Sobre a cisão dos militantes da célula do ABC e a adesão a Reconstrução Revolucionária

Afirmamos nosso caminho de Reconstrução Revolucionária, aderindo ao programa que nos dá esperança para debater, construir, dialogar e conduzir o partido para atuação junto à classe trabalhadora da forma mais transparente possível.

Sobre a cisão dos militantes da célula do ABC e a adesão a Reconstrução Revolucionária
Seguiremos ativos, atuantes e comprometidos como sempre estivemos com a construção do poder popular.
A carta aberta do Comitê Central do PCUS se esquiva a responder aos argumentos de princípios que apresentamos, e se limita a pregar nos camaradas etiquetas de “defensores do culto à personalidade e difusores das ideias errôneas de Stálin”. Ao lutar contra os mencheviques, Lênin dizia: “o fato de não dar resposta aos argumentos de princípios do adversário, atribuindo-lhe simplesmente o de estar “apaixonado”, não é debater, e sim injuriar. A atitude do Comitê Central do PCUS, manifestada na carta aberta, é exatamente a mesma que a dos mencheviques.
Mao Zedong – Sobre o problema Stálin.

Camaradas, através desta nota comunicamos publicamente a cisão da célula Jano Ribeiro e adesão formal dos militantes signatários desta nota do ABC Paulista pela construção do XVII Congresso Extraordinário.

A região do ABC Paulista abarca sete cidades, é uma das regiões com maior quantidade de indústrias no país em diversas épocas, sobretudo até os anos 90, o que nos colocou sempre no ápice de uma luta de classes de trabalhadores das indústrias, homens e mulheres com gigantesca história e relevância para a classe trabalhadora.

Em relação à luta comunista na nossa região tivemos Armando Mazzo, o primeiro prefeito comunista eleito do país, vítima de um golpe dado para que ele não pudesse assumir. Também temos figuras como o Jano Ribeiro, militante histórico do PCB e do movimento sindical, que dá o nome a essa célula, mas frequentemente esquecido e raramente citado.

Neste sentido, expomos que a construção de uma célula forte, grande, coesa e com muito envolvimento e inserção no trabalho concreto em nossa região se deu graças ao trabalho árduo e comprometido dos militantes aqui presentes e à sombra de nossas instâncias e direções, que permaneceram com a postura de desinteresse e afastamento de tudo que era desenvolvido aqui.

Compomos várias frentes populares, apoiamos ativamente construções importantes em nossa região como o Projeto Meninos e Meninas de Rua e fóruns antirracismo. Durante a pandemia atuamos com uma brigada solidária em uma região de Santo André, também atuamos nos movimentos de cultura e combate às opressões que nos atingem cotidianamente.

Seguiremos ativos, atuantes e comprometidos como sempre estivemos com a construção do poder popular.

SOBRE A CRISE

Apesar de estarmos em uma célula isolada politicamente dos acontecimentos da capital, tínhamos uma certeza: a crise nos atingiria e criaria uma dificuldade entre a nossa atuação no dia a dia e nossa tentativa de solucionar as contradições internas agora escancaradas.

Coletivamente em reunião chegamos a conclusão que maioria da célula não via saída para a crise sem o chamado de um novo congresso, capaz de eleger uma nova direção legítima e dar conta de abarcar de forma séria e comprometida nossos problemas.

Após a exposição pública de problemas internos, muitos deles já conhecidos e vivenciados pela militância, inclusive em nossa região como, por exemplo, o federalismo escancarado e o coleguismo, as direções seguiram pedindo paciência, confiança e fé. Porém, o que observamos foi na contramão do esperado em um partido marxista-leninista (com seu devido hífen).

Na prática tivemos uma completa falta de responsabilidade e compromisso de nossas direções com nosso Congresso e Estatuto. Visualizamos uma sequência de ações contraditórias, indefensáveis e antileninistas na gestão da crise, citamos aqui algumas delas:

  • As expulsões arbitrárias e seletivas realizadas com base em um malabarismo de artigos do estatuto;
  • A não abertura das tribunas/boletins internos, aprovadas no XVI Congresso, de forma breve para trazer o debate para o ambiente interno;
  • A publicização de notas sem sentido, destoando inclusive de nossa linha política marxista-leninista;
  • A ausência de respostas internas para os problemas expostos, como por exemplo, sobre a PMAI;
  • As dissoluções de células e núcleos inteiros demonstrando uma completa falta de responsabilidade e importância com os trabalhos construídos;
  • A ausência de instauração de processos disciplinares e expulsões para quadros com denúncias sérias (assédio e racismo) e com ações claras de quebras de centralismo democrático, ficando nítido que este “centralismo democrático” é aplicado de forma seletiva pelas direções.

A situação foi ficando cada vez mais agravante e indigesta, pois esse Comitê Central, desde a realização do XVI Congresso, apresentou em sua atuação prática uma negação (diríamos quase uma ojeriza) ao marxismo-leninismo, não ratificam o nosso Estatuto e há mais de três dezenas de parágrafos da terceira resolução do XVI Congresso que não são cumpridos pela direção.

Além disso, discordamos profundamente do método de desmoralizar militantes e invalidar a capacidade de compreensão e avaliação da militância mais nova no partido, tratando-os como ingênuos e despreparados. Este método rebaixado foge da análise material dos reais problemas.

Com os últimos acontecimentos, foi preciso tomar algumas decisões e compreender o melhor caminho para lutarmos pelo partido, esta ferramenta da classe trabalhadora.

De fato nossas soluções são coletivas e nos cabe a pergunta camaradas, qual partido queremos de fato construir? A resposta não inclui um partido que cerceia o debate, silencia sua base que também é composta de coletivos, permite mandonismos, coleguismo, carreirismo, tem permissividade para assédios de todos os tipos e terreno fértil para perpetuação das opressões.

Neste momento entendemos que o melhor caminho é se reorganizar com um objetivo claro: O XVII Congresso Extraordinário!

Afirmamos nosso caminho de Reconstrução Revolucionária, aderindo ao programa que nos dá esperança para debater, construir, dialogar e conduzir o partido para atuação junto à classe trabalhadora da forma mais transparente possível e, apesar de todas as contradições, à luz do XVI Congresso e rumo ao XVII Congresso.

Assinam esta carta:

Ariane - militante do PCB ABC e CFCAM
Carol - ex-militante do PCB ABC e militante do CFCAM
Felippe M. - militante do PCB ABC
Karina - militante do PCB ABC e CFCAM
Mateus C. - secretário de organização e militante do PCB ABC
Marinheiro - militante do PCB ABC
Marinho - militante do PCB ABC
Max - secretário de formação e militante do PCB ABC
Pedro I. - militante do PCB ABC
Rafael - ex-militante do PCB ABC
Vitor - militante do PCB ABC
Viviane - militante do PCB ABC e CFCAM
Willian - militante do PCB ABC