'Acerca dos Núcleos Genéricos' (Vitor Gimenez)

Não é acaso que em diversos debates os “Núcleos de Bairro” são chamados de Núcleos Genéricos. Isso acontece porque esse tipo de núcleo não é definido pela caracterização positiva do seu trabalho, mas sim pela negativa.

'Acerca dos Núcleos Genéricos' (Vitor Gimenez)

Por Vitor Gimenez para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, 

Há tempos vemos um debate sobre as características e funções dos núcleos organizados territorialmente por bairros ou municípios. Venho através dessa tribuna socializar um pouco do acúmulo adquirido pelos debates que presenciei sobre o assunto em especial no Núcleo Zona Norte da UJC - SP.

Não é acaso que em diversos debates os “Núcleos de Bairro” são chamados de Núcleos Genéricos. Isso acontece porque esse tipo de núcleo não é definido pela caracterização positiva do seu trabalho, mas sim pela negativa. Ou seja, ele é definido pelo que ele não é: não é núcleo de Movimento Estudantil, não é de Movimento Sindical, não é movimento por moradia, não tem um trabalho específico em categoria específica já delimitado, se tornando “genérico”.

Seguindo a delimitação de território, surge um outro problema. Um território, seja bairro ou município, é policlassista. Dentro dele existem elementos das mais diversas classes, desde proletários a extratos médios, pequeno-burgueses e a depender do bairro eventuais burgueses. Essa composição tão ampla pode ser um obstáculo para a definição dos trabalhos políticos da instância em questão.

Dito isso, é preciso mencionar uma única vantagem desse tipo de núcleo. Ele consegue aglutinar forças de militantes que estão dispersos e juntar em uma única instância. Porém isso só é efetivo com um planejamento específico que tem como objetivo a especialização do núcleo e, portanto, a mudança de seu caráter.

Sendo assim, o objetivo de todo núcleo genérico é justamente superar essa condição, especializar seu trabalho e se inserir em um local de atuação como um desdobramento tático da nossa estratégia. Assim o núcleo deixa de ser de bairro e passa a ter seu escopo mais localizado, com um trabalho que tem potencial de se enraizar em uma luta específica e com capacidade de mobilização muito mais eficiente.

Porém, tal especialização só é possível com um estudo da região, não apenas como espectadores, mas em contato com nossa classe. Não à toa o Jornal O Futuro de São Paulo foi tão frutífero para o núcleo que componho: ele permitiu um contato constante com as pessoas dos locais que queríamos nos inserir.

Por fim, concluo com um posicionamento: núcleos genéricos, sem escopo específico definido, devem ser evitados ao máximo. Porém, caso não haja outra escolha para aglutinar as nossas forças, o principal objetivo desse tipo de núcleo é se especializar e deixar de existir enquanto genérico.

Saudações Revolucionárias,