Rio de Janeiro: UJC Zona Oeste II em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB e pelo XVII Congresso Extraordinário!

Camaradas,

Entendemos ser importante tornar público nosso posicionamento, especialmente tendo em conta o momento político que vivemos no Rio de Janeiro hoje, o que passa pela intensificação das múltiplas incoerências no discurso e na prática da Coordenação Regional da UJC do Rio desde que a crise no Partido tornou-se pública.

A partir de divergências de caráter político no que diz respeito à tática e estratégia do Partido em âmbito nacional e internacional, para além de questões organizativas, a maioria do Comitê Central (CC) e de toda a Comissão Política Nacional (CPN) buscou vencer a disputa política através de expurgos, perseguições e assédio político. Ao fazê-lo, comprovadamente violou reiteradamente resoluções do Congresso, bem como o estatuto do Partido, e provocou denúncias públicas ao bloquear a disputa interna, que foram utilizadas para acusar de fracionismo quem buscou ter seus direitos respeitados enquanto membro do Partido. A crítica à lógica de que "os fins justificam os meios", feita pela CR em documento publicado no domingo (13/08), não se aplica à maneira como as expulsões aconteceram? Afinal, se o debate acerca do descumprimento da linha política internacional tirada no último Congresso por parte do CC não tivesse se tornado público, de que outra maneira a militância poderia tomar conhecimento das violações que aconteciam no interior do partido? A quem interessa esconder tais fatos?

Visando garantir seus interesses e perpetuar-se no controle do aparato partidário, o CC provocou uma crise, tendo posteriormente se negado mais de uma vez a organizar um Congresso partidário apesar do apelo de ampla parcela das bases, e proibindo os coletivos partidários de debater. Durante esse processo, a militância da UJC foi frequentemente desqualificada por meio de notas assinadas pelo CC e declarações públicas feitas por seus membros. A fala mais recente foi feita por Sofia Manzano na manhã de segunda (14/08) só reforça ainda mais ao afirmar que: “o conjunto da militância, especialmente da UJC, os mais novos, ficam muito pautados em bolhas de twitter e não na vida orgânica do PCB e dos seus coletivos”. Ainda, fez uma fala extremamente ofensiva comparando a realização de um congresso que contasse com a participação de delegados dos coletivos que constroem disciplinarmente a linha política do PCB com um congresso nos moldes de Roberto Freire. Insistem em nos infantilizar, nos retratar como uma espécie de militância virtual extremamente influenciável, o que só pode ser fruto de profundo desconhecimento a respeito da Juventude do Partido e do trabalho realizado por esta ou a tentativa de emplacar uma narrativa mentirosa que serve aos interesses do CC.

Diante do encaminhamento de cercear o debate, a CR propôs que os núcleos, quando sentissem necessidade, realizassem a discussão sobre as questões de vida interna e fizessem o repasse em documento que seria posteriormente enviado ao Comitê Regional do PCB RJ. A princípio, em nota enviada após a reunião de núcleo realizada no dia 31 de julho, parabenizamos a CR pelo que acreditávamos ser uma decisão em favor da liberdade de crítica no interior do Partido. Apesar dessa permissão do debate, as atas dos debates foram enviadas sem sequer termos um compromisso da CR UJC RJ em responder o que poderia ser feito a partir das sínteses. Continuamos na tentativa de garantir o  debate o mais democrático possível e nosso núcleo no dia 6 de agosto questionamos o motivo de não termos no RJ um espaço estadual para aprofundar o debate entre os militantes e qual seria o momento em que a CR se posicionaria. Recebemos como resposta da assistência que não haveria deliberação nenhuma antes dos núcleos terminarem seus debates e a medida que fomos levantando questões a respeito do método e solicitando que a posição estadual fosse realmente a síntese das discussões na base, a assistência do núcleo rejeitou abertamente nossas críticas e propostas e fez uma fala sobre práticas “atropeladas” e “fracionistas”, usando erroneamente como exemplo as mais de cinco notas estaduais da UJC lançadas até aquele momento.

Entendemos que no RJ então a orientação era de esperar o debate de todos os núcleos para depois publicar uma síntese. Contudo, a mesma CR que até agora justificou sua lentidão em dar uma resposta a partir de um esforço que visa colher as contribuições dos núcleos e evitar atropelos, publicou uma nota no domingo (13/08) sem que todos os núcleos tivessem debatido e subido suas posições. A CR entrou em contradição com seu próprio método, tomando sim um lado contrário ao que alguns estavam colocando como exemplo de democracia interna, visto que não apenas lançam uma nota sem que todos os núcleos tivessem finalizados seus debates, como também apresentam uma posição que nenhum núcleo debateu, que foi sobre a intervenção do CC na CN UJC na manhã do dia 12.

Ainda, o texto publicado parte da premissa que é possível resolver a crise somente reforçando a forma atual, o que é falso. É conhecido hoje que a intenção do CC é abrir a tribuna de debates somente após expulsar todos que defendem a realização do XVII Congresso. A CR discorre sobre incentivar críticas nas frentes de massa e coletivos quando sabe que houveram militantes expulsos por fazer a disputa interna. A CR aponta que é falsa a narrativa de que não há espaço de debate interno quando conhece os fatos de perseguição política que ocorrem internamente e que geraram a expulsão de membros do Partido que não haviam se posicionado publicamente nem uma única vez. Na prática, entendemos que esse tipo de postura é conivente com a política de perseguição e boicote promovida pelo Comitê Central.

Além disso, chama atenção que tal análise sempre retrate as decisões que julga incorretas tomadas pelo CC, um órgão político, como fruto de uma má compreensão e leituras equivocadas, enquanto aponta dissimulação e premeditação por trás das atitudes tomadas pelos militantes que estão lutando pelo XVII Congresso. É contraditória a defesa de que há espaços aberto para o debate interno, que é a defesa que a CR cinicamente faz, se o que temos visto até agora no estado e nacionalmente quem ainda se propõe a fazer isso internamente é taxado como fracionista e sumariamente ou “preventivamente” é expulso.

Outro incômodo é o quanto a nota da CR demonstra mais preocupação em fazer confabulações difusas sobre “fração” e exacerbar a política federalista levantando falsas suposições sobre São Paulo à apresentar propostas concretas que pudessem verdadeiramente fazer avançar o nosso debate interno e a crise que passamos. Um exemplo seria cobrar e defender a resolução congressual do Caderno de Contribuições Dinarco Reis Filho que até hoje estagnou no segundo volume. Ver a postura levantada por dirigentes repercutindo na própria base com a máxima de: “o que aconteceu lá em São Paulo não vai acontecer aqui, porque o carioca é educado”, é a própria expressão do rebaixamento da nossa linha política, o espírito de círculo/identidade nutrido no Rio de Janeiro e a forma tão artesanal e acrítica na resolução dos conflitos.

Ainda, a CR afirma não acreditar que um XVII Congresso nos moldes propostos por aqueles que aderiram ao Manifesto seja o melhor caminho e apela pela realização de uma conferência política do PCB - conferência esta, que seria tocada pelo Comitê Central. Na prática, a CR demonstra confiança no CC para conduzir a abertura do debate interno - o mesmo CC que a CR reconheceu abertamente ter adotado "uma postura de sufocamento do debate para superação do quadro de crise". O CC que violou comprovadamente resoluções congressuais, o estatuto, promoveu expulsões irregulares, escolheu engavetar a tribuna de debates permanente, negligencia os acúmulos dos coletivos e acoberta casos de assédio e racismo. Mais do que isso, ao clamar pela conferência imediata, o faz sabendo que esta não tem poderes para reverter as expulsões arbitrárias, alterar resoluções congressuais e reformular o CC.

Nesse sentido, apesar de alegar acordo com parte das críticas apresentadas pelo Manifesto, parece claro o motivo pelo qual o documento elaborado pela CR foi citado como referência por Sofia Manzano na segunda. Isto aconteceu precisamente porque a solução proposta pela CR não oferece ameaça ao controle do Partido pela fração academicista antileninista. Isto é, o documento é inofensivo do ponto de vista propositivo. O que faz com que, na prática, a CR da UJC do Rio cumpra um papel de linha auxiliar do CC. Nos parece bastante claro que a proposta feita inicialmente enquanto uma mediação centrista da crise, por esta tentativa de terceira via acabou servindo à ala direita do Partido, os verdadeiros fracionistas, e os seus interesses. Dessa forma, camaradas, entendemos que essa nota da CR UJC RJ não representa a nossa leitura sobre a crise.

Avaliamos que não há qualquer possibilidade de solucionar essa crise que não passe por contar com a ampla participação dos coletivos em um XVII Congresso Extraordinário e a ampliação do debate e aprofundamento da democracia interna. Ainda, reforçamos a autonomia da União da Juventude Comunista, não reconhecemos a intervenção do CC na CN UJC, a criação de uma CN UJC paralela, as expulsões de seus membros e de demais militantes nos estados e núcleos que manifestaram sua posição.

Apesar do grande histórico de marginalização perpetuada pela CR UJC ao trabalho tocado pelos jovens trabalhadores da ZO II, que ocorre em espaços extremamente negligenciados nos quais nos fazemos presentes, nossa disposição em construir a revolução proletária é uma chama que não se apagará. Enquanto jovens comunistas não poderíamos fazer escolha diferente diante deste momento histórico em que vivemos e não abriremos mão de reivindicar a defesa do PCB naquilo que ele deve ser: um partido revolucionário ancorado nos princípios do marxismo-leninismo. Só assim conseguiremos resgatar essa herança de luta construída até aqui e dar continuidade a tarefa de aprumar verdadeiramente os rumos do PCB em sua construção como instrumento e vanguarda do povo brasileiro!

Desse modo, camaradas, essa é a nossa contribuição inicial para um debate franco em nosso estado e também a demarcação de nossa posição. Convidamos e incentivamos demais camaradas e núcleos do estado que queiram aprofundar o debate - sem espaços para cinismos e oportunismo, a se juntarem a nós, lutarem pela reconstrução revolucionária do Partidão pelas bases e não ficar à reboque da CR UJC do Rio.

Fomos, somos e seremos comunistas!

RUMO AO XVII CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO!

EM DEFESA DA RECONSTRUÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PCB!