Rio de Janeiro vive caos com ataques de milícias na Zona Oeste

O uso crescente da violência policial é a resposta que aprofunda o problema da insegurança da população trabalhadora e não impediu a expansão do controle territorial e econômico das milícias nos últimos anos.

Rio de Janeiro vive caos com ataques de milícias na Zona Oeste
"O que foi visto com as UPPs, Força Nacional de Segurança, Intervenção Federal com o Exército ocupando territórios etc, foi o avanço do medo e do controle militarizado de territórios"

Nessa segunda-feira (24), a população da Zona Oeste do Rio de Janeiro se viu novamente refém do caos gerado pela violência da guerra entre grupos armados milicianos e as polícias comandadas pelo governador das chacinas, Cláudio Castro (PL).

Após o anúncio, pela Polícia Civil, da morte em confronto do miliciano Faustão, tido como o número 2 na hierarquia da maior milícia do estado, mais de um milhão de cariocas foram diretamente afetados por cenas de quase 40 ônibus e BRTs sendo queimados em diversas vias, pelo incêndio de um trem e de caminhões, dezenas de escolas sendo fechadas, com pelo menos 17 mil estudantes sem aulas, e a população trabalhadora como um todo tendo dificuldade de voltar para suas casas nos bairros da região.

Os casos de incêndios se concentraram nos bairros de Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Guaratiba e Recreio dos Bandeiras, mas os engarrafamentos se estenderam por mais de uma centena de quilômetros, afetando outros bairros e a Avenida Brasil.

A despeito do que o governador tenta alardear de que “os números [relativos a segurança pública] estão muito melhores do que foram antes”, a realidade é que em relação ao ano passado, segundo o Instituto Fogo Cruzado, houve um aumento de 54% nos tiroteios, 123% nos assassinatos e de 43% nos feridos entre janeiro e outubro de 2023. O governador mente e demonstra um completo descaso com a população trabalhadora, principalmente da região que concentrou um terço dos assassinatos durante o ano, ao afirmar que não esperava a “reação desproporcional” dos milicianos.

A ação do governo do estado do Rio de Janeiro aprofunda a lógica dos confrontos, principalmente nas Zonas Norte e Oeste da capital, assim como a do governo federal, que apoia a política de Cláudio Castro (PL) com envio de forças de segurança e na compra de armamentos. O prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), também foi às redes sociais pedir o aprofundamento do confronto! É justamente a resposta que aprofunda o problema da insegurança da população trabalhadora e não impediu a expansão do controle territorial e econômico das milícias nos últimos anos. O que foi visto com as UPPs, Força Nacional de Segurança, Intervenção Federal com o Exército ocupando territórios etc, foi o avanço do medo e do controle militarizado de territórios para os trabalhadores da cidade e episódios de terror com cotidiano em chacinas sendo comemoradas pela extrema-direita.