'Não houve diálogo nas tribunas, houve monólogo: reflexões sobre as tribunas públicas de debate' (Hiro)

Das 271 tribunas, apenas 58 possuem diálogos com outras tribunas. Tirando as tribunas que foram referenciadas nessas 58, temos 168 tribunas (62% do nosso espaço amostral) que simplesmente têm suas discussões iniciadas e terminadas em si mesmas.

'Não houve diálogo nas tribunas, houve monólogo: reflexões sobre as tribunas públicas de debate' (Hiro)

Por Hiro para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Não é de hoje que noto este problema, mas nestes últimos dias ele vem se tornando mais candente. Refiro-me à falta de diálogo entre as tribunas e à falta de continuidade nas discussões. Serei direto e rápido com esta tribuna, uma vez que acho que não tenho condições no momento de fazer uma análise da experiência das tribunas públicas, seus acertos e erros. Meu objetivo aqui é apontar problemas e indicar soluções.

Primeiro, gostaria de expor um projeto pessoal. De dezembro até março, dediquei-me a criar uma planilha (dataset) com o objetivo de analisar os dados sobre as tribunas. Devido a outras demandas da vida, acabei não avançando muito, mas consegui construir um dataset para 271 tribunas. Isso engloba desde a abertura até meados de novembro.

Sobre o problema em questão: Das 271 tribunas, apenas 58 possuem diálogos com outras tribunas. Tirando as tribunas que foram referenciadas nessas 58, temos 168 tribunas (62% do nosso espaço amostral) que simplesmente têm suas discussões iniciadas e terminadas em si mesmas.

Isso pode ser explicado por diversos fatores:

  • A abertura das tribunas públicas no início do racha liberou um potencial criativo gigantesco da militância, que antes ficava barrado pela falta de espaços de discussão internos, uma realidade dentro do PCB.
  • Houve falta de direcionamento das direções nacionais quanto ao rumo do congresso. Em nenhum momento foi feita uma indicação para a militância trabalhar em uma direção específica. Tudo ficou muito aberto, o que permitiu um grande número de tribunas que são apenas reflexões particulares de uma pessoa.
  • A própria organização das tribunas é extremamente pouco convidativa para uma pessoa buscar diálogo. Especialmente, refiro-me a:
    • Mecanismo de busca do site, que só consegue buscar nos títulos e no texto motivador.
    • Falta de categorização das tribunas.

Este último ponto faz com que, caso eu queira escrever uma tribuna sobre movimento estudantil, eu tenha que percorrer todas as tribunas no site e buscar aqueles títulos que parecem dissertar sobre o tema, e depois ler as tribunas com as quais gostaria de dialogar.

Estes pontos, acredito, são os responsáveis por não encadear as tribunas e por fazer com que a militância perceba este espaço como não sendo de diálogo. Pelo contrário, as tribunas tornaram-se um lugar onde cada um pode mostrar seu potencial criativo e de escrita, em um eterno "circle jerk" de comunistas. É aquilo, é muito Lenin para poucos bolcheviques.

Dado que é um debate na etapa nacional do Congresso o caráter permanente das tribunas públicas, do qual pessoalmente sou contra, sugiro as seguintes reflexões:

  • As tribunas públicas contribuíram para a construção de consenso na militância?
  • Os principais debates nas tribunas refletiram os principais debates no Congresso?

Por fim, aconselho que, tanto para a construção do site do Jornal, quanto para próximos espaços de tribunas públicas em Congresso/Conferência, que o OC peça aos militantes para enviarem palavras-chave de suas matérias/tribunas, de forma que se possa organizar de forma mais simples o site. Assim, a percepção do autor quanto aos temas principais de seu texto é mantida e há uma forma eficaz de pesquisar artigos/tribunas.