O trabalho comunista na Paraíba - Uma visão retrospectiva

Diferentemente do que alega o comitê regional, a militância comunista paraibana não configura um arquipélago no "mar vermelho" que corta todo o território nacional, de modo que as mesmas violações também se verificam no estado.

O trabalho comunista na Paraíba - Uma visão retrospectiva
Para nós, é motivo de orgulho, e não de vergonha, optar pelo caminho da luta e não o da conciliação. Se para permanecer fiel aos princípios do marxismo-leninismo, do internacionalismo proletário e à meta revolucionária, for necessário sair do partido “comunista" para permanecer comunista, não hesitaremos em fazê-lo.

Diferentemente do que alega o comitê regional, a militância comunista paraibana não configura um arquipélago no "mar vermelho" que corta todo o território nacional, de modo que as mesmas violações do centralismo-democrático, a ausência de trato camarada, um balanço científico respaldado na crítica e autocrítica da nossa atividade, também se verifica no estado, como pretendemos apresentar.

Camaradas,

A fim de preservar a fluidez da exposição, adotamos um modelo em tópicos que permitirá uma melhor visualização da análise que empreendemos, também decidimos por um recorte temporal que compreende os últimos cinco anos do PCB na Paraíba, partindo da compreensão de que os erros da direção vem se acumulando pelo menos desde 2019 e agora, junto à crise partidária nacional, a atuação do CR nos forçou a uma escolha política sem hesitações. Reiteramos que o conjunto de erros aqui identificados são a expressão de teses errôneas e nocivas oriundas do órgão dirigente do Partido Comunista Brasileiro também a nível local. Senão, vejamos.

1 - O trabalho nos últimos cinco anos

É impossível qualquer tentativa de avaliação crítica da nossa construção enquanto comunistas aqui sem retornar a um episódio que é ainda desconhecido pela ampla militância comunista paraibana seja por uma questão geracional, inevitável por conta da renovação em nossas fileiras, ou por uma omissão voluntária da direção com uma evidente orientação política. Nos referimos aqui ao golpe liquidacionista de 2019. A apresentação desse golpe que parcialmente logrou êxito é pedagógico para ilustrar o amadorismo que apresentou a direção estadual.

Essa articulação teve início com uma militante oriunda de Santa Catarina, que por razões obscuras se mudou para o estado e rapidamente galgou espaço na direção do PCB na Paraíba sem que houvesse qualquer investigação da origem e passado militante desta junto aos órgãos a que ela respondia em SC, o que pouparia o partido em nosso estado desse acontecimento de abalo de nossa estrutura organizativa; a então militante acumulava processos disciplinares (PD) e sanções pela sua postura espontaneísta e descentralizada que colocava em risco a integridade, inclusive física, de demais camaradas. Frustradas as expectativas em torno da política aprovada no XV congresso, o grupo capitaneado pela catarinense, sob influencia do maoísmo-gonzalismo, ressuscitou a velha leitura do etapismo reformista ultra esquerdista (revolução-agrária-antiimperialista/nacional e democrática) e ao não encontrar simpatias no grosso da militância, comunicado à secretaria de juventude, organizou reuniões sem as vozes dissidentes e realizaram trabalhos paralelos à própria linha política partidária. Qualquer semelhança com o atual momento do PCB-CC não é coincidência.

Diante do exposto, constatamos que 1) A direção do PCB estadual foi incapaz de realizar um debate a respeito, reconhecer o erro e realizar a devida autocrítica (até porque essa atitude de dar espaço de direção a pessoas que se desconhecia a trajetória política dentro do partido por puro coleguismo se repetiu poucos anos depois); 2) A subestimação de aspectos do período da "Reconstrução Revolucionária" e sua crítica à elaboração estratégica para a revolução brasileira adotada pelos comunistas, não ressaltando-os e desarmando ideologicamente as novas gerações de jovens comunistas à crítica ao etapismo/nacional-desenvolvimentista, uma formação falha e uma atuação política sem base.

1.1 - Eleições

Em vias da reestruturação do trabalho no estado a duras penas, os comunistas paraibanos depararam-se com as eleições de 2020. Possuímos àquela altura uma influência residual no estado, contudo avaliamos a possibilidade de apresentar uma candidatura comunista vinculada aos dilemas de classe trabalhadora paraibana, mas devemos salientar que sequer tentamos. No quadro da direção provisória tínhamos uma camarada que possuía "livre trânsito" nas fileiras do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e, consequentemente, uma relação amistosa com esta agremiação diferentemente do campo prioritário de alianças do PCB a nível nacional.

Surgiu, pois, a possibilidade de "filiação democrática" ao PSTU - na Paraíba, não estamos na posse do registro eleitoral do PCB até hoje- para apresentar uma candidatura aos níveis executivos e legislativo municipais. As tratativas fracassaram devido a questões de ordem Internacional, sobretudo em relação a Cuba socialista, o "enigma chinês" e ao próprio regime surgido do EuroMaidan na Ucrânia. Poderíamos muito bem, conforme sugeriu Marx a Wilhelm Brack em sua correspondência (1875), ter jogado maior peso no desenvolvimento de "cada passo real do movimento". Contudo, isso não se verificou por duas razões: 1) ausência de compromisso militante; 2) pressão do Comitê Central (PCB) em priorizar alianças com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Ficamos reféns da inclinação do PCB ao campo da conciliação de classes e ao germe da sua guinada à direita. Como este segundo aspecto se expressou de modo mais claro em nosso estado? Apoiamos uma candidatura do PSOL à prefeitura da capital que defendeu como solução da tarifa do transporte público a concessão de licitações a empresas do setor viário impulsionando a concorrência e a "livre iniciativa" como mecanismo de regulação das tarifas. Mesmo em uma conjuntura adversa em que pairava, para alguns, uma iminente ruptura com o estado democrático de direito pelo liberal-fascismo de Bolsonaro e da extrema-direita, alinhamo-nos à democracia burguesa mas no entanto dissimulamos as nossas convicções socialistas, aguardando uma "contrapartida" dos setores da democracia burguesa e perdendo uma oportunidade rara para propagandear o nosso programa. Novamente, nenhuma autocrítica da direção estadual às bases e ao próprio Comitê Central.

Já nas últimas eleições, o comitê regional priorizou a campanha de Sofia Manzano, dispensando pouca ou quase nenhuma atenção ao cenário local e as disputas inter-oligárquicas no estado. Apenas uma semana antes do primeiro turno das eleições o comitê regional encaminhou uma circular a toda militância indicando voto nas candidaturas do (PSOL). Seguimos, portanto, a reboque do compromisso do PCB com elementos do campo da conciliação de classes rumo à sua guinada à direita. Nenhum balanço e autocrítica foram feitos, novamente, pela atuação do CR durante as eleições burguesas no último ano.

1.2 - A pandemia e o ímpeto revolucionário em nossas fileiras

No início da pandemia, alguns camaradas defendiam a tese que as ilusões com o capitalismo (fossem à direita, com o neoliberalismo, seja à esquerda, com o social-liberalismo) em dar uma resposta satisfatória à nova etapa da luta de classes. Surgiu, portanto, um momento privilegiado para a agitação do comunismo em toda sociedade mas, principalmente, nos setores estratégicos da classe trabalhadora e demais segmentos despossuídos. Isso contribuiu para um aumento significativo em nossas fileiras.

Na Paraíba, por exemplo, a UJC cresceu significativamente tendo reconhecimento do próprio Comitê Central. Nossos efetivos militantes praticamente duplicaram e tudo indicava que o PCB havia superado a crise originada do golpe de 2019. O PCB e seus coletivos partidários emergiram das catacumbas para a cena política estadual. Destacamos, por exemplo, a solidariedade de classe por meio do "Comitê de Solidariedade João Alfredo Dias" e é a isso que denominamos como "trabalho positivo". Entretanto, todo esse "salto qualitativo" não se estendeu ao estado e ficaram restritos à capital sem que houvesse nenhum empenho da direção em torná-lo mais amplo. Sintoma histórico! Afinal, a atividade do PCB na Paraíba caracteriza-se pelo "provincialismo" e as tentativas de interiorizar o nosso partido são vãs para não dizer nulas, isso nos remete ao ano de 2023.

Foi fundada em março deste ano a Célula de interiores José Peba. Em sua composição há uma militante organizada no partido desde 2022 residente no município de Patos, interior do estado, que desejava uma apresentação do Partido para conseguir executar as atividades partidárias que lhe eram restritas por causa de seu trabalho -sofrendo assédio político por parte de seus empregadores e sem apoio do sindicato, reconhecidamente pelego. Debatemos em célula e organizamos meios para, juntamente com a camarada, fazermos uma atividade de apresentação e, mais que isso, atingir o nosso objetivo de fincar raízes no interior. Estava tudo programado, exceto a militante destacada pelo CR para a atividade que nunca teve disponibilidade, mesmo com os pedidos da célula; já se vão seis meses sem resposta. Perdemos o ímpeto da camarada e a chance de efetivar nossa militância na cidade de Patos, que poderia expandir com qualidade nossa atuação no interior.

Seguimos também com a crítica feita nacionalmente sobre o “travamento” dos recrutamentos e a manutenção das pessoas interessadas na “geladeira” (seja no eterno processo de aproximação, seja jogando a militância nos coletivos para não comporem o Partido) por motivos desconhecidos. Compreendemos, obviamente, a necessidade de se conhecer a militância que pretende construir o Partido e seus coletivos, mas como já foi apresentado, não é uma prática por aqui, quando se tem amizade nos espaços de direção, fica bem mais fácil entrar no complexo partidário, infelizmente não por motivos políticos. Por outro lado, muitos recrutandos e aproximados se afastaram, perdemos a contribuição militante de outros por longos períodos.

1.3 - A juventude comunista

Depois do golpe de 2019, a UJC só volta a se reestruturar aqui em 2021, a CE da juventude, portanto, não fora eleita em congresso e toda a militância era muito nova, sem formação marxista-leninista e sem experiência militante, o que se demonstrava na artesanalidade do trabalho da juventude no estado, tanto da base quanto da direção. Soma-se a isso o fato da CR da juventude travar aproximações por debilidade e falta de tato ou por escolha. Não podemos afirmar mas parece que era um pouco das duas coisas, como também é visto no partido. Também pela deliberação velada do imobilismo, a atuação da juventude era nula, bilaterais aconteciam sem qualquer transparência ou participação das bases seja no diálogo, seja na ação posterior, não havia construção sólida e organicidade da juventude. Durante a pandemia e a organização dos atos pelo Fora Bolsonaro, pela vacina e contra a carestia, pudemos observar o crescimento de nossa militância que seguiu da mesma forma, com as mesmas debilidades organizativas e na formação política. No interior, a militancia da UJC pouco se fazia presente no ME, sem o Partido organizado na cidade não tinha a devida assistência, mas durante a pandemia, não graças ao CR, em Campina Grande iniciou-se os trabalhos na Ocupação Luís Gomes.

Entre 2021 e 2022, a militância da juventude era mal formada, com trabalho artesanal, sem conexões nacionalmente, sem um trabalho de base consolidado, inertr. A configuração da CE da UJC muda, alguns militantes sobem para o partido compondo o CR do PCB, onde conseguem fortalecer a prática de boicote e perseguição à juventude. Acreditamos ser relevante também pontuar como outros dirigentes do CR privilegiam as relações pessoais, conversas de corredor e fofoca de bar e as traduz em uma prática política de coleguismo em detrimento das relações de camaradagem e política em todo complexo partidário. Além da falta de assistência e acompanhamento dos trabalhos da UJC, o PCB-PB em diversas ocasiões impede o funcionamento e desrespeita a autonomia da juventude - onde se desciam orientações que fugiam do planejamento da juventude - e o assédio político em tom paternalista, reiteradas vezes afirmavam que a juventude pouco ou nada sabia (desde questões organizativas, burocráticas, até políticas) e falseiam a realidade como se os membros do CR fossem como um farol. A ação da secretaria de juventude, com a anuência do restante do Comitê Regional, era de travar as atividades e depois reclamar do imobilismo, fazer uma orientação equivocada e depois criticar excessivamente o resultado mas aos poucos se notava que não só não eram um farol como pouco tinham luz.

A despeito do boicote e perseguição política feitas por parte do Comitê Regional na Paraíba, o trabalho da juventude vem avançando, se fortalecendo e se profissionalizando. Tanto nacional quanto estadualmente a UJC se notabiliza por esse salto de qualidade quando supera o antileninismo, burocratismo e federalismo das instâncias de direção do Partido.

2 - Rebentou a crise partidária

A participação inadvertida do então SRI (Secretário de Relações Internacionais) e do SG (Secretário Geral) do PCB, Eduardo Serra e Edmilson Costa respectivamente, em fóruns da PMAI (Plataforma Mundial Anti-imperialista) foi o estopim da crise que vinha se desenvolvendo internamente há alguns anos. Tornando letra morta as resoluções do XVI congresso, a fração academicista e anti-leninista majoritária no âmbito do Comitê Central desencadeou uma ofensiva contra a "ala esquerda" através de processos disciplinares nebulosos e sanções administrativas que culminaram em expulsões de diversos camaradas em todo o país. O Comitê Central mentiu deliberadamente sobre a origem das expulsões para todo o complexo partidário, desorientando-o e mais grave ainda, vetando o debate. O comitê regional, na contramão das determinações expressas pelo comitê central em suas circulares, convocou toda a militância ao debate em três rodadas (05 de agosto; 12 de agosto e 26 de agosto) com o intuito de se posicionar ante a crise partidária. Diferentemente do que alega o comitê regional, a militância comunista paraibana não configura um arquipélago no "mar vermelho" que corta todo o território nacional, de modo que as mesmas violações do centralismo-democrático, a ausência de trato camarada, um balanço científico respaldado na crítica e autocrítica do nosso trabalho, também se verifica no estado como pretendemos demonstrar a seguir.

2.1 - Primeira rodada de debates

  1. Pleno do dia 05/08 - O Comitê Regional convocou a reunião ampliada para debater a crise com todo o complexo partidário no estado, saudamos a iniciativa mas não sem críticas. O CR foi propositivo na realização mas não na organização do evento. Poderia ter sido exposto na circular de convocatória a metodologia adotada (grupos de discussão) porém isso sequer havia sido organizado previamente. O ativo foi importante para aferir o posicionamento da militância que era favorável à convocação do XVII congresso extraordinário. Foi, digamos, um termômetro, sem avanços e deliberações, neste primeiro momento não houve manifestação do partido sob o argumento de “o Manifesto não foi apreciado”, quando a cobrança do posicionamento era acerca das ações autocráticas do CC e da convocação do congresso. A suposta “particularidade” da relação CC - CR - núcleo no estado, alimentou ilusões em alguns camaradas, ainda que já tenha sido evidenciado que o debate nos mecanismos internos estava sem possibilidades de ocorrer. O próprio comitê central sinalizou em direção contrária a isso ao expulsar as vozes dissidentes que sequer puderam se defender e se fazer representar à toda militância, negando a possibilidade de um congresso em caráter extraordinário. Pisoteou a unidade e atua no espírito de uma fração.

Há um aspecto que gostaríamos de abordar nesse texto que foi a participação de uma membra do CR já egressa que participou e impediu o bom andamento dos trabalhos, cumpriu muito bem o seu objetivo ao atrasar os debates em uma hora por se apegar às questões burocráticas da metodologia. Além de ter escolhido um grupo da juventude que continuaram sendo alvo de perseguição desta militante, continuaram porque quando ela ainda respondia à coordenação regional, estava articulada com outros membros para travar a UJC afirmando que “o problema do Partido é a UJC”. Cumprido o objetivo de rastrear a posição da militância e travar o início do debate neste primeiro momento, efetivou seu desvínculo e não voltou a aparecer.

  1. Segunda rodada de debates: Pleno no dia 12/08: Registramos uma queda significativa no quórum da plenária (a saber: a convocação feita foi próxima ao dia da plenária, para a juventude a circular chegou somente na noite que precedia a atividade). Isso, em nossa análise, não foi obra do acaso ou mera coincidência, trataremos mais à frente. A segunda rodada de debates apresentou contornos mais nítidos quanto à posição dos camaradas, grande parte defendeu a adesão ao Manifesto e a construção do XVII congresso como único meio de resolver os imbróglios políticos e organizativos, outros, por sua vez, defenderam a disputa por dentro do CC ainda que se tenham ofendidos ao serem apontados de que o faziam. A contradição, portanto, se expressou do seguinte modo: "somos" favoráveis ao XVII Congresso mas não descartamos inteiramente a possibilidade aberta pelo velho PCB, por meio de sua conferência política, para dirimir divergências e avançar sob um mesmo denominador político.

Argumentaram certos camaradas que se houvesse a possibilidade de levar até às últimas consequências o mecanismo de disputa política internamente que prevê qualquer Partido Comunista que se preze, não haveria razão da existência da anteriormente cunhada "ala esquerda" no Comitê Central visto que assim o fizeram e foram sumariamente expulsos do partido. Tais mecanismos já se exauriram e a posição política do velho PCB é clara: que se estirpe de nossas fileiras quem não seguir a cartilha anti-leninista. Por fim, conforme deliberação de ampla maioria, foi organizada uma comissão responsável para elaborar um documento que envolvia a síntese do debate entre todo o complexo partidário a ser publicada dentro de quatro dias (quarta-feira).

Houveram inúmeros tensionamentos que contrariavam abertamente a síntese ali atingida. Ao invés de quatro dias conforme estipulado, a comissão levou mais de uma semana para concluir a redação do documento, extensão do prazo justificada pela desorganização sobre o caráter e conteúdo da nota, inicialmente. Toda essa letargia possuía fundo político: muito do que tentaram passar na construção do texto não fora acordado pela militância coletivamente em plenária, era a posição individual derrotada de alguns militantes que compuseram a comissão, além da dificuldade de retorno de alguns núcleos, com uma falha da assistência de enfatizar o prazo de apreciação e acompanhar os núcleos na discussão; apesar dos esforços contrários, o documento ganhou uma versão final e foi publicado com apreciação positiva da militância a nível regional e nacional. Após isso, foi convocada uma terceira rodada de debates que acreditávamos ser a derradeira com o intuito de aderir ou não à Reconstrução Revolucionária.

Antes de adentrarmos nos meandros da terceira plenária, camaradas, alguns apontamentos: É ponto pacífico que a estrutura do velho PCB, com maior ênfase nos últimos meses, vem se notabilizando pelo compadrio. Notamos isso de passagem em alguns casos significativos do que estamos tratando.

No ínterim entre a segunda e terceira rodada, conforme relatos de militante da juventude, um membro do comitê regional a contactou após plenária estadual da UJC, questionando sobre o posicionamento de outra camarada da direção estadual sobre a crise partidária, camarada esta já alvo de assédio político por parte desta e de outros membros do CR. Não obtendo a resposta que desejava, a dirigente do comitê regional passou a afirmar que a sua interlocutora tinha "posicionamentos muito lúcidos" na tentativa de ludibriar para que angariasse sua simpatia para a defesa da disputa nas instâncias internas e contra a adesão ao manifesto. Não há a menor dúvida que esse caso é um exemplo de assédio político com viés paternalista.

Durante a segunda plenária, um camarada do partido foi vítima desse mesmo tipo de assédio político por um outro membro do comitê regional, via whatsapp, usou da relação de amizade ao apelar só camarada que já havia externado a sua posição pelo XVII Congresso/Reconstrução Revolucionária que este "não desistisse do PCB" pois "ao fim de tudo, todos nós "migrariamos" para o RR" (transcrição literal), conforme o tempo passa, vemos melhor que isso não se sustenta, era só uma tentativa de silenciamento das críticas.

Além de outros casos de transformarem críticas políticas em questões pessoais e produzirem discursos misóginos e racistas que apontam uma mulher racializada como agressiva, desrespeitosa e tensionadora por questionar a posição e atuação da instância de direção regional de forma assertiva; essa perseguição persistiu na terceira plenária onde a camarada se retirou após desrespeito e silenciamento por parte desse mesmo membro do CR, que sequer reconheceu a opressão que estava aplicando ali e não fora também advertido por seus pares.

A convocação de todo o complexo partidário para debater a crise virou moeda de troca e chantagem por parte do CR que a cada crítica feita alternava as respostas entre “você está pessoalmente ofendendo” e “mas nós convocamos a reunião, isso basta”, inclusive para galgar participação em reuniões da juventude a fim de intimidar esses jovens. Uma forma de fechar discretamente o debate aberto pelo próprio CR (afinal, não se pode debater nos espaços da juventude e a plenária estadual não fora convocada até agora). Novamente, o comitê regional do estado da Paraíba mistifica o quadro de violações do centralismo-democrático e da plena liberdade de crítica no interior de suas fileiras, a nível da política-partidária, a democracia interna permanece ausente.

  1. Terceira rodada de debates: A marca impressa da última plenária foi o quórum insignificante para um momento tão decisivo. Atribuímos a isso algumas razões: a) Festejos dos noventa e seis anos da UJC na capital e em Campina Grande; b) A indefinição quanto à resolução que devemos adotar no estado sobre a crise partidária que vem gerando esgotamento da militância. Já registramos, desde o início dos debates, cinco desligamentos e contando. Evidentemente, não duvidamos da idoneidade e da boa fé dos nossos camaradas (não se trata disso) mas, queiramos ou não, isso é um expediente político. Perguntar não faz mal, então, camaradas, perguntemos: Na terça-feira (22) foi encaminhada uma circular de convocação para a plenária onde toda a militância deveria comparecer e priorizá-la mesmo com um compromisso anterior firmado previamente, ou seja, os festejos da UJC. Por que o comitê regional decidiu por manter a plenária para o sábado (26) sabendo que os militantes da juventude (maioria) estariam ocupados? Não abriria margem na capacidade de avaliação da direção que isso poderia interferir negativamente em nossos objetivos? A resposta é o silêncio dos coniventes.

De todo modo, alguns camaradas em virtude dessas ausências injustificadas, propuseram que fosse discutido o Manifesto e deliberasse pela sua adesão ou não, reiterando que já dispunhamos de elementos o suficiente para tanto. Contra-argumentando defensivamente, o comitê regional afirmou que não "possuíamos acúmulo para tanto", seria apenas um balanço do documento. Ora, o que foram os debates levados à exaustão nas células partidárias e coletivos? O documento/nota publicado após a segunda plenária? Aparentemente um conjunto de palavras vazias. A plenária encerrou os seus trabalhos com o indicativo de uma outra ocorrer em um espaço de duas  semanas em caráter presencial, na capital do estado. Seguimos aguardando. Passou-se quase um mês desde que esse indicativo foi apontado e até agora nada foi feito.

2.2 - Ausência de compromisso militante

Consideramos pertinente um outro ponto sobre a última plenária (26). O baixo quórum foi definido por qualquer ausência de justificativa, além dos nomes da juventude cuja ausência já foi explicada. Alguns camaradas quando questionados apresentaram desculpas esfarrapadas e, por isso mesmo, concluímos que isso se trata claramente de uma falta de compromisso militante. Ilustramos com dois exemplos.

Um membro do comitê regional, momentos antes do início da terceira plenária, tentou justificar sua ausência devido a uma viagem ao sertão da Paraíba, onde não possuía "conexão com a internet ali". Outro, por sua vez, disse que "vivenciou um fim de semana” que não poderia ser registrado. Diríamos mais: Além de falta de compromisso, esta atitude é um completo desrespeito, seja com o próprio PCB, seja com seus camaradas. Por isso reiteramos: não é ingenuidade ou uma "fatalidade" que alguns militantes tenham que “honrar compromissos" que, coincidentemente, apareçam justamente em dias de plenária! Incidentes e acidentes acontecem, mas pela recorrência, não procede.

3 - A iniciativa "Reconstrução Revolucionária na Parahyba"

Para finalizarmos, camaradas, retomemos alguns pontos:

Seguindo as práticas persecutórias do comitê central e outros comitês regionais do país, dominados pela ala direita, o CR na Paraíba apela para o assédio moral e político de militantes em conversas particulares e para a pessoalização das críticas recebidas e feitas. Transformar questões políticas em questões pessoais/particulares é a arma de militante covarde que se nega a debater nos devidos termos e espaços, seja por desinteresse no ouvir, seja pela não sustentação do argumento. Não é de hoje, e não é uma particularidade da Paraíba, que observamos essa prática para quebra de militantes que questionam e contrariam a práxis anti-leninista dos órgãos dirigentes e isso deve ser extirpado na reconstrução que estamos construindo. O Comitê Regional da Paraíba decidiu por permanecer dentro do PCB-CC em um espaço de disputa falido, ainda que se defendesse o contrário durante as plenárias e na nota lançada como posicionamento oficial, deixando claro, assim, que faz coro ao federalismo, às perseguições e expulsões feitas, à violação das resoluções do XVI congresso e ao anti leninismo.

Restou aos elementos mais decididos situados na Parahyba perante a fissura política no interior do velho PCB, uma alternativa que não seja a organização da Reconstrução Revolucionária. Para nós, é motivo de orgulho, e não de vergonha, optar pelo caminho da luta e não o da conciliação. Se para permanecer fiel aos princípios do marxismo-leninismo, do internacionalismo proletário e à meta revolucionária, for necessário sair do partido “comunista" para permanecer comunista, não hesitaremos em fazê-lo.

As acusações que pesam sobre nós, militantes em prol do aprofundamento e consolidação da Reconstrução Revolucionária do PCB, de que fundaremos uma outra organização e deste modo seríamos liquidacionistas não se verificam. A "Reconstrução Revolucionária" neste primeiro momento se espelha no que fora o "Movimento Nacional em Defesa do PCB" surgido no início da década de 1990. É agitando esta bandeira que nos comprometemos com os rumos do movimento comunista brasileiro. Compreendemos, por fim, que só a Reconstrução Revolucionária indicou um caminho político para nos tirar do beco sem saída que o "pecebismo" nos atirou, portanto, convidamos todes camaradas que ainda se encontram na indecisão a conhecer a Reconstrução Revolucionária na Parahyba e suas proposições para o Partido Comunista Brasileiro voltar à radicalização e a se fundamentar no marxismo-leninismo, sem meias palavras, sem revisionismo, antes que seja tarde.

Rumo ao XVII Congresso Extraordinário!

O Partido somos nós, nós somos o Partido!

Comitê Regional Provisório do Partido Comunista Brasileiro - Reconstrução Revolucionária na Parahyba.