Foz do Iguaçu: Nota política de adesão ao Movimento de Reconstrução Revolucionária

O movimento comunista brasileiro necessita de um partido comunista que esteja de fato à altura de seu nome e do seu papel de vanguarda da libertação das correntes do capitalismo dependente latino-americano.

Foz do Iguaçu: Nota política de adesão ao Movimento de Reconstrução Revolucionária
"Que revolução iremos realizar se não analisamos com a devida importância às perseguições e demais abusos que ocorrem em outros estados?"

O núcleo de base da União da Juventude Comunista de Foz do Iguaçu deliberou por unanimidade a adesão ao Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro.

Publicizamos este informe considerando todos os últimos acontecimentos que engendram a crise partidária enfrentada atualmente, tanto no cenário nacional quanto local, reconhecendo a importância de se posicionar veementemente contrário às ações arbitrárias do Comitê Central e seu giro à direita nas deliberações do XVI Congresso do PCB.

A partir do absurdo envolvendo o movimento comunista internacional, no ato de participação do Ex-Secretário de Relações Internacionais (Eduardo Serra) e o atual Secretário Geral (Edmilson Costa) para a assim chamada Plataforma Mundial Anti-Imperialista (PMAI) (transgredindo nossas resoluções quanto ao MCI e nos afastando de partidos comunistas do bloco revolucionário) e, após a denúncia do camarada Ivan Pinheiro em seu texto: “Ainda sobre a chamada Plataforma Mundial Anti-Imperialista”, publicado no dia 3 de junho de 2023, a crise interna do PCB tomou forma pública e passou a dividir e confundir a militância do partido. Com esse estopim, tornou-se de caráter público muitas expulsões e denúncias de processos disciplinares ilegais que estavam ocorrendo em todos os cantos do partido, sem o conhecimento da militância.

Desde o começo do processo da crise partidária, notamos que o Comitê Central do PCB estava fazendo de tudo para não resolver de fato o grande problema que estava afetando (e ainda afeta) toda a militância do país. Com circulares com um claro sentido de silenciamento dos coletivos partidários, posicionamentos públicos em redes sociais (que denotavam um claro deboche da militância que estava questionando os membros dos CC), expulsões em massa e tentativas de “quebra” de militantes críticos, notamos que esse processo não era apenas um “má condução da crise”, mas sim uma estratégia de expurgos e “limpeza” dos/as militantes que ainda possuíam uma postura crítica aos desmandos do Comitê Central do PCB.

A nível de estado, no dia 02 de setembro, foi realizado o ativo estadual com a participação de todo o complexo partidário do Paraná para debater a atual crise, evento no qual se evidenciou a falta de compromisso com a transparência sobre os processos disciplinares irregulares e das expulsões sumárias por parte dos membros do Comitê Central, assim como a ausência de interesse na realização do XVII Congresso do PCB, meio este que acreditamos ser a maneira mais adequada de debater e conduzir as contradições existentes na militância, nos termos de organização típicos do centralismo democrático.

Ademais, notamos também uma valorização que beira a “paixão” nas críticas para com a forma que foi realizada às denúncias das pessoas perseguidas e expulsas das fileiras do partido, deixando de lado todo o acúmulo político que as cartas de desligamento e o próprio manifesto do Movimento em Defesa da Reconstrução Revolucionário do PCB apontavam em seus escritos.

Acreditamos que esses processos estejam ligado a ideia, que atinge parte da militância do PCB no Paraná, que o estado paranaense é algum tipo de feudo político, com muros próprios e que as críticas, desvios, polêmicas e demais questões não atingem o estado protegido por suas muralhas enfeitadas por uma “cultura política” abstrata, que pode variar de semana a semana dependendo dos interessados. Deixando assim com que todos os problemas sejam resolvidos em uma suposta democracia interna, enquanto em outros estados a militância do PCB é quebrada aos montes, com expulsões arbitrárias e processos ilegais sobre a militância crítica ao Comitê Central e a condução da crise atual.

Não podemos continuar com essa postura encastelada no nosso estado, camaradas! Se bradamos em atos a palavra de ordem que o Partido Comunista Brasileiro está “de norte a sul e no país inteiro”, não podemos deixar de lado as denúncias e demais abusos de outros estado como “problemas locais”, tendo assim uma postura anti-leninista do funcionamento de um Partido Comunista que se coloca como vanguarda e nacional, com o objetivo estratégico da Revolução Socialista Brasileira. Que revolução iremos realizar se não analisamos com a devida importância às perseguições e demais abusos que ocorrem em outros estados? No máximo continuaremos a ser um feudo político sem acúmulos e importância a nível nacional. Esses e outros problemas descendem do federalismo latente no nosso partido.

Voltando à questão internacional, notamos, durante o ativo estadual e municipal com o complexo partidário de Foz do Iguaçu, uma grande falta de atenção sobre o estopim dessa crise e o giro à direita na questão internacional do partido que, se continuada, irá nos afastar enormemente do bloco revolucionário do MCI (Movimento Comunista Internacional). Sobre isso, devemos lembrar aos camaradas que estamos localizados em uma das regiões mais estratégicas de fronteira do nosso país, tendo divisa com Paraguai e Argentina, com uma das maiores Usinas Hidrelétricas do mundo, a Itaipu Binacional, sendo fundamental para o funcionamento econômico e energético deste país que pretendemos revolucionar; além disso, temos como um dos nossos locais de atuação principal a Universidade Federal da Integração Latino-Americana, sendo este um importante espaço do fortalecimento do internacionalismo proletário e de ações conjuntas nas lutas comunistas latino-americanas e caribenhas.

Como que uma virada à direita na questão internacional afetará a dinâmica do complexo partidário na tríplice fronteira? Essa é uma questão importantíssima a se pensar mas que não foi e não está sendo levado em conta. O que notamos é que, nacionalmente, isso é um problema resolvido e não se tem mais o que tirar dessa ação. “Ora, o Ex-Secretário já foi removido de suas funções, o que vocês querem a mais? Além disso, ele realizou uma ‘autocrítica’ sobre suas ações. Está tudo resolvido!” Infelizmente, camaradas, é essa a impressão que fica sobre esse ponto da atuação do nosso partido.

Saindo da questão internacional, entrando em alguns outros pontos, como por exemplo a expulsão sumária de camaradas por todo o país, a versão do Comitê Central academicista do PCB é o que é válido no fim das contas para boa parte da militância do estado. Confia-se de forma cega e acrítica nas ações desse grupo que tomou as direções do partido.

Esse processo de confiança acrítica está ligado ao que podemos denominar como “Pecebismo”, que enxerga a legenda partidária atual como algo a ser protegido dos “terríveis fracionistas”, mesmo que isso aplique o fato de ignorar o conteúdo político de diversas manifestações de camaradas pelo país. Isso misturado com a postura de “amiguismo” de nossa organização, ignora a luta de classes no seio do partido comunista que, ao longo da história, sempre esteve imbuído de disputas de linhas nas suas fileiras. Além disso, toma-se uma postura acrítica em relação às direções que compõem o Comitê Central academicista e direitista do partido, demonstrando uma postura que beira a aceitação cega dos erros dessas pessoas, confiando enormemente “na força de vontade das direções em melhorar e superar a crise partidária”.

Como dito acima, desde o começo da crise, notou-se uma postura anti marxista-leninista do Comitê Central para a resolução dos problemas nacionais que afligiram o nosso partido, com deboches e expulsões para aqueles que decidiram apoiar a necessária ideia de um XVII Congresso Extraordinário do PCB, além do mais, evidenciou-se uma postura, a partir das circulares, de silenciamento aos coletivos do complexo partidário, demonstrando o distanciamento que a ala academicista do Comitê Central possui com o restante da militância de base do partido.

Com base no que foi exposto acima, a UJC Foz do Iguaçu entende que a resolução dos problemas do PCB não serão resolvidas por esse Comitê Central e nem pelas instâncias atuais do nosso partido. Dessa maneira, a adesão ao movimento de Reconstrução Revolucionária se torna latente, considerando o esgotamento de meios de solução dos conflitos internos diante do desinteresse no amplo e honesto debate acerca das debilidades presentes na atuação do partido e de seus coletivos.

O movimento comunista brasileiro necessita de um partido comunista que esteja de fato à altura de seu nome e do seu papel de vanguarda da libertação das correntes do capitalismo dependente latino-americano. A América Latina necessita de um partido comunista forte e com papel de operador político real no Brasil, entendendo o papel de nosso país nas lutas do povo latinoamericano e caribenho. Acreditamos que o atual Comitê Central do PCB está com um viés de afastamento dessa tarefa histórica dos comunistas brasileiros.

Queremos construir o fortalecimento do real Partido Comunista Brasileiro, sem paixões cegas por sua sigla eleitoral, remetendo-nos ao marxismo-leninismo, ao internacionalismo proletário e ao centralismo democrático, que foi construído a partir da constante crítica e autocrítica de seus atos políticos.

Lamentamos enormemente os afastamentos e desligamentos de camaradas queridos em decorrência do infeliz cenário, que constitui um contexto doloroso para aqueles que atuaram arduamente para uma vivência essencialmente comunista e camarada, assim como manifestamos nossa total solidariedade aos camaradas que optaram por se distanciar provisória ou permanentemente do PCB e demais coletivos. E, com a devida importância, mantemos o respeito aos companheiros e companheiras que irão continuar nas fileiras do PCB ao qual criticamos nessa nota.

PELA RECONSTRUÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO!

RUMO AO XVII CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO DO PCB!

FORA BUROCRATAS! FORA OPORTUNISTAS! FORA DAS FILEIRAS DO PARTIDO COMUNISTA!