Rio de Janeiro: Eduardo Paes é inimigo dos trabalhadores!

A internação compulsória, medida higienista anunciada pelo prefeito, reafirma a sua conduta política e econômica liberal de valorização dos lucros, mercantilização dos corpos e menosprezo pela vida do povo trabalhador.

Rio de Janeiro: Eduardo Paes é inimigo dos trabalhadores!
"A independência dos trabalhadores não se vende e a articulação das nossas lutas fomentará nossas vitórias! Devemos organizar instrumentos de exercício de poder popular e de um sistema de saúde que acolha, cuide e inclua!"

Ontem o prefeito inimigo dos trabalhadores anunciou mais uma medida racista e segregadora na cidade do Rio Janeiro. O governo Paes anunciou que a prefeitura vai implementar internações compulsórias, utilizando a máquina pública para sequestrar pessoas em situação de rua ou de uso prejudicial de drogas.

Gerar empregos? Não! Fomentar uma rede pública de atenção psicossocial que trate pessoas que estão em situação de vulnerabilidade? Não! Construir um programa amplo de moradias populares para que as pessoas tenham um teto para sobreviver? Também não!

Como se não bastasse ser o prefeito das remoções e da especulação imobiliária, que deixam milhares sem casa e aluguéis mais caros para todos; que incentivou a expansão das milícias e das OSs que lucram com a privatização e destruição da saúde pública; que utiliza de forma sistemática a guarda municipal para agredir os trabalhadores camelôs e afaga grandes capitalistas que recebem tapete vermelho para explorar nosso suor e sangue, o governo Paes reafirma seus interesses econômicos e sua política racista e proibicionista no dia seguinte ao 20 de novembro, o que demonstra ainda mais a necessidade de denúncia e combate!

A internação compulsória, medida higienista anunciada pelo prefeito, reafirma a sua conduta política e econômica liberal de valorização dos lucros, mercantilização dos corpos e menosprezo pela vida do povo trabalhador. Movimentos sociais de usuários e trabalhadores do SUS conseguiram ao longo de décadas, com organização e luta, importantes avanços no Sistema de Saúde contra as práticas e a lógica manicomial e psiquiátrica que medicaliza, prende, segrega e estigmatiza. A política de redução de danos e a implantação de uma rede substitutiva à hospitalar, territorializada, carrega a proposta de acolhimento e cuidado, se contrapõe a lógica proibicionista e asilar. No entanto, no Rio de Janeiro, a rede é insuficiente, sucateada, os trabalhadores da saúde são precarizados e há um investimento em comunidades terapêuticas

A gestão Paes segue explorando cuidadoras, redutores de danos, não reconhece ou valoriza a importância destas trabalhadoras e trabalhadores para a rede de cuidado e atenção psicossocial. A prefeitura impõe péssimas condições para que o trabalho antimanicomial aconteça, baixos salários e se sustentar na terceirização e, portanto, coloca os trabalhadores da rede de atenção psicossocial com vínculos empregatícios instáveis, através de OSs, produz sucateamento dos serviços, precárias condições de trabalho e insuficientes equipamentos para acolhimento às pessoas que fazem uso de drogas de forma prejudicial.

O repasse de financiamento público do SUS para as comunidades terapêuticas vem sendo favorecido e estimulado pela bancada fundamentalista religiosa (municipal, estadual e federal) em acordo com diferentes governos, haja vista o recente encontro da atual Ministra da Saúde do governo Lula Alckmin com representantes de comunidades terapêuticas e a inclusão destas instituições, que aprisionam, torturam e violam direitos, como parte da rede do SUS durante o governo Dilma Rousseff. O governo Paes, assim, não somente anuncia violar direitos ao afirmar que adotará internação compulsória, como se orienta por interesses de classe, racistas e mercantis que favorecem a bancada fundamentalista religiosa, bancada que apoia os campos de concentração de trabalhadores pretos e pobres, sem qualquer respaldo científico, intitulados comunidades terapêuticas.

A resposta do Estado burguês e de seus gestores segue sendo a violência contra os trabalhadores em situação de vulnerabilidade! Trabalhadores que hoje, em meio a uma crise estrutural do capitalismo, estão sem casa, sem perspectivas e na maior parte sem emprego ou vivendo de bicos.

É fundamental que a militância esteja atenta e mobilizada para construir laços de solidariedade entre todos os movimentos que lutam para combater a violência do Estado e pelo direito à vida digna!

Trabalhadores camelôs, entregadores, garis, professores, profissionais de saúde e da luta antimanicomial, movimentos de favelas, organizações estudantis combativas e sindicatos classistas devem ser as pontas de lança no combate às violências do Estado. Todos os trabalhadores e trabalhadoras que sofrem com essa gestão burguesa, composta inclusive por setores da esquerda que sustenta a ordem que nos massacra, devem buscar a construção da unidade da classe operária contra os seus inimigos!

A independência dos trabalhadores não se vende e a articulação das nossas lutas fomentará nossas vitórias! Devemos organizar instrumentos de exercício de poder popular e de um sistema de saúde que acolha, cuide e inclua!

Lutar por um sistema antirracista, antiproibicionista e igualitário! Por um cuidado em rede, nos territórios e em liberdade! É com o fortalecimento das lutas por uma democracia proletária, que não naturaliza a existência da desigualdade de classes, que fortaleceremos as lutas dos trabalhadores, na defesa dos seus direitos e na construção do socialismo!

- Comitê Regional Provisório do Movimento em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB no Rio de Janeiro