Um passo no rumo da independência política do proletariado
Pela convicção de que só a classe trabalhadora organizada pode derrotar o fascismo e todos os ataques econômicos da burguesia, erguemos a bandeira da Oposição de Esquerda.
Por Gabriel Landi Fazzio
Ao longo do último ano, as promessas feitas à classe trabalhadora na campanha para eleger o governo Lula-Alckmin foram rasgadas uma a uma. Não há mais como sustentar qualquer esperança de que esse governo tenha a intenção de reverter as contrarreformas (da previdência, trabalhista, do ensino médio etc.) aprovadas nos governos anteriores, ou até mesmo que esteja disposto a confrontar a extrema-direita e os ruralistas e capitalistas que a financiam e apoiam, promovendo as mais diversas formas de violência contra os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e trabalhadores do campo e da cidade.
A aprovação pelo governo de um Novo Teto dos Gastos é, por si só, um estelionato eleitoral com repercussões dramáticas sobre todos serviços públicos - não à toa, o governo já sinaliza que não cumprirá os mínimos constitucionais exigidos em investimentos na saúde e na educação, e avança com um projeto de privatizações a fim de “capitalizar” desde os transportes até os presídios, passando pela própria saúde e educação. Na esteira desse “ajuste fiscal” que, na campanha, Lula disse repudiar; avança agora também a ofensiva contra os servidores públicos, expressa na chamada reforma administrativa.
A indicação de Zanin para o STF é outro exemplo de como a política de colaboração de classes do governo avaliza políticas contrárias aos interesses da classe trabalhadora e das camadas oprimidas do povo. Enquanto isso, membros do governo fazem declarações punitivistas e evidenciando sua cumplicidade com o genocídio da juventude nas periferias do país (em especial a juventude negra) promovido pelas próprias forças policiais, que se agrava de norte a sul do país - e de modo ainda mais drástico na Bahia, também sob governo petista.
Mesmo na política internacional, onde o governo ainda tentava manter uma aura progressista, as suas ações nas últimas semanas (condenando a luta legítima do povo palestino por libertação e silenciando sobre o apartheid genocida de Israel) desmascaram o verdadeiro significado político e de classe desse governo.
Em 19/10/2023, reuniram-se na Plenária Nacional Sindical e Popular de Oposição de Esquerda as organizações proletárias e populares que acreditam que apenas um movimento de massas dos trabalhadores baseado no princípio da independência de classe pode, na atual conjuntura, fazer frente aos ataques promovidos pelo governo Lula ao mesmo tempo em que sustenta um combate decidido contra a ultradireita, que segue se articulando e se aproveitando de cada medida antipopular do governo Lula para amplificar sua agitação. Nesse cenário, seria uma irresponsabilidade e uma traição imperdoáveis permitir que a ultradireita se apresente ao povo trabalhador como a única voz crítica e a unidade alternativa de oposição aos ataques do governo Lula. Por isso, e pela convicção de que só a classe trabalhadora organizada pode derrotar o fascismo e todos os ataques econômicos da burguesia, erguemos a bandeira da Oposição de Esquerda.
A partir dessa primeira Plenária, nos propomos a manter um espaço permanente para organizar a intervenção da oposição de esquerda ao governo Lula em meio ao movimento de massas e fortalecer os calendários de luta da classe trabalhadora. Com total respeito à liberdade e a autonomia da expressão política de cada organização, buscamos unir nossas forças para, na luta contra todos os ataque em curso, elevar o nível de consciência e organização da própria classe trabalhadora, sem o que a luta contra a política de colaboração de classes e o fascismo que nela se fortalece não pode ser conduzida até suas últimas consequências.
Viva a classe trabalhadora! Viva o socialismo!