Coletivo Feminista Ana Montenegro SP: Declaramos adesão à construção do XVII Congresso Extraordinário

A Coordenação Estadual do CFCAM em São Paulo vem a público e em unidade com os núcleos de São Paulo, Sorocaba e Campinas, declarar que nós, acima de tudo, não descansaremos até construirmos um movimento comunista verdadeiramente orientado ao combate à todas as opressões

Coletivo Feminista Ana Montenegro SP: Declaramos adesão à construção do XVII Congresso Extraordinário
"Por fim, reforçamos a autonomia desta Coordenação Estadual e seus núcleos e, portanto, não reconheceremos qualquer tentativa de destituição ou expulsão tanto de militantes como de nossos organismos"

A Coordenação Estadual do CFCAM em São Paulo vem a público e em unidade com os núcleos de São Paulo, Sorocaba e Campinas, declarar que nós, acima de tudo, feministas classistas comprometidas com a luta das mulheres trabalhadoras, não descansaremos até construirmos um movimento comunista verdadeiramente orientado ao combate à todas as opressões que atravessam a classe trabalhadora mundial. É diante deste compromisso que aderimos à construção do XVII Congresso Extraordinário do PCB.

Esta adesão é fruto de um amplo diálogo desta Coordenação Estadual junto às suas bases e do consequente entendimento de que a crise político-organizativa já instaurada no interior do Partido Comunista Brasileiro afeta o trabalho político por nós desenvolvido. A crise está profundamente atrelada a um longo processo persecutório que, vastamente documentado e amplamente reconhecido, eliminou e segue eliminando de suas instâncias camaradas que, pelas vias internas, tentaram disputar o partido.

Tratando especificamente da relação das instâncias de direção do PCB junto ao Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, destacamos as desestruturações operadas por estas instâncias na CE-SP e em diversos núcleos do coletivo no país. Essas desestruturações se deram como uma resposta sistêmica do partido às denúncias promovidas pelo coletivo e suas militantes — denúncias de assédio, violência doméstica, abandono e da necessidade de aborto — e que, em alguns casos, envolviam membros do partido, inclusive do Comitê Central hoje vigente.

Uma das táticas operacionalizadas reiteradas vezes pelas instâncias de direção contra as militantes do CFCAM foi o uso do terror psicológico, empregadas com o objetivo de desestimular a prática política e “quebrar” as militantes que ousaram buscar os — tão citados nas últimas semanas — canais internos de denúncia.

Destacamos também, para além do cerceamento de debate operado pela violência psicológica e ameaça às militantes, que houve — em decorrência da exposição pública da crise interna do partido — a proibição (através de circular emitida pela CPN) da discussão de questões internas do partido pelos militantes dos coletivos em uma clara postura alienante que tentou fragmentar o trabalho de nossas militantes, tirando de nós a dimensão intelectual e de análise de nosso trabalho político. Isso só demonstra que o nosso coletivo, quando convém, funciona como um escudo para mascarar a recusa do PCB em avançar internamente no debate de gênero, condicionando nossas militantes à dupla ou à tripla militância, e ainda nos submetendo ao desgaste de exigirmos (e sermos ignoradas) o óbvio: a não transformação das instâncias de direção do partido em uma rede de proteção de assediadores e agressores!

A contradição se coloca quando, para muitos membros dessa fração antileninista, acomodada no interior do Partido Comunista Brasileiro, claramente posicionada na Comissão Política Nacional e no Comitê Central, os coletivos, passam de escudo para obstáculo a ser vencido, a prova disso é o total descaso, e até boicote, pelo debate no interior partido sobre temas como: trabalho reprodutivo, maternidade, aborto e gênero, bem como — vejam a que ponto conseguem chegar na empreitada pelo apagamento das mulheres e das pautas de gênero — a frequência com que deixam de descer ao complexo partidário convocatórias aos atos do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora e do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, bem como o constante esquecimento de nossos materiais para uso em atos e a recusa por diversos militantes em entoarem nossas palavras de ordem e respeitarem nossas direções.

Nossa adesão à luta pela Reconstrução Revolucionária do PCB, por meio da construção do XVII Congresso Extraordinário, se dá pelo entendimento de que o isolamento das mulheres e do feminismo classista dentro do Partido Comunista Brasileiro é um método e que deve ser sumariamente combatido por todos e todas que estejam comprometidos com a luta revolucionária.

Por fim, reforçamos a autonomia desta Coordenação Estadual e seus núcleos e, portanto, não reconheceremos qualquer tentativa de destituição ou expulsão tanto de militantes como de nossos organismos uma vez que, assegurados pelo nosso princípio organizativo máximo — o centralismo democrático — possuímos ampla liberdade de crítica e posicionamento sobre os rumos da nossa organização.

O Partido somos nós e nossa tarefa mais importante é a de organizar e conduzir nossa classe à Revolução. Venceremos!

“Pensar que um congresso só poderia levar a uma cisão seria admitir que não temos partido algum, que o sentimento partidário está tão pouco desenvolvido entre todos nós que não pode superar o velho espírito de círculo.” — LêninEm defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB: Declaramos adesão à construção do XVII Congresso Extraordinário