Nota Política (Rio Grande do Norte): Em defesa de todos os trabalhadores e estudantes das Instituições Federais de Ensino

É de extrema importância que as mobilizações realizadas se estendam para os outros setores da sociedade que também são vitimadas pelas políticas anti-populares herdadas dos governos passados e que são ignoradas pelo governo atual.

Nota Política (Rio Grande do Norte): Em defesa de todos os trabalhadores e estudantes das Instituições Federais de Ensino

Por PCB-RR no Rio Grande do Norte (RN)

A greve dos técnicos administrativos do ensino federal é apenas um dos vários sintomas do momento em que vive o funcionalismo público, e isso não se resume apenas à educação brasileira. Desde o início do Governo de coalizão Lula-Alckmin não houveram reajustes de salário para os servidores técnicos de universidades e Institutos Federais. Sob a perspectiva de melhores condições de trabalho e salário digno para a categoria, os técnicos-administrativos da UFRN deflagraram greve no último dia 14 de março, com uma lista ampla de reivindicações que abrangem desde o reajuste salarial até a revogação das medidas anti-populares promovidas pelas gestões de Temer e Bolsonaro, que até agora são mantidas pelo Governo Lula-Alckmin, como a Reforma Administrativa, o Teto de Gastos e a presença de Reitores Interventores nas instituições de ensino federal.

Para além do REAJUSTE ZERO promovido pelo atual governo aos trabalhadores, 100% das universidades federais receberam valores inferiores ao necessário para manter as despesas por matrícula, além de um reajuste ineficaz nos pagamentos de auxílio-alimentação, saúde e creche, afetando diretamente os docentes das instituições de ensino federais, enquanto diversas categorias ligadas ao poder executivo vêm recebendo reajustes e investimentos do Governo Federal sem motivos que expliquem os pesos e medidas utilizados para essa decisão, que afeta diretamente não só os trabalhadores, mas os estudantes desses espaços.

É notório o impacto dessa situação ao meio estudantil, onde há problemas diversos como calor excessivo nas salas por falta de ar-condicionado, falta rotineira de água em alguns setores, composição de grandes partes do corpo docente de forma temporária derivada da incapacidade de contração efetiva da universidade. Todos esses problemas são justificados pelas reitorias como falta de orçamento, até para compor seus docentes, um descaso não somente vergonhoso, mas que escancara quais as prioridades de um governo que se diz progressista e defensor da educação como o Lula-Alckmin. Mais ainda, a falta de orçamento impacta um eixo de suma importância que é a permanência estudantil na universidade, de forma que bolsas remuneradas são cortadas por falta de orçamento, acesso ao restaurante universitário não é concedido a todos que necessitam, a instituição nega o direito à universidade aos que são razão de sua existência quando deveria facilitar a permanência. É a partir desse cenário que o apoio à greve corrente nesse momento se revela importantíssimo, e do qual entendemos que esse é o momento de lutarmos por melhores condições em nossa universidade, de clamarmos por uma Universidade Popular para TODOS!

Nesse momento, a UFRN que já se encontra com seu corpo de técnicos-administrativos quase todo em greve, correndo sério risco de ficar sem outro de seus pilares do serviço burocrático, os bolsistas de apoio-técnico. Os bolsistas que já possuem um histórico anterior de luta pelo reajuste do valor recebido e que por meio também de uma greve organizada no ano de 2023 conseguiu ter o valor de R$400,00 reajustado para R$700,00 após quase 12 anos paralisado. Com a continuidade da greve, os estudantes bolsistas estão sendo coagidos em seus setores a não interromperem suas atividades, tendo que realizar assim desvio de função para atender as suas próprias demandas e as dos servidores em greve. Esses relatos não podem ser ignorados e é necessário um apoio e acompanhamento por parte do movimento dos bolsistas, mas principalmente da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, que é a responsável pelas bolsas de apoio técnico na UFRN.

Entendemos como fundamental que todos os movimentos sociais, organizações de trabalhadores, partidos políticos e coletivos se unam em defesa desses espaços que abrigam o que há de mais brilhante na classe trabalhadora, dentro e fora das salas de aula! As tentativas de furar greves coagindo e ameaçando trabalhadores, as atribuições politiqueiras ao caráter da greve numa defesa cega e governista, a prevalência de interesses individuais e os ataques da direita contra a organização dos diversos setores, devem e serão combatidas enquanto durarem as mobilizações pela garantia de direitos desses trabalhadores. É de extrema importância que as mobilizações realizadas se estendam para os outros setores da sociedade que também são vitimadas pelas políticas anti-populares herdadas dos governos passados e que são ignoradas pelo governo atual.

A resposta desses trabalhadores aos desmontes promovidos pelos últimos governos federais às instituições federais de ensino comprovam o que o Movimento Estudantil já denuncia há uma década: existe um projeto para a educação, e este projeto não coloca a classe trabalhadora como norte e prioridade dele. O momento de luta dos técnicos-administrativos, junto à luta dos trabalhadores terceirizados, bolsistas, estudantes e docentes dá a força fundamental para que as instituições federais de ensino possam ser transformadas e organizadas por aqueles que vivem e cotidianamente constroem esses espaços. Esse é o nosso momento de demonstrar todo o potencial da luta organizada de estudantes e trabalhadores em unidade pela reorganização da educação brasileira!

Para barrar a precarização, Greve Geral na Educação!
Por uma Universidade Popular!
No rumo do socialismo!