Trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp organizam plebiscito contra a privatização das estatais em São Paulo

A experiência recente nos diz que o serviço das três empresas irá piorar em razão da falta de investimentos, manutenção, capacitação e contratação de novos trabalhadores, como foi o que aconteceu após a privatização das linhas da CPTM

Trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp organizam plebiscito contra a privatização das estatais em São Paulo
A consulta pública organizada pelos sindicatos dos trabalhadores das três empresas busca ampliar a mobilização contra a política de destruição das estatais.

Por Iuri Ota

Você quer que o metrô, a CPTM e a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo sejam privatizadas? Essa é a pergunta do plebiscito que será lançado nessa terça-feira, 5 de setembro, na Quadra dos Bancários, Centro Histórico de São Paulo. A consulta pública organizada pelos sindicatos dos trabalhadores das três empresas busca ampliar a mobilização contra a política de destruição das estatais.

A ação unificada dos trabalhadores ocorre após a apresentação do modelo de privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), no dia 31 de julho. Atualmente, a empresa de saneamento básico já funciona com economia mista: parte de seu capital é aberto a investidores privados, mas o Governo de São Paulo mantém maior parte das ações (50,3%). O modelo de privatização apresentado permitirá a empresa realizar um follow on, que consiste em diluir as ações controladas pelo governo, transformando-o em um acionista minoritário, e permitindo que no futuro a empresa seja totalmente desestatizada.

O Metrô e a CPTM também enfrentam investidas semelhantes. Hoje, a cidade está com as linhas 4-amarela e 5-lilás do metrô e as linhas 8-diamante e 9-esmeralda da CPTM sob concessão de operação para empresas privadas, todas concedidas ao Grupo CCR. O plano do governo de Tarcísio de Freitas é ampliar a entrega das estatais. Para a CPTM, o governo quer privatizar o conjunto das linhas 10-turquesa, 11-coral, 12-safira, 13-jade e a futura 14-ônix. Para o metrô, o governo divulgou, no último dia 28 de agosto, a contratação da empresa de consultoria International Finance Corporation (IFC), ligada ao Banco Mundial, para estruturar a concessão das linhas da empresa.

A privatização total das três empresas estratégicas prejudicará ainda mais a vida da população de São Paulo. São empresas responsáveis por serviços essenciais do estado: abastecimento de água, rede de esgotos, transportes coletivos na capital e intermunicipais. A entrega de todas elas à iniciativa privada significará a piora desses serviços e omissão do Estado no atendimento dos direitos sociais.

A população de São Paulo já sofre com a falta de água há uma década. O número de habitantes cresce, mas o número de mananciais para a captação da água das chuvas não aumenta no mesmo ritmo. Com a privatização total da Sabesp, a própria lógica de mercado indica que essa escassez servirá como justificativa para um aumento da tarifa do serviço. Além disso, a experiência recente nos diz que o serviço das três empresas irá piorar em razão da falta de investimentos, manutenção, capacitação e contratação de novos trabalhadores, como foi o que aconteceu após a privatização das linhas 8-diamante e 9-esmeralda da CPTM — que apresentaram sete vezes mais falhas no ano em que foram desestatizadas, em 2022.

Além do plebiscito, as entidades de trabalhadores discutem a realização de uma greve geral em outubro deste ano, e a realização de audiências públicas sobre o tema na Grande São Paulo e em cidades do interior do estado.

PLEBISCITO SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DAS ESTATAIS
Terça-feira, 5 de setembro
Quadra dos Bancários. Rua Tabatinguera, 192 – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo (SP).