Itabira (MG): Em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB!
O respeito, o espírito de fraternidade e solidariedade camarada são muito caros ao PCB Itabira, que não abrirá mão do diálogo fraterno, do amplo e franco debate, da crítica e autocrítica, elementos essenciais para o desenvolvimento da organicidade militante
Por PCB e UJC em Itabira (MG)
Em meio a um contexto de aumento da tensão política em Itabira, em razão dos então recentes acontecimentos em relação à mineração e principalmente pela ebulição que ocorria nos movimentos populares, foi fundada no dia 9 de fevereiro de 2020 a célula do PCB Itabira. Com muitas limitações, em razão do número reduzido de militantes e, em especial, pela chegada e avanço da pandemia da Covid-19.
Com o agravamento da crise sanitária, o partido em Itabira se viu forçado a manter uma atuação limitada às redes sociais e em reuniões virtuais, como assim aconteceu em todo o país. Com a mudança no regime de trabalho e estudos, vários/as militantes demonstraram interesse em se organizar na célula, vindos de outras cidades onde trabalhavam e estudavam.
Já nos primeiros meses de existência, foi percebida a pouca ou nenhuma assistência à célula pelas demais instâncias do partido. Via-se a urgente e não atendida necessidade de formação continuada dos quadros e auxílio na realização das atividades desenvolvidas pela militância. Com isso, era inevitável que a evasão tão logo batesse à nossa porta. O maior sintoma de que a evasão não se dava apenas por questões objetivas, é o fato de que a maioria das e dos militantes que deixaram a célula, não deram continuidade aos trabalhos e a militância em outras células/coletivos, nem mesmo de outras organizações e/ou partidos.
Em Itabira, o poder político e econômico da Vale impõe grande resistência à organização e à participação política popular. Mesmo diante deste cenário, não houve nenhuma preocupação em capacitar toda a militância da célula sobre a questão da mineração, deixando que essa capacitação fosse forçada pelo trabalho prático, e que o debate acerca deste tema estivesse concentrado em apenas uma pessoa.
Sabemos que em todo o Brasil, a mineração é indissociável a nossa realidade política, especialmente para nós em Itabira, berço da Vale, política e economicamente dependente da mineradora. Apesar disso, a célula foi relegada a própria sorte, havia uma barreira invisível, nossas críticas e reivindicações não subiam para as instâncias de direção, e as informações desciam unilateralmente ou nem desciam para a base. Somente nos momentos de acirramento da luta de classes é que a célula recebia alguma orientação a respeito das movimentações a nível nacional e estadual, notadamente nas manifestações Fora Bolsonaro e Mourão em 2021, mas sempre com um caráter tarefista, reproduzindo mecanicamente as articulações, ignorando a realidade itabirana.
Momentos como os das campanhas eleitorais de 2020 e 2022, deixaram claro que as células do interior deveriam estar disponíveis apenas para o tarefismo, sob um comando mandonista, sem qualquer respeito com as bases. Prova disto, foi a decisão de escolher a então secretária política da célula como candidata a vice-governadora do estado de Minas Gerais sem qualquer consulta ou deliberação da base onde a militante estava subordinada, e também na tentativa de tirar daqui mais candidaturas para “cumprir tarefa”, sem o menor cuidado com a realidade de cada militante, e tampouco haver debate sobre essa questão na célula.
Outra questão que ficava evidente era a existência do CR-MG como uma entidade que estava acima de toda e qualquer decisão que pudesse ser tomada pela maioria da militância, sempre sendo usado como argumento em prol de determinadas decisões. Ainda que o debate estivesse sendo feito dentro dos princípios do marxismo-leninismo e da linha política do partido, demonstrando claros interesses individuais e personalistas, prática esta que se verifica recorrente, não somente em Itabira, mas em praticamente todos os organismos de base e de direção, sendo o CR-MG inclusive, usado como instrumento de coerção no decorrer das discussões.
Com tudo isso exposto, a célula do partido em Itabira vem a público manifestar seu apoio ao XVII Congresso (extraordinário) do PCB, entendendo-o como a única saída possível para a crise que se instaurou no partido nas últimas semanas, mesmo com o CC tendo esgotado as possibilidades de realização desse conclamado congresso em caráter extraordinário por grande parte dos/as militantes.
Apesar do que tem sido noticiado pelas instâncias do Comitê Central, a possibilidade do debate interno no partido entre células e comitês não se verifica. Ao contrário, temos nos últimos tempos nos deparado com um entrave nas comunicações internas, ameaças veladas e mandonismos.
Desde o início dessa crise, ao invés das instâncias do CC optarem por um debate aberto internamente, o que se verificou foi a propagação de comunicados que nada buscavam responder sobre as críticas colocadas. Talvez o mais grave: várias "cartas" assinadas individualmente por membros da instância que, ao contrário dos militantes de base, gozam de poder usar desses canais para uma tentativa débil de se defender.
Após a expulsão de membros do Comitê Central que combatiam o desvio à direita e a linha anti-leninista, configurou-se então um momento decisivo para manutenção e aprofundamento da Reconstrução Revolucionária do partido. Essas atitudes evidenciaram que o objetivo do atual CC era o de promover um verdadeiro expurgo daqueles que divergem de suas posições, criando um clima de hostilidade e insegurança para a militância.
As expulsões foram respaldadas em acusações de fracionismo e o motivo mais aparente do tal fracionismo seria a crítica pública, ainda que nem todos que foram extirpados das fileiras do partido tivessem feito críticas publicamente. Sobre a crítica pública, esta ocorreu a partir da publicação do texto “Ainda sobre a chamada Plataforma Mundial Antiimperialista” de Ivan Pinheiro, denunciando a participação de membros do CC nas reuniões da Plataforma Mundial Anti-imperialista (PMAI) em Seul, espaço este que busca fazer uma defesa da burguesia Russa frente a guerra inter-imperialista. A partir disso, vários camaradas se posicionaram nas redes sociais sobre a gravidade da quebra das resoluções congressuais e a guinada à direita nas políticas de relações internacionais. Dessa forma, os desvios políticos anti-leninistas da Comissão Política Nacional do Comitê Central não foram recuados, apenas mudou-se a lógica da ação: primeiro "queime-se os que explanaram o problema político do partido (que até então era desconhecido pela militância de base) e não trate do conteúdo da crítica, mas sim do meio realizado".
O escárnio para com a base, tem sido reproduzido através de memes desrespeitosos, acusações levianas e mentirosas contra a militância dissidente com a postura intransigente e persecutória do CC, sugerindo incapacidade político/teórica dos e das camaradas que estão denunciando os abusos e arbitrariedades, ao “não compreenderem a cultura política, teses e resoluções congressuais, o centralismo-democrático e a unidade de ação” e serem meros seguidores de figuras públicas.
O respeito, o espírito de fraternidade e solidariedade camarada são muito caros ao PCB Itabira, que não abrirá mão do diálogo fraterno, do amplo e franco debate, da crítica e autocrítica, elementos essenciais para o desenvolvimento da organicidade militante, pautados pelos fundamentos do marxismo-leninismo.
Por essas e tantas outras razões que não nos cabe trazer aqui, não nos manteremos incólumes. O PCB Itabira reforça seu compromisso com a classe trabalhadora rumo ao socialismo e a revolução brasileira, rumo a mais profunda e intransigente reconstrução revolucionária. Não abriremos mão do nosso trabalho positivo e do nosso histórico de lutas em nosso município. Estamos e continuaremos firmes em Itabira!
Assinam essa nota:
- AP - Secretário Político - PCB
- DG - Secretária de Organização - PCB/Secretária Política - UJC
- VD - Secretário de Finanças - PCB
- JC - Secretário de Organização - UJC/Militante do PCB
- HR - Militante da UJC
Itabira, 24 de setembro de 2023