada a ser feito para organizar nossa classe nesse sentido. 

Primeiramente quero ressaltar que é chocante que mesmo com o balaio verde, onde juntamos coisas tão diferentes e com possibilidades tão diversas de intervenção na realidade, ainda tivemos apenas material suficiente para debater por seis parágrafos, sendo que pelo menos, na minha etapa de base, todos os pontos sofreram destaques de alteração e cinco novos parágrafos foram adicionados. 

Pode estar sendo agora argumentado, “mas camarada, é para isso que as etapas servem. Para que possamos discutir, melhorar o documento e assim, construirmos juntos um programa!”. E eu concordo radicalmente. A questão, entretanto, não é essa. Novamente, cito a tribuna de camarada L.Queen, onde e camarada diz:

Camaradas dirigentes, vocês precisam tomar em suas mãos a responsabilidade que lhes foi conferida pelo restante do Partido! Não existe o direcionamento prático, nem ideológico, por parte das direções individualmente, nem do Órgão Central enquanto sintetizador da linha partidária. Os militantes estão cansados; a cada dia mais militantes se afastam, se desligam, mais trabalhos políticos são abandonados ou paralisados e as direções pouco se conectam com a base, pouco as orientam. [...] Espero que as direções tomem suas responsabilidades para si e tratem de conduzir e organizar o debate e a disputa ideológica da melhor maneira, se posicionando e saindo do pântano, respeitando a responsabilidade que lhes foi conferida pelo Partido – ainda que de maneira provisória e excepcional (QUEEN 2024, s/p). 

É nesse rumo do debate que viso intervir camaradas. As pré-teses são, querendo ou não, um retrato do direcionamento ideológico de nossas direções sobre as mais diferentes temáticas. E desse retrato, consigo perceber como o debate sobre a questão climática no partido é escanteada. E não me convence o argumento - que já ouvi anteriormente - que não existe literatura marxista de qualidade para subsidiar o debate sobre a questão climática que poderia ter sido usado como referência nas nossas pré-teses. Existe referência de literatura de maior qualidade marxista sobre o tema do que o próprio Marx? 

É verdade que a emergência climática não foi a tônica do marxismo em seu aspecto amplo de trabalho, e, simplesmente, não poderia ser, já que Marx, como um materialista, não poderia escrever sobre algo que ainda não havia surgido, que estava naquele momento, apenas começando, dando seus primeiros sinais em meados da Revolução Industrial. A questão da relação entre seres humanos e natureza de fato não foi a tônica do marxismo. Mas negar que o debate sobre uma relação mais sustentável com a Terra a partir da alteração do modo de produção estava presente, é uma distorção do amplo trabalho sobre o qual Marx se debruçou ao longo de sua vida, principalmente durante a escrita do “Capital III” , quando integrou plenamente a sua concepção materialista da história. Durante esse período, Marx estava vivendo  

o que os historiadores por vezes chamaram de “segunda revolução agrícola”, que estava ocorrendo no capitalismo de seu tempo, e na crise da agricultura a qual isso estava associado, possibilitando, assim, que ele desenvolvesse uma crítica da degradação ambiental que antecipou grande parte do pensamento ecológico da atualidade. Analiticamente, a crítica de Marx sobre agricultura capitalista passou por dois estágios: i) a crítica a Malthus e Ricardo [...] e ii) uma consideração sobre a segunda revolução agrícola e implicações da química do solo de Justus von Liebig, que compeliu Marx a analisar as condições subjacentes a uma relação sustentável com a terra (FOSTER, 2000, p. 208).  

A realidade é que a dimensão da relação ser humano-natureza, nunca foi esquecida por Marx e Engels em toda sua obra. O que Marx e Engels fizeram, entretanto, e que consequentemente fez com que essa não fosse a tônica do marxismo efetivamente, 

foi deslocar o pensamento materialista da natureza puramente, para a história, sem negar entretanto, a prioridade ontológica da primeira. Não obstante, a ênfase de sua crítica social foi majoritariamente sobre o desenvolvimento histórico da humanidade e sua relação alienada com a natureza, e não na evolução mais ampla da própria natureza (FOSTER, 2000, p. 170).  

Marx escreveu sobre metabolismo, sobre os seres humanos e a natureza se influenciarem dialeticamente, e como, portanto, essa visão antropocêntrica de que os seres humanos seriam o centro do universo natural, nada mais era do que “uma exaltação idealista dos homens” (ENGELS, MARX, 1936, p. 102, apud FOSTER, 2000, p. 242), sobre como os agrotóxicos e fertilizantes da época drenavam a qualidade do solo, sobre como era a classe trabalhadora mais pobre, que morava nos piores lugares e que era, por consequência, mais sujeita as consequências mais drásticas e nojentas da sede por lucro dos capitalistas, como alagamentos, pestes, doenças, etc. 

Isso acabou camaradas? Por acaso essas coisas não existem mais? Não existem mais doenças aceleradas pela crise climática e gestadas pela dinâmica do lucro? Por acaso já se acabou a visão especista de que a espécie humana é a mais importante do mundo e toda e qualquer espécie não-humana pode ser subjugada e considerada inferior? Foi-se finalmente superada a separação campo-cidade?[1]

Dizer que não temos referências para tratar da questão climática de orientação marxista simplesmente não é verdade. Até mesmo Lênin, em “A questão agrária e a crítica de Marx (1901)” escreveu sobre o assunto. Rosa Luxemburgo escreveu sobre o assunto. Bellamy Foster escreveu sobre o assunto. Eduardo Sá Barreto escreveu sobre o assunto. O que não nos falta é literatura. O que nos falta, verdadeiramente, é o entendimento de que esse assunto é central para a nossa classe. 

E o segundo elemento que reforçou ainda mais a minha convicção de que o partido, atualmente, não tem a intenção de colocar o debate sobre a questão climática enquanto elemento central para a nossa organização foi a decisão comunicada a toda militância pelo CNP acerca da elaboração de um programa a ser agitado para as eleições. Esse trecho que colo a seguida para exemplificar meu ponto, está inteiramente contido na - brilhante inclusive - tribuna des camaradas Ju Sieg e Vinícius Okada, quando dizem:

O partido deve elaborar um programa a ser agitado para as eleições (com base no programa partidário a ser aprovado ao final do congresso) que compreenda eixos básicos para nossa diferenciação com os demais partidos (e classes); de início, delineiam-se como centrais os eixos de combate às PPPs, combate ao Novo Teto de Gastos, revogação das contrarreformas, implementação do piso salarial da enfermagem e redução da jornada de trabalho (SIEG, OKADA 2024, s/p). 

Temos aqui colocados enquanto eixos básicos de início, o combate às PPPs, ao Novo Teto de Gastos, a luta pela revogação das contrarreformas, pela implementação do piso salarial da enfermagem e a redução da jornada de trabalho. Discordo de algum desses pontos? Absolutamente nenhum. Acho que todos são essenciais realmente e devem ser de fato elementos fundantes da nossa agitação. Porém, me surpreende que a questão climática não esteja presente nesses pontos que compreenderão os nossos eixos básicos de diferenciação com os demais partidos e classes e por isso, venho advocar para que ele seja incorporado a. 

Camaradas, que partido hoje, faz, seriamente, um debate sobre questão climática no Brasil? Nenhum. Absolutamente nenhum. O que temos hoje em dia é uma chuva de partidos que defendem ecocapitalismo patético, que - como mostrarei no balanço sobre a política ambiental do governo Lula - só vem reforçando soluções já comprovadamente falsas, que não resolverão o problema da crise climática no Brasil e que só visam nos manter em posição contínua de dependência, agora, até para enfrentar uma pedra cantada!

É pedra cantada o quanto a classe trabalhadora, especialmente a pobre, preta e periférica, vai sofrer - e já está sofrendo - com a crise climática.  Toda a classe trabalhadora, em maior ou menor grau será profundamente afetada pela crise climática, e de agora em diante, isso será tópico de interesse geral quer queira, quer não, pois os desastres estão mais frequentes (e vão ficar cada vez mais enquanto não tivermos uma boa estratégia de adaptação, mitigação e perdas e danos) cada vez mais pessoas morrem de calor, algumas sementes não crescem mais e safras inteiras se perdem por conta de alterações no clima ou por conta de pragas. Camaradas, países inteiros estão deixando de existir porquê estão afundando, e a solução encontrada pelo ecocapitalismo é replicar esse mesmo país no metaverso. Seguimos achando que esse debate não é relevante?[2]

Nossa classe está tão apassivada, tão destituída de todas suas esperanças de construir outra realidade, que é mais palatável aceitar que sim, um país vai ter que ser constituído no metaverso do que aceitar que é preciso se organizar enquanto classe para derrubar o capitalismo antes que eles nos mate e nos proponham refazer a Amazônia em pixel. 

Camaradas, direções, essa é a hora de tomar uma escolha. De escolher agir diferente. De escolher colocar no centro do debate o elefante que todo mundo está vendo e não tem coragem de tirar da sala. Temos que aproveitar esse momento do racha em que tudo é novo, que tudo está sendo colocado, debatido, formado, para construir um partido que verdadeiramente consiga falar desse assunto com propriedade, oferecendo respostas materiais, concretas pro povo trabalhador sobre o tema. Não existe revolução em terra arrasada. É hora de nos debruçarmos verdadeiramente sobre o assunto, de tirar o tempo para estudar como nos aproximarmos dos movimentos de luta pela terra, do movimento indígena, de mapear com seriedade os espaços, entender como podemos ser verdadeiramente vanguarda dos processos sem suplantá-los, é hora camaradas!

Por isso, com todas as críticas que já apontei, mas com todo o otimismo da vontade de ajudar a construir esse instrumento da revolução brasileira que digo: defendo que um dos eixos centrais para a agitação no nosso programa junto aos outros já citados seja a questão climática, mas que sejamos sérios nesse debate. É preciso enfrentar o liberalismo, enfrentar essa ideia patética e paralisante de que basta cada um fazer sua parte e fechar sua torneira que tudo vai dar certo. O partido comunista precisa oferecer soluções reais para a classe trabalhadora que parta de elementos concretos da nossa realidade, como o enfrentamento ao mercado de carbono, às PPPs das florestas, as deliberações de mercado da COP, o combate sério ao garimpo em terra indígena, a necessidade de um estado proletário pro desenvolvimento de energias alternativas e a transição das matrizes de energia fósseis, etc.

Precisamos juntar as lutas imediatas a esse paradigma maior camaradas! Essa é nossa função enquanto agitadores! Lênin, em “As Tarefas dos Social-Democratas Russos”[3], diz:

Nossa tarefa é misturar nossas atividades com as questões práticas, cotidianas, da vida da classe trabalhadora, ajudar os trabalhadores a entenderem essas questões, levar a atenção dos trabalhadores aos abusos mais importantes, ajudá-los a formular suas demandas para os empregadores de forma mais precisa e prática, desenvolver entre os trabalhadores a consciência de sua solidariedade, de seus interesses comuns e da causa comum de todos os trabalhadores russos como uma classe trabalhadora unida que é parte de um exército internacional do proletariado (LÊNIN, 1897, s/p).

Qualquer camarada que esteja sendo honesto no debate sabe que Lênin já nos deixou muito claro a tarefa de um agitador: a articulação permanente entre elementos da conjuntura e da base estrutural do sistema a ser criticado. Nossa função é ligar a “parte” ao “todo”, fazer com que a partir dos problemas imediatos e cotidianos se possa compreender o sistema e suas engrenagens.

Sou de uma cidade que todo período de chuva a parte baixa da cidade (chamamos essa parte a parte que fica do outro lado do rio atravessando a ponte), alaga. Todo ano. Há décadas. Agora, com a crise climática, as enchentes tem sido cada vez mais fortes e cada vez mais destrutivas. Qualquer pessoa que ousar sair da bolha cinco minutos e ouvir as pessoas mais velhas moradoras da região, ouvirá a mesma coisa. Que eles nunca viram nada desse tipo, que antes o rio nunca enchia desse jeito, que eles navegavam pelo rio como meio de transporte para diversas regiões dos arredores, e que agora, tudo isso se acabou. 

É nosso papel camaradas, mostrar, nesse exemplo, conectar essa parte, ao total do sistema. Demonstrar como essas enchentes que antes não aconteciam, e que agora acontecem e em intensidade catastrófica, são resultados do nosso modo de produção, que gesta crise atrás de crise, e que isso nunca vai parar a não ser que nos organizemos para subverter um sistema ilógico de acumulação infinita em um mundo onde tudo é finito. 

E isso é somente um dos exemplos camaradas! Pensem no quão qualitativa nossa agitação seria trabalhando a questão climática enquanto um dos eixos e associando essa luta aos territórios? O transporte da cidade fica horrível quando chove? Pois é hora de mostrar como isso está sim, associado a privatização, ao novo teto de gastos, mas também, a crise climática. E isso é replicável para diversos fenômenos que atingem a nossa classe. Deslizamentos de terra que levam casas inteiras, matam famílias; mas não quaisquer casas e não quaisquer famílias. Novamente, é só observarmos quantas vezes bairros ricos alagam e quantas vezes nos bairros pobres, periferias e favelas as pessoas perdem tudo e suas famílias tem que ir para abrigos ou até para as ruas por não terem para onde ir. São as casas, as famílias proletárias camaradas. E é aí que se une ecologia e luta de classes. É aí que se une crise climática e marxismo. E é por isso que não podemos deixar que esse eixo seja ignorado enquanto central na nossa agitação. 

Não apenas por isso, mas como também, porquê se depender do governo Lula e de qualquer um desses partidos da ordem burguesa, continuaremos nos chafurdando em ecocapitalismo e em soluções falsas de tal maneira que quando decidirmos que é finalmente hora de colocar esse ponto enquanto central na nossa ação política e organizar nossa classe para enfrentar verdadeiramente a crise, será tarde mais. Apelo para que não deixemos isso acontecer. Que comecemos ontem a estudar esse governo, entender o que ele tem feito, e como podemos, agora, intervir na realidade e organizar a nossa classe em torno das demandas imediatas associando-as ao horizonte socialista.

E é visando ajudar nessa empreitada, que buscarei agora realizar um balanço da política ambiental do governo Lula, para que tenhamos de imediato, pautas para tratar na nossa agitação - que, espero - apresentará em seu conteúdo a crise climática com a devida importância. 

Balanço da política ambiental do governo Lula 

O governo Lula vem ao seu terceiro mandato, no que tange a política ambiental, com um panorama de grandes expectativas. Isso porquê o governo Bolsonaro teve esforços nulos para conservação ambiental, desmontando toda a pauta e colocando o Brasil num cenário de calamidade no que tange a emergência climática. Bolsonaro emplacou processos de grande retrocesso ambiental, aumento do desmatamento, de conflito com povos tradicionais, enfraquecimento do órgãos ambientais, incentivo à mineração predatória, sequências de anistias à crimes ambientais, ataques à ambientalistas e servidores públicos de órgãos como Ministério do Meio Ambiente e alterações na legislação que favoreciam grandes empresários de ramos poluidores. 

Como aqui não estamos nos focando em uma análise da política ambiental do governo Bolsonaro, deixo para es camaradas interessades, um artigo relevante sobre o assunto[4], e também, alguns dados que tabelei sobre os principais processos descritos nesse artigo de análise prévia[5]. 

O elemento importante de termos em mente é que Lula assume o governo com uma promessa muito simples: reverter a destruição ambiental que Bolsonaro tinha empreendido de 2019-2022. Nesse sentido, é importante ressaltar que a política ambiental que o governo Lula vem traçando se baseia principalmente em dois eixos: a transversalidade e a criação de múltiplas instituições para debater a pauta ambiental. 

Quando falamos da transversalidade que o governo Lula diz estar adotando para esse mandato, falamos de um conceito esboçado pela primeira vez no início dos anos 2000, pela pesquisadora e servidora pública Roberta Graf em sua tese de doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp). Basicamente, ele postula que a política ambiental transversal é a inserção (internalização) dos critérios ou prioridades socioambientais/ecológicos em todas as políticas públicas, principalmente as econômicas, de produção – industrial, agrícola, etc – de desenvolvimento, de planejamento.

Não é necessário sermos ambientalistas ou estudiosos da temática para perceber rapidamente como em Estado capitalista dependente como é o caso do Brasil, adotar uma suposta transversalidade na política ambiental nada mais é do que falacioso. Temos enquanto um dos maiores marcos da política econômica do governo Lula 3 o seu giro ao neoliberalismo, que se estende de maneira avassaladora até a política ambiental e desmonta qualquer possibilidade de uma transversalidade mínima que seja. 

Quando o governo Lula diz estar internalizando as prioridades socioambientais/ecológicas em todas as políticas públicas, principalmente as econômicas, de produção, isso por acaso não vai completamente contra à política empreendida atualmente relacionadas, por exemplo, às PPPs das florestas[6]? A entrega dos territórios indígenas a países de capitalismo central para implementação de mercado de carbono? O sancionamento apenas parcial da tese do marco temporal? O posicionamento favorável do presidente a construção da Ferrogrão?

Já demonstrei na minha tribuna anterior como de nada adianta o governo Lula dizer “agora todos os ministros terão obrigação com a questão climática”, pois 

“se uma medida qualquer, empreendida pelo capital [...] tiver um efeito poupador de capital será este efeito (e seus desdobramentos em termos de apropriação de valor) a principal motivação para implementá-la” (BARRETO, 2019. p. 148), e não o fato de a medida ser “ecologicamente sustentável”. Da mesma forma que se, por exemplo, uma “medida for eficaz [no que se propõe enquanto medida de diminuição da crise climática], mas não [for] ao mesmo tempo, poupadora de capital, não há motivo, a partir da perspectiva da valorização do capital, para colocá-la em prática.

Nesse sentido, o governo Lula pode pautar a transversalidade à política ambiental a revelia. Isso nada mais será do que apenas um recurso discursivo se não forem escolhidas estruturas que se deseje disputar ainda nos marcos do Estado burguês a partir da mobilização de massas da classe trabalhadora. E temos, atualmente, provas extensas o suficiente para pautar com convicção que essa suposta política transversal não é nada mais nada menos do que relações-públicas, uma parte de uma estratégia para deixar a imagem do governo lula “mais verde”, mas que, verdadeiramente, só busca acobertar uma política que de “verde”, não tem absolutamente nada. 

Poderíamos falar, no bojo dessas contradições, sobre a política entreguista que o governo Lula tem performado em torno das riquezas naturais do Brasil, como a Amazônia, por exemplo a partir do multilateralismo. Em seu encontro com Biden[7], Lula afirmou que a proposta não é a de fazer da Amazônia um “santuário da humanidade”, mas de transformar a floresta num centro de pesquisa compartilhado com outros países. Com essa transformação do bioma, aliada ao uso sustentável de sua biodiversidade, completou ele, o Brasil poderá tirar proveito para garantir a melhoria “da qualidade de vida do povo que vive na Amazônia”. Para Biden, Lula defendeu uma governança mundial para que, de fato, as causas do acelerado processo de mudanças climáticas sejam enfrentadas, ao que Biden respondeu afirmando que o Brasil e os Estados Unidos compartilham dos mesmos valores nos atuais desafios globais, em especial no que diz respeito às mudanças climáticas. 

O fenômeno que Lula esquece, ou decide deliberadamente ignorar e que torna todo esse diálogo um absurdo completo tem nome e já foi teorizado há muito tempo: se chama dependência. Poderíamos até mesmo questionar a validade desse desejo de transformar a floresta num centro de pesquisa compartilhado com outros países partindo desse marco teórico, mas se abstrairmos esse fato ainda sobrará o outro “estranhíssimo” de que Lula não leva em consideração como o fenômeno da dependência impede essa suposta governança mundial que permitiria o enfrentamento dessa crise climática. O maior espaço de governança mundial que temos atualmente para isso é a COP e qualquer um que se debruce minimamente sobre essa estrutura patética verá como ela é não apenas falida como é uma verdadeira vergonha no que tange a defesa dos interesses dos países latino-americanos. 

Biden dizer a Lula - e ter dele sua concordância - que o Brasil e os Estados Unidos compartilham dos mesmos valores nos atuais desafios globais no que diz respeito às mudanças climáticas, além de ser uma mentira completa chega a ser insultante. Basta somente, novamente, que se voltem os olhos minimamente sobre como a COP funciona e verão que apesar dela teoricamente se colocar como um espaço de realização de conferências com amplo direito de participação e debate, países centrais detém tal carga de poder que os permite mudar debates, alterar palavras, tensionar para que certos acordos passem e outros não, que países formem blocos de articulação e outros não consigam, como é o caso de Cuba, por exemplo e o cerco que os EUA empreende nas negociações, etc. 

Quando dizemos que a governança mundial é uma prática que já nasceu morta, estamos dizendo que apesar de quaisquer esforços que países dependentes do Sul Global tentem empreender para articular suas demandas, elas só vão passar se forem acompanhadas de grande pressão e, se fundamentalmente, não tocarem nos aspectos mais importantes que os países centrais assim consideram, como foi o caso do debate sobre quebra de patentes. O multilateralismo parte de uma ideia conceitualmente idealista, na qual países teoricamente deixariam de lado seus interesses “pessoais” para organizar estruturalmente soluções que abarcassem um suposto bem comum. Entretanto, essa ideia simplesmente não se concretiza na realidade. As burguesias dos países centrais como os EUA, por exemplo, não abandonam seus interesses pessoais em detrimento da acumulação de capital, e não os farão do alto de sua benevolência, não importando o quanto se deseje.

O próximo eixo importante a ser discutido é a criação de instituições diversas para lidar com a pauta climática no país. Quando assume o governo, Lula já no primeiro mês, reverte grande parte das ações empreendidas por Bolsonaro na tentativa de desestruturar a pauta climática no Brasil. Esse conjunto de sete ações sobre meio ambiente que contestaram, na Corte, o desmonte das políticas socioambientais durante o governo Bolsonaro, foi chamado de Pacote Verde. 

Existem alguns pontos principais nesse processo que valem a pena ser ressaltados - aqui, ainda não entro em análise desses processos, apenas os cito da maneira como foram colocadas pelo próprio governo Lula, para que possamos posteriormente, entender as maquiagens. Ainda no primeiro mês, Lula reestabelece o Fundo Amazônia e os mecanismos de combate ao desmatamento no bioma, fixa o prazo para a criação da Autoridade Climática, empreende a volta da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), cria o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima e retoma alguns órgãos estratégicos como o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Agência Nacional de Águas (ANA). Os ministros de Minas e Energia, de Agricultura e Pecuária e de Desenvolvimento Agrário também anunciam estratégias dentro da chamada “agenda transversal do meio ambiente”, e a Alemanha e a Noruega retomam o investimento em projetos sustentáveis no Brasil.

Além disso, é aprovada a Medida Provisória 1.154/2023, que estabelece a organização básica das 31 pastas e seis órgãos da Presidência da República com status de Ministério e nessa toada, se é criado o Ministério dos Povos Indígenas comandada pela deputada federal Sonia Guajajara (PSOL-SP), a Diretoria da Amazônia e Meio Ambiente na Polícia Federal, a criação do novo Ministério da Igualdade Racial e do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, além da inclusão da transição energética na antiga Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), que passa a se chamar Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento.

Sob o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi criada a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, no Ministério de Minas e Energia, a Secretaria de Planejamento incluiu “Transição Energética” no nome e o Ministério do Turismo passou a contar com a Secretaria de Sustentabilidade, Desenvolvimento Territorial e Infraestrutura. No recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, foram desenvolvidas a Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas e a Secretaria de Gestão Ambiental e Territorial Indígena.

Nesse período, se é criada a Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente na AGU e também se estoura o escândalo da crise humanitária Yanomami, no qual o Ibama afirma estar na terra yanomami sem data de saída a pedido da ministra Marina Silva, e também se começa a fazer um plano de restauração e de recuperação da área.

Em fevereiro de 2023, o Ministério das Relações Exteriores estabeleceu a Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente e anunciou o diplomata Luiz Alberto Figueiredo como embaixador extraordinário para Mudança do Clima. Nesse período Lula também voltou a assumir a meta de zerar o desmatamento ilegal da floresta amazônica até 2030 a partir do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e da adesão dos EUA ao Fundo Amazônia.

Como é possível se ver, o governo Lula tem criado ministérios e instituições diversas para lidar com a crise climática e o debate da questão ambiental como um todo. Aqui, se oferece a nós um grande espaço para exploração das contradições que o Estado burguês apresenta e nos permite fazer uma forte e qualificada oposição ao governo Lula. 

Quando falamos, por exemplo, do Ministério dos Povos Indígenas, a própria Sônia Guajajara admite o quanto ele está sendo rifado pelo governo Lula[8]. A medida provisória da Esplanada dos Ministérios aprovada no Congresso em Junho de 2023 a partir do relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) esvaziou não apenas esse, como também, o próprio Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima comandado por Marina Silva (Rede) que o governo Lula tanto enaltece quando o convém em um sentido eleitoreiro.

Agora, já não é mais responsabilidade do Ministério dos Povos Indígenas a atribuição de demarcar terras indígenas, que passa essa responsabilidade ao Ministério da Justiça de Ricardo Lewandowski. Assim, a Funai segue responsável por fazer os estudos antropológicos para a identificação e a determinação da área de direito dos povos, e se antes a equipe de Sonia Guajajara analisaria o material e, se aprovado, o repassaria para a Casa Civil, que, então, despacharia para a Presidência para a demarcação final, agora esse passo ficará com o Ministério da Justiça. O governo Lula demonstra mais uma vez a impossibilidade do reformismo de realmente tratar com seriedade o debate sobre a pauta climática e como, principalmente no Brasil com um predomínio extenso da burguesia latifundiária, a cada mínima pressão da bancada ruralista se desestrutura qualquer possibilidade que esses ministérios e instituições diversas supostamente teriam de pautar seus interesses. 

Além disso, essa nova estrutura da Esplanada aprovada no Congresso retirou o CAR (Cadastro Ambiental Rural) do Ministério do Meio Ambiente e o colocou sob a pasta da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, mesmo tendo na época, a ministra Marina Silva definido a decisão como “erro estratégico”, já que o CAR é o principal instrumento de catalogação de propriedades rurais e de fiscalização de crimes ambientais cometidos por proprietários de terra. A ANA, tão ovacionada pelo governo Lula no começo de seu mandato por ter sido retomada após seu desmonte no governo Bolsonaro, em junho/23 já tinha passado da pasta ambiental para a pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional, comandada por Waldez Góes — indicação do União Brasil. E novamente, o Ministério do Meio Ambiente foi escanteado do debate, mesmo com a ministra mais uma vez alegando como a mudança não fazia sentido, já que  toda a parte de regulação, formulação, avanço tecnológico nessa agenda dos resíduos têm a ver com a gestão ambiental brasileira.

De nada adianta camaradas, ter uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria enquanto se incentiva exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Em meados de março de 2023, a Ministra Marina Silva falou sobre o conflito de interesses ao tratar da Foz do Amazonas, também chamada de “nova fronteira do petróleo”. E embora muito pressionada por ativistas ambientais, ela não se opôs de forma direta à extração de petróleo na costa da Amazônia e falou apenas que a exploração na região pode causar altos impactos.

Também de nada adianta ter uma Secretaria Descarbonização enquanto aloca-se mais recursos no PPA (Plano Plurianual) para ações no setor de petróleo e gás do que o proposto pela gestão de Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que o presidente Lula se vangloria de liderar a luta ambiental com uma redução do desmatamento na Amazônia, por exemplo, a extração de petróleo no Brasil, nono produtor mundial, não para de aumentar. Nosso país, que é o primeiro produtor latino-americano de petróleo, registrou vários recordes mensais no ano passado. O último, em novembro, quando produziu 3,678 milhões de barris diários (mbd), e espera alcançar 5,4 mbd em 2029, segundo o ministério de Minas e Energia, comandado por Alexandre Silveira, cuja trajetória política foi financiada por mineradoras. Este número poderia tornar o Brasil o quarto produtor mundial em cinco anos, segundo as expectativas do governo.

E por fim, de maneira semelhante, de nada adianta ter uma Secretaria de Sustentabilidade, Desenvolvimento Territorial e Infraestrutura e insistir em construir um trajeto de quase mil quilômetros de ferrovia que atravessará o centro do país em meio a áreas de proteção e a territórios indígenas, como é o caso da Ferrogrão que transportará a produção de soja da área central da Amazônia para a costa brasileira, e de lá para os mercados internacionais, como o da China. 

Poderia me estender aqui, mas novamente o escrito se tornaria longo demais. Basta dizer que estamos perdendo uma gigantesca oportunidade. O governo Lula, mesmo que estruture um trilhão de novos ministérios para debater agenda ambiental e a pauta climática, não terá sucesso, simplesmente porquê não tem o desejo e a vontade política de pautar debates que realmente interfiram nas estruturas de nossa sociedade. Sabemos que em qualquer governo dentro dos marcos do Estado burguês não é possível de fato estruturar uma política climática robusta o suficiente e condizente com o horizonte de libertação que desejamos. Porém, não só é possível como muitos governos já o estão fazendo, - como é o caso do governo Petro na Colômbia - escolher alguns debates que interferem diretamente nessas estruturas para levar a cabo e preservar as riquezas de maior impacto para efetuar a transição energética e lidar com a crise ecológica do país. No Brasil, por exemplo, uma dessas pautas poderia ser defender radicalmente a reforma agrária a partir da nacionalização da terra, coisa que o governo Lula não vai e nem tem interesse em fazer.

É nosso dever demonstrar esses limites do reformismo, e mais ainda, nesse caso temos uma oportunidade ainda maior do que apenas demonstrar esses limites, como também, mostrar como a solução para o problema climático ou um debate sério sobre a questão ambiental não virá das instituições supostamente democráticas, simplesmente porquê elas são constantemente sucateadas e escanteadas a cada pressão mínima que desafia os interesses da burguesia do nosso país. Não existe possibilidade de que elas articulem essas soluções simplesmente porquê não detém a força e a possibilidade política de fazer isso! E é nosso papel demonstrar como, então, essa luta deverá se articular pelas bases, na organização do proletariado que vai pautar seus interesses de defesa da soberania nacional e uma luta concreta e decisiva contra a emergência climática e a destruição da nossa possibilidade de vida na terra. 

A partir desse modesto, mas espero, proveitoso pequeno balanço - dada as limitações desse próprio espaço - buscarei agora apresentar um debate propositivo sobre como o PCB-RR deve inserir enquanto um dos eixos centrais do nosso programa e nossa atuação para o próximo período, a crise climática e a pauta ambiental. Buscarei demonstrar como esse debate deve ser incorporado, fornecendo elementos concretos a partir desse balanço, para que possamos estruturar uma política de agitação, propaganda e formação política das massas que ligue esses elementos concretos da conjuntura ao horizonte de libertação do proletariado.

Agitação - Questão climática e crise ambiental 

Não quero soar megalomaníaca para meus camaradas e tenho plena consciência de nossas limitações dado o racha e o contexto em que nossos militantes se encontram. Nesse sentido, elencarei apenas um eixo que acredito ser o mais interessante para começarmos uma política de agitação e propaganda sobre a questão climática e a crise ambiental: a alimentação. 

Lembro aos camaradas que de forma alguma o debate está restrito a esse ponto e acredito que forneci algumas possibilidades interessantes para unirmos a agitação sobre a questão climática e a crise ambiental ao nosso horizonte de construção do socialismo e emancipação do proletariado ao longo do texto, como o transporte, o debate sobre saúde pública (ondas de calor são um excelente exemplo), a separação campo-cidade, a questão indígena, etc. Escolho a pauta da alimentação aqui, apenas para demonstrar como poderíamos fazer essa conexão e quais questões mais operacionais e logísticas isso demanda, para que possamos assim, extrapolar e analisar cada local com a sua especificidade. 

Como mencionei anteriormente, os desastres climáticos ficarão cada vez mais frequentes e é necessário que saibamos disso e entendamos como esses desastres afetam a vida do nosso povo para que possamos balizar nossas lutas. A crise na alimentação da classe trabalhadora brasileira é central nesse processo. Os alimentos básicos ficaram entre as principais altas em fevereiro desse ano e os dados demonstram como os preços da cesta básica e o salário da nossa classe andam em total descompasso. Somente para que se tenha uma ideia, um campo-grandense precisa trabalhar 14 dias para conseguir comprar uma cesta básica de quase R$ 750, segundo o Dieese. Qualquer pessoa que vá ao mercado hoje sabe que com R$ 100,00 não consegue-se comprar praticamente nada do que compõe a grade de alimentação básica do povo brasileiro. 

A alta dos preços do azeite, por exemplo, é resultado direto também da crise climática. A Espanha, responsável por praticamente metade de todo o azeite produzido no mundo, enfrentou secas severas nas duas últimas safras, e o calor extremo aliado à essa falta de chuvas, se repetiu na Grécia e em Portugal, o que fez com que as flores das oliveiras queimassem e a produção global de azeite fosse de 3,4 milhões de toneladas na safra 2021/2022 para 2,5 milhões de toneladas na safra seguinte. Como a produção mundial vai continuar baixa, e a demanda continuará alta, seguiremos com uma alta de preços que não tende a abaixar.  

O mesmo acontece com outros alimentos de consumo mais regular e necessário para a alimentação básica do nosso povo, como, por exemplo, o arroz. Desde junho de 2023 o preço da saca de 50 quilos já subiu 23%, e grande parte desse aumento dos preços se explica por conta da crise climática que vem assolando o Rio Grande do Sul, estado que responde - também - por 70-85% da produção de arroz no Brasil e sofreu com grandes secas, enchentes e posteriormente com um ciclone extratropical. O feijão sofre dos mesmos problemas. No Paraná, o maior produtor de feijão do país, a quebra na safra chegou a 18% devido ao excesso de chuvas e em Minas Gerais, o problema foi a seca prolongada. 

Aqui, também temos a possibilidade de agitar diversas pautas em conjunto, como a falta de soberania nacional na produção de alimentos pelo Brasil, que não consegue produzir em escala suficiente para suprir a demanda de seu mercado interno e o pouco que consegue foi e continuará sendo profundamente afetado pela crise climática. Além disso, também conseguimos pautar debates ainda mais profundos sobre como a área plantada de alimentos básicos no país vem caindo ano após ano para dar lugar principalmente à soja e demais commodities e como esse projeto de fome está diretamente associado ao panorama de dependência no nosso país.

Segundo o próprio Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a área ocupada por lavouras de soja no Brasil deve atingir, em 2033, 55 milhões de hectares – cerca de 85% a mais do que ocupava em 2013. Nesse mesmo período, a área dedicada à plantação de arroz e feijão cairá 61% e passará a somar 2,2 milhões de hectares (BRASIL DE FATO, 2024, s/p) (grifos nossos). 

Não obstante, outro exemplo de como poderíamos fazer essa conexão através do debate sobre a alimentação é falando sobre a questão da fome no Brasil. Porquê produzimos tanta comida e mesmo assim tanta gente passa fome no país? Como isso está associado ao nosso modo de produção? Como o nosso modo de produção tem gestado as crises que vivemos, inclusive a climática que prejudica ainda mais a já frágil alimentação do nosso povo? Porquê não existe crise para os ricos? Como os alimentos chegam até o mercado? Quem produz essa comida, de que forma, sob quais condições? Todos esses são pontos de fácil conexão e que podemos fazer de maneira ampla por todo o país. 

A questão da alimentação nesse sentido é muito válida camaradas, ela traz para o centro do debate uma questão que é cara a toda classe trabalhadora, que está completamente enraizada no seu dia a dia e que nos permite associar essa parte, ao todo. E pensem que ganhos imensos poderíamos obter com isso no debate de ideias. Com constância, trabalhando a agitação e a propaganda nos mesmos bairros, nas feiras de alimentos locais, nos mesmos espaços, nas associações de moradores, nos espaços onde podemos construir vínculos as possibilidades são imensas! 

Em áreas mais rurais isso se expande ainda mais. As contradições estão mais visíveis e é possível criar as conexões de maneira ainda mais profunda. Militantes dessas áreas com certeza terão mais a acrescentar do que eu no debate, mas é também uma oportunidade para que aprendamos com essa parcela da nossa classe tão esquecida e que consigamos a partir dessa construção, entender como começar uma inserção qualitativa no campo. 

Porém, para aproveitá-las é necessário que saiamos do automatismo, realizando uma pausa consciente no intuito de mapear verdadeiramente os estados e entender como podemos fazer essas intervenções de maneira qualitativa. Nesse exemplo, seria necessário a partir das CRs, realizar mapas onde entendamos como esse panorama de dependência está dado no estado em questão e em que medida a crise climática tem contribuído, por exemplo, para a alta de preços dos alimentos mais consumidos naquela região. Lembrando que o debate não precisa ficar restrito aos preços, como eu mesma elenquei. 

Citamos aqui alguns exemplos como o RS, MG e o PR, mas esse é um raciocínio que pode e deve ser extrapolado para as mais diferentes regiões. Assim, poderemos iniciar um trabalho consequente e politicamente construtivo, na medida em que estaremos trabalhando para elevar a consciência geral das massas de um problema que as atinge diretamente e associando-as a um panorama maior a nível nacional. Nesse sentido, nossa agitação e propaganda pode ir ainda mais além! Isso abre espaço para agitarmos sobre os limites do reformismo, sobre como só podemos sair dessa posição de dependência a partir da revolução proletária, sobre como isso é necessário por conta da nossa burguesia nacional, e muito mais. Esse debate estava vivo nos anos 60, 70, 80 camaradas! Basta se ver os debates presidenciais, as intervenções do público que se davam nos espaços de entrevistas com grandes figuras da política brasileira, isso é possível, já foi feito! Agora nós temos ainda mais elementos, as contradições se aguçaram ainda mais e nós conseguimos pautar esse debate se assim desejarmos.

a) Questões práticas e operacionais 

Só que para isso é necessária uma atitude consciente de quebrar o automatismo e parar de agir unicamente no que nos é cômodo, no que nos é conhecido, e começar a estudar como expandir o debate com qualidade a partir de mapeamentos. O destacamento de camaradas que possam ficar apenas com esse trabalho em suas CRs é fundamental. Nós sempre dizemos em círculos internos que vamos estudar como nos aproximar do movimento indígena, que vamos estudar como nos aproximar dos movimentos de luta por terra, de luta no campo e nunca o fazemos. Pelo menos, essa é a realidade no meu local de atuação. 

É necessário quebrar essa postura. Destacar pessoas que possam ficar por conta desse trabalho de mapear os espaços como parte de nossa tática para efetivar a estratégia de inserção nesses espaços. Não é factível dizermos que vamos estudar se não existe nem mesmo um plano para fazermos isso e se camaradas estão constantemente sobrecarregados com as atividades do momento. Não é possível planejar uma estratégia de longo prazo se não paramos um segundo para entender nossa realidade e só poderemos fazer isso se efetivamente retirarmos pelo menos um camarada dessa rotina extenuante de lidar com os elementos emergenciais e deixá-lo a cargo de fazer pesquisa, de elaborar e sistematizar os dados que permitirão nosso partido avançar na luta pela revolução brasileira. Deixo sobre isso o vídeo excelente do camarada Jones Manoel na nota[9]. 

Assim, camaradas destacades para essas tarefas podem entender com profundidade:

a) o seu próprio local de atuação;

b) os pontos de maior possibilidade de agitação no que tange a questão climática e ambiental unidas aos elementos conjunturais;

c) as principais forças que já atuam nesse debate e como elas atuam;

d) formular uma estratégia para começar a tocar esse debate associado a algumas sequências de táticas e indicadores de sucesso;

Além disso, para que toda essa estratégia dê certo, é essencial que lancemos o nosso jornal físico. Ainda não estou totalmente convencida desse método, tenho minhas dúvidas em relação a sua efetividade e no que tange a relação custos de produção x qualidade da elevação de consciência da nossa classe nesse sentido, porém, fui convencida recentemente do seu papel enquanto elemento aglutinador da militância, e também, do seu papel enquanto ponte para abertura de diálogo com a classe. Acredito que com ele, poderemos tratar desses assuntos mais candentes da conjuntura, e assim, associá-la aos debates sobre a questão ambiental e a crise climática em um espaço mais próximo da nossa classe com a possibilidade de abrir canais de diálogo frequentes, se, por exemplo, fizermos destacamentos de camaradas que sempre vão nos mesmos bairros e/ou locais estratégicos e começam a criar vínculos com aquela vizinhança permitindo o aumento da politização nos espaços.

Novamente, tudo isso depende de mapeamento. Por isso reforço a importância desse destacamento nas CRs para que possamos efetivamente começar a estruturar um plano de agitação político claro e condizente com as realidades locais. É necessário entender os problemas candentes de cada lugar e articular uma série de táticas que vise agitar e propagandear nosso horizonte socialista associando-o as questões mais urgentes que atingem a nossa classe. E essas questões, como demonstrado, estão fundamentalmente ligadas a crise climática e a questão ambiental e seguirão sendo cada vez mais. 

E o mais importante de tudo camaradas: precisamos tentar. Não podemos ter medo de tentar fazer algo novo, de sair do automático, de tentar agir diferente, porquê sejamos honestos, o que viemos fazendo até então é pouco! Estamos longe do nosso objetivo e precisamos começar a, pelo menos, errar diferente se quisermos tentar acertar.  

Devemos com velocidade desesperada unir todas as pessoas com iniciativa revolucionária e colocá-las para trabalhar. Não tema sua falta de formação, não tema com a sua inexperiência e falta de desenvolvimento [...] os próprios eventos os ensinarão em nosso espírito (LÊNIN, 1905, p. 131-132).

Na minha tribuna anterior, mencionei:

Camaradas, quero finalizar dizendo algumas coisas: para nós, comunistas, já é clara a necessidade de se acabar com o capitalismo para que tenhamos condições de finalmente viver livres, em uma sociedade verdadeiramente justa e que se valha a pena viver. Entretanto, apesar de dolorido, é necessário que afirmemos: estamos, ainda nesse momento, pouco próximos de um levante revolucionário que possa de fato estabelecer um paradigma socialista, seja no Brasil, seja no mundo. E sabendo disso, precisamos continuar no nosso trabalho pré-revolucionário, mirando no sanar das nossas dificuldades. E pensando no tema da tribuna, vejo dois elementos práticos que acredito serem necessários abordarmos aqui: 1) a qualificação da nossa agitação e propaganda em torno das mudanças climáticas e 2) a formação de nossos camaradas em torno das necessidades no tocante a emergência climática no Brasil.

Continuo concordando com os elementos que elenquei no sentido tático, porém, acredito que precisamos aprofundar ainda mais essa tática e conectá-la de forma mais contundente a nossa estratégia, e por isso busquei aqui demonstrar como podemos fazer essa ligação de maneira mais prática. Acredito que temos em nossas mãos todo o necessário para começar a tocar essa ideia e tenho convicção que se a fizermos com qualidade, ela rapidamente pode se tornar um eixo muito qualitativo da nossa agitação e propaganda, como tem sido tantos outros temas relevantes tratados aqui no EDC. 

Façamos verdadeiro o lema da UJC: usemos lutar e ousemos finalmente, vencer. 

[1]  Marx acreditava que uma das principais manifestações da natureza alienada da civilização burguesa era justamente essa separação entre cidade e campo, que para o autor não fazia sentido, já que "o homem vive da natureza, [ou seja] a natureza é o seu corpo, com o qual ele tem de ficar num processo contínuo para não morrer. Que a vida física e mental do homem está interconectada com a natureza não tem outro sentido senão que a natureza está interconectada consigo mesma, pois o homem é uma parte da natureza (MARX, 1974, p. 328 apud FOSTER, 2000, p. 232)”.

[2] https://www.reuters.com/business/cop/tuvalu-turns-metaverse-rising-seas-threaten-existence-2022-11-15/ 

[3] https://www.marxists.org/portugues/lenin/1897/mes/tarefas.htm 

[4] https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/230914513.pdf 

[5] https://drive.google.com/file/d/1JdePC8uph0ThiwUMQo-QkKv0H5aosYU3/view?usp=sharing 

[6] https://emdefesadocomunismo.com.br/o-ppi-do-governo-lula-a-privatizacao-das-florestas/ 

[7] https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/02/10/apos-reuniao-com-biden-lula-diz-que-acha-que-estados-unidos-vao-entrar-no-fundo-amazonia.ghtml 

[8]  E basta também acompanharmos as redes sociais do próprio ministério para entendermos o caráter das negociações que estão tendo que ser feitas por conta da condução política do governo Lula, e como essas contradições são percebidas pela própria base. https://www.instagram.com/p/C3pwbSXu3va/?hl=pt 

[9]  A universidade não vai produzir a Teoria da Revolução Brasileira: https://www.youtube.com/watch?v=UCVdr8fjrsE 

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA PÚBLICA. Governo Lula quer coordenar cidades para enfrentar mudanças climáticas, diz secretário. Disponível em: https://apublica.org/2023/07/governo-lula-quer-coordenar-cidades-para-enfrentar-mudancas-climaticas-diz-secretario/.

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BBC. Governo não se empenhou e Congresso 'rifou' indígenas em negociação, diz deputada. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72j2x7xeg1o.

BBC. Como meio ambiente virou aposta de Lula para aumentar influência global do Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1wv2nx729po.

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BRASIL DE FATO. 100 dias Lula desfez retrocessos ambientais, mas proteção dos biomas não está consolidada. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/04/10/100-dias-lula-desfez-retrocessos-ambientais-mas-protecao-dos-biomas-nao-esta-consolidada. 

BRASIL DE FATO. Falta de estoques e safra menor acendem alerta para preços de alimentos em 2024. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2024/03/18/falta-de-estoques-e-safra-menor-acendem-alerta-para-precos-de-alimentos-em-2024.

BRASIL DE FATO. Lula enterrou política antiambiental de Bolsonaro, mas precisa fazer mais para zerar desmatamento. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2024/01/03/lula-enterrou-politica-antiambiental-de-bolsonaro-mas-precisa-fazer-mais-para-zerar-desmatamento.

BRASIL DE FATO. Lula na COP27: confira a íntegra do discurso. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2022/11/16/lula-na-cop27-confira-a-integra-do-discurso#:~:text=O%20presidente%20eleito%20Luiz%20In%C3%A1cio,18%20de%20novembro%20no%20Egito.

BRASIL DE FATO. 'PL do Veneno': Lula sanciona com vetos lei que facilita uso de agrotóxicos. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/12/28/pl-do-veneno-lula-sanciona-com-vetos-lei-que-facilita-uso-de-agrotoxicos.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. O meio ambiente no governo Lula. Disponível em: https://www.camara.leg.br/radio/programas/932931-o-meio-ambiente-no-governo-lula/.

CARTA CAPITAL. Após encontro entre Biden e Lula, EUA anunciam apoio ao Fundo Amazônia. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/apos-encontro-entre-biden-e-lula-eua-anunciam-apoio-ao-fundo-amazonia/.

CARTA CAPITAL. Brasil vive paradoxo de ser potência ambiental e petroleira sob governo Lula. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/brasil-vive-paradoxo-de-ser-potencia-ambiental-e-petroleira-sob-governo-lula/.

CARTA CAPITAL. É o fim da "trégua socioambiental" a Lula 3. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/daniel-camargos/e-o-fim-da-tregua-socioambiental-a-lula-3/.

CARTA CAPITAL. Os planos do governo Lula para o projeto da Ferrogrão, segundo o ministro dos Transportes. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/os-planos-do-governo-lula-para-o-projeto-da-ferrograo-segundo-o-ministro-dos-transportes/.

CNN BRASIL. Arroz dispara 23% e volta ao patamar da pandemia; clima no RS é uma das causas. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/arroz-dispara-23-e-volta-ao-patamar-da-pandemia-clima-no-rs-e-uma-das-causas/.

CNN BRASIL. Com transição ecológica no radar, governo Lula passará políticas públicas por filtro ambiental. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/com-transicao-ecologica-no-radar-governo-lula-passara-politicas-publicas-por-filtro-ambiental/.

CNN BRASIL. Decisão sobre exploração de petróleo na Foz do Amazonas está próxima, afirma Lula. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/decisao-sobre-exploracao-de-petroleo-na-foz-do-amazonas-esta-proxima-afirma-lula/.

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DIÁLOGO CHINO. Lula dá a largada em nova agenda ambiental: vai funcionar? São Paulo, 2023. Disponível em: https://dialogochino.net/pt-br/mudanca-climatica-e-energia-pt-br/363907-lula-nova-agenda-ambiental/.

EM DEFESA DO COMUNISMO. Onde estão as nossas direções? Um chamado à responsabilização das direções partidárias. 2024. Disponível em: https://emdefesadocomunismo.com.br/onde-estao-as-nossas-direcoes-um-chamado-a-responsabilizacao-das-direcoes-partidarias-

EM DEFESA DO COMUNISMO. Por um assunto esquecido em nossas fileiras: a crise climática e o papel do Partido Comunista. Disponível em: https://emdefesadocomunismo.com.br/por-um-assunto-esquecido-em-nossas-fileiras-a-crise-climatica-e-o-papel-do-partido-comunista/.

EM DEFESA DO COMUNISMO. Questão eleitoral: quais são os fins e quais são os meios? Disponível em: https://emdefesadocomunismo.com.br/questao-eleitoral-quais-sao-os-fins-e-quais-sao-os-meios/.

ESTADÃO. Quais os acertos e erros em sustentabilidade no 1º ano do governo Lula? Especialistas respondem. Disponível em: https://www.estadao.com.br/economia/governanca/1-ano-de-governo-lula-bioeconomia-sustentabilidade/.

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FOLHA DE S.PAULO. Lula publicará decreto sobre estudo ambiental para perfuração na Foz do Amazonas, diz Ibama. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2024/03/lula-publicara-decreto-sobre-estudo-ambiental-para-perfuracao-na-foz-do-amazonas-diz-ibama.shtml.

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LÊNIN, V. I. As Tarefas dos Social-Democratas Russos. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/lenin/1897/mes/tarefas.htm.

MAR SEM FIM. Política ambiental de Lula é relativa e decepcionante. Disponível em: https://marsemfim.com.br/politica-ambiental-de-lula-relativa-e-decepcionante/.

MARXISMO.ORG.BR. Desmatamento na Amazônia cai, mas por que Lula não atende os servidores do Ibama?. Disponível em: https://www.marxismo.org.br/desmatamento-na-amazonia-cai-mas-por-que-lula-nao-atende-os-servidores-do-ibama/.

METRÓPOLES. Governo Lula é cobrado por cruzar os braços para matérias ambientais e indígenas na Câmara. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/governo-lula-e-cobrado-por-cruzar-os-bracos-para-materias-ambientais-e-indigenas-na-camara.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Na COP28, Lula cede palco para Marina e diz "a floresta fala por si". Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/na-cop28-lula-cede-palco-para-marina-e-diz-201ca-floresta-fala-por-si201d.

MONEY TIMES. Os motivos por trás da disparada do arroz em 2023; altas vão se manter em 2024. Disponível em: https://www.moneytimes.com.br/os-motivos-por-tras-da-disparada-do-arroz-em-2023-altas-vao-se-manter-em-2024/.

MST. 1º mês do governo Lula já registra queda de 61% em alertas de desmatamento na Amazônia. Disponível em: https://mst.org.br/2023/02/15/1o-mes-do-governo-lula-ja-registra-queda-de-61-em-alertas-de-desmatamento-na-amazonia/.

NEXO JORNAL. Quais planos de Lula colocam em xeque seu discurso ambiental. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2023/05/01/quais-planos-de-lula-colocam-em-xeque-seu-discurso-ambiental.

NOSSOS PARQUES. Lula anuncia pacote verde. Disponível em: https://nossosparques.org.br/pt-br/noticia/36109.

NOTÍCIAS AGRÍCOLAS. Por que o arroz está caro? Preços ao consumidor subiram quase 25% em um ano e devem seguir firmes neste início de 2024. Disponível em: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/graos/368642-por-que-o-arroz-esta-caro-precos-ao-consumidor-subiram-quase-25-em-um-ano-e-devem-seguir-firmes-neste-inicio-de-2024.html.

O ECO. Entenda como Lula pretende tratar a transversalidade ambiental em novo governo. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/entenda-como-lula-pretende-tratar-a-transversalidade-ambiental-em-novo-governo/.

O ECO. Lula veta parcialmente projeto de lei do marco temporal. Disponível em: https://oeco.org.br/noticias/lula-veta-parcialmente-projeto-de-lei-do-marco-temporal/.

O ECO. Na Cúpula do Clima, Lula confirma entrada do Brasil na Opep. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/na-cupula-do-clima-lula-confirma-entrada-do-brasil-na-opep/#:~:text=O%20que%20ontem%20eram%20apenas,com%20membros%20da%20sociedade%20civil.

OBSERVATÓRIO POLÍTICO E ESTRATÉGICO BRASILEIRO (OPEB). A pauta ambiental nos 100 dias do novo governo Lula. Disponível em: https://opeb.org/2023/04/04/a-pauta-ambiental-nos-100-dias-do-novo-governo-lula/.

OECO. Conama está de volta, mas ainda sem paridade. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://oeco.org.br/noticias/conama-esta-de-volta-mas-ainda-sem-paridade/.

OECO. Do desmonte à reconstrução: a agenda ambiental em cem dias do governo Lula. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/do-desmonte-a-reconstrucao-a-agenda-ambiental-em-cem-dias-do-governo-lula/.

OECO. Entenda como Lula pretende tratar a transversalidade ambiental em novo governo. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/entenda-como-lula-pretende-tratar-a-transversalidade-ambiental-em-novo-governo/.

OECO. Preservação da Amazônia é tema central em encontro de Lula com Biden. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://oeco.org.br/noticias/preservacao-da-amazonia-e-tema-central-em-encontro-de-lula-com-biden/.

OPEN DEMOCRACY. Lula e o meio ambiente: entre prioridade e entraves históricos. Disponível em: https://www.opendemocracy.net/pt/meio-ambiente-lula-prioridade-entraves-historicos/.

PARTIDO DOS TRABALHADORES. Lula: não deve haver contradição entre crescimento e o meio ambiente. Disponível em: https://pt.org.br/lula-nao-deve-haver-contradicao-entre-crescimento-e-o-meio-ambiente/.

PODER 360. Depois de derrotas, Lula comemora Dia do Meio Ambiente na 2ª. Disponível em: https://www.poder360.com.br/poder-flash/depois-de-derrotas-lula-comemora-dia-do-meio-ambiente-na-2a/.

PODER 360. Leia as promessas do governo Lula para o meio ambiente. Disponível em: https://www.poder360.com.br/governo/em-3o-mandato-lula-tentara-avancar-na-protecao-da-amazonia/.

PODER 360. Governo Lula anuncia embaixador para mudança do clima. Disponível em: https://poder360.com.br/governo/governo-lula-anuncia-embaixador-para-mudanca-do-clima/ 

PODER 360. Governo Lula coleciona derrotas e incoerências ambientais. Disponível em: https://www.poder360.com.br/governo/governo-lula-coleciona-derrotas-e-incoerencias-ambientais/.

PODER 360. Lula diz que Brasil será "berçário da economia verde". Disponível em: https://www.poder360.com.br/governo/lula-diz-que-brasil-sera-bercario-da-economia-verde/.

PODER 360. Lula quer R$ 1 bilhão de Itaipu para evento sobre clima no Pará. Disponível em: https://www.poder360.com.br/meio-ambiente/lula-quer-r-1-bilhao-de-itaipu-para-evento-sobre-clima-no-para/.

PODER360. Taxa de "muito preocupados" com o clima é maior entre lulistas. Brasília, DF, 2023. Disponível em: https://www.poder360.com.br/poderdata/taxa-de-muito-preocupados-com-o-clima-e-maior-entre-lulistas/.

REDE BRASIL ATUAL. Lula edita medidas protetivas ao meio ambiente e a indígenas. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/lula-edita-medidas-protetivas-ao-meio-ambiente-e-a-indigenas/.

REVISTA OESTE. A farsa da política ambiental de Lula. Disponível em: https://revistaoeste.com/revista/edicao-187/a-farsa-da-politica-ambiental-de-lula/#:~:text=Em%20paralelo%2C%20o%20desmatamento%20no,de%202022%2C%20informou%20o%20Inpe.&text=Cobrada%20na%20semana%20passada%20sobre,queimadas%20na%20conta%20de%20Bolsonaro. 

SOCIAMBIENTAL. Veja quais foram primeiras medidas socioambientais do governo Lula. Disponível em: https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/veja-quais-foram-primeiras-medidas-socioambientais-do-governo-lula.

UOL ECONOMIA. Governo culpa clima por alta de alimentos e diz que 'tendência é diminuir. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/03/14/preco-alimentos-governo-lula-reducao-paulo-teixeira.htm.

UOL NOTÍCIAS. Fumaça em Manaus pressiona governo Lula e Marina Silva reage culpando Bolsonaro. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/10/13/fumaca-em-manaus-pressiona-governo-lula-e-marina-silva-reage-culpando-bolsonaro.htm.

UOL NOTÍCIAS. Conselho do Meio Ambiente terá 114 membros, após Bolsonaro reduzir para 23. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2023/02/17/governo-lula-reestruturacao-conama-conselho-de-meio-ambiente.htm.

VALOR ECONÔMICO. Ambiente é tema mais presente em plano até 2027 de governo Lula. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/01/25/ambiente-e-tema-mais-presente-em-plano-ate-2027-de-governo-lula.ghtml.

VALOR ECONÔMICO. Crise climática ganha força sob Lula, mas articulação é desafio. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/10/24/crise-climatica-ganha-forca-sob-lula-mas-articulacao-e-desafio.ghtml.

VEJA. 100 dias de governo Lula: agenda ambiental busca a transversalidade. Disponível em: https://veja.abril.com.br/politica/100-dias-de-governo-lula-agenda-ambiental-busca-a-transversalidade.

VEJA. Ao Congresso, Lula fala em recuo do governo anterior na meta de carbono. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/ao-congresso-lula-fala-em-recuo-do-governo-anterior-na-meta-de-carbono.

VEJA. Ibama, educação, Receita: as greves que pressionam o governo Lula. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/ibama-educacao-receita-as-greves-que-pressionam-o-governo-lula.

VERMELHO. Lula lança programa para ampliar resistência do Nordeste à crise climática. Disponível em: https://vermelho.org.br/2023/10/24/lula-lanca-programa-para-ampliar-resistencia-do-nordeste-a-crise-climatica/.