'O papel do funk e do rap underground na Juventude Carioca' (Arthur Barcelos)

O rap underground e o funk carioca são sem dúvidas, os gêneros mais expressivos nos jovens cariocas, expressivos na capacidade de mobilizar, sensibilizar, politizar e inspirar quem os ouve.

'O papel do funk e do rap underground na Juventude Carioca' (Arthur Barcelos)

Por Arthur Barcelos para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, escrevo essa tribuna a fim de contribuir para a nossa organização de algum modo, mesmo que seja mínimo. Podemos dizer que o funk e o rap underground, são hoje em dia os gêneros musicais mais radicais na juventude carioca. Nesta tribuna buscarei dissertar sobre tal.

Foi publicada uma tribuna sobre o dito “Metal extremo” e eu não pude deixar passar, a tribuna possui uma visão muito limitada sobre o Rap e o Funk, além de possuir um eurocentrismo implícito, colocando movimentos típicos de classe média e classe média alta como  movimento de toda a classe trabalhadora.

O Rap abre uma ferida escondida que existe em todo jovem periférico, sentimentos que são reprimidos e não falados em palavras, e sim ditos em forma de poesia. É evidente que exista o “POP RAP” mas não é sobre esse gênero que estou falando.

O rap underground e o funk carioca são sem dúvidas, os gêneros mais expressivos nos jovens cariocas, expressivos na capacidade de mobilizar, sensibilizar, politizar e inspirar quem os ouve. Pois seus ouvintes se sentem representados nas letras que possuem como característica a radicalidade e revolta, muitas vezes contra o estado, contra a exploração, e diversas outras formas de opressão. 

Esses gêneros muitas das vezes servem como forma de mobilização de jovens para organizações criminosas, que prometem o confronto direto com  o estado, servindo como única escapatória para estes organizarem seu ódio contra tal. Não possuímos um grande número desses jovens organizados conosco, por pura falta de capacidade nossa.

Nossa organização infelizmente ainda possui uma certa fobia para com estes jovens, talvez por falta de radicalidade real no nosso próprio discurso, radicalidade esta que só é alcançável tendo em nossas fileiras a classe trabalhadora oprimida de forma mais brutal pelo capitalismo. Nós só alcançamos estes jovens já radicalizados , mas não organizados quando formos capazes de demonstrar para estes, a construção de uma nova realidade, para além do crime, do ódio eternamente guardado ou do amargo de saber que viverá uma vida sendo explorado. Precisamos servir como espelho para estes, e não virarmos a cara como já fazemos.