Mil pessoas desmaiam em show de Taylor Swift e uma vem à óbito

Proibir a entrada de garrafas d’agua num estádio lotado durante um verão com sensação térmica de 60 graus é criminoso. Continuar proibindo a entrada das pessoas com água e permanecer vendendo a água por um preço tão alto é colocar o lucro acima da vida e do bem-estar do ser humano.

Mil pessoas desmaiam em show de Taylor Swift e uma vem à óbito
Vender copos com 200ml de água por R$10 num calor como o do Rio de Janeiro ontem é criminoso. A empresa Tickets For Fun está lucrando com a vida de mais de 60 mil brasileiros por show - e acontecerão seis!

Por Gabriela Lemes

Desde 02/06/23, quando Taylor Swift anunciou que faria diversos shows na América Latina pela primeira vez, fãs da cantora ficaram animados por finalmente poderem recebê-la. Porém, já durante a abertura das vendas dos ingressos para o show, os fãs brasileiros sofreram com o descaso da empresa Tickets For Fun (T4F) que não se preocupou em organizar e fiscalizar as vendas online e as vendas presenciais. Além da chamada taxa de conveniência (olha só!) abusiva cobrada pelo site, numa média de 17 minutos todos os ingressos já estavam esgotados, exceto os VIPs, e sendo vendidos em outros sites por preços abusivos. Ainda assim, mesmo tentando comprar os pacotes VIPs, a T4F simplesmente impediu a compra dos fãs, apesar dos pacotes estarem disponíveis. Ainda pior é quando descobrimos que nos pontos físicos das vendas os fãs sofreram intimidações de cambistas, sendo até mesmo agredidos. Tudo isso é de inteira responsabilidade da empresa T4F, que fez os fãs da cantora - a maioria bastante jovem - experienciarem tamanho descaso.

Na noite de ontem, com uma sensação térmica de 60 graus no Rio de Janeiro e com o Estádio Nilton Santos em sua capacidade máxima - mais de 60 mil pessoas - aconteceu o primeiro show de Swift no Brasil. Como poderíamos imaginar, o descaso da Tickets For Fun, que é a responsável pela organização de todo o evento, levou ao desmaio de cerca de mil pessoas e à morte de uma fã, uma jovem de 23 anos, negra e estudante de psicologia da UFR (Universidade Federal de Rondonópolis) - Ana Clara Benevides. Para quem não sabe, a T4F proíbe a entrada de garrafa d'agua no estádio, mesmo as compradas no mercado, para lucrar vendendo copos de água com 200ml por dez reais. E isso num show que todo mundo quer cantar e dançar a todo vapor, o que leva a mais desidratação, e que um litro não seria suficiente para se manter! Durante o show, Swift precisou interromper sua apresentação diversas vezes ou para pedir que os seguranças levassem água para fãs que estavam passando mal ou para ela mesma transportar água de uma lado ao outro do palco.

Vejam a trama:
Primeiro o problema dos ingressos.
Depois, a proibição de água. Pensem comigo:

Uma sauna tem uma temperatura de 40 a 50 graus. Segundo especialistas, uma pessoa só pode ficar em média 20 minutos direto dentro de uma sauna, devendo sair e se refrescar. Além disso, por conta da temperatura alta, suamos, perdendo líquido e ficando desidratados. Uma pessoa adulta pode perder cerca de meio litro de líquidos em 20 minutos de sauna.

Entenderam?

A empresa Tickets For Fun (T4F) criou um campo de extorsão em massa: formou uma sauna dentro desse campo, com mais de 60 mil pessoas coladas umas nas outras por cerca de cinco horas, proibiu a entrada de água para extorquir as pessoas durante o show vendendo o litro d'agua por cinquenta reais. É uma extorsão em massa mediante tortura. Mediante uma insolação que junto à sensação térmica local pode causar morte. Esse foi um experimento homicida em massa. Privar as pessoas de água e vendê-la carríssima é dizer: compre água ou morra. Mil pessoas "apenas" desmaiaram porque ainda estavam sendo extorquidas pela T4F e pagando pela água.

Como se não pudesse piorar, ainda tem o fato de que nem a pista premium nem a pista comum possuem cadeiras para que as pessoas possam se sentar caso fiquem cansadas ou passem mal! Isso porque se cadeiras fossem colocadas, menos pessoas caberiam no estádio e menos a empresa lucraria. Colocar o lucro acima da vida deveria ser crime, mas no capitalista é apenas um incidente moral!

Proibir a entrada de garrafas d'agua num estádio lotado durante um verão com sensação térmica de 60 graus é criminoso. Vender copos com 200ml de água por R$10 num calor como o do Rio de Janeiro ontem é criminoso. Após o desmaio de cerca de mil pessoas e a morte de uma fã por conta do calor, continuar proibindo a entrada das pessoas com água e permanecer vendendo a água por um preço tão alto é colocar o lucro acima da vida e do bem-estar do ser humano. A empresa Tickets For Fun está lucrando com a vida de mais de 60 mil brasileiros por show (e acontecerão seis!)

É muito triste saber que essa morte e todos os mil desmaios ocorridos poderiam ter sido evitados se a T4F não tivesse sido tão irresponsável com os fãs e tomado novas medidas adaptadas para o calor de 60 graus do Rio de Janeiro!

Mas por que esse acontecimento é relevante para toda a sociedade brasileira, mas em especial para os comunistas?

No dia 17/10, o prefeito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enviou o projeto de lei de privatização da Sabesp para a Assembleia Legislativa do estado. Sabemos que se essa privatização acontecer, cenas como as de ontem se tornarão comuns. Somado a isso, as consequências do aquecimento global também serão determinantes da sentença de morte de alguém num cenário. Privatizar a água é um atentado à dignidade humana de todas as classes dominadas e pode se tornar um crime contra à vida.

O Brasil é um país com autossuficiência hídrica, sendo capaz de enviar água à toda a sua população. A privatização da água é uma exploração do meio ambiente, pois além de um bem natural ser comercializado, empresas estarão explorando rios e bacias hidrográficas. À nível social, a privatização da água é um atentado aos mais pobres, ou seja, à classe trabalhadora.