Descaso da ViaMobilidade e da prefeitura de Carapicuíba (SP) causa enchentes na Vila Municipal
Recentemente, desde que as barras foram instaladas pela ViaMobilidade, algumas casas começaram a ceder em suas fundações por conta da infiltração de água das enchentes, colocando em risco a vida das pessoas para além do contato direto com a água suja e o surgimento de pragas urbanas.
Por Redação
A ViaMobilidade, empresa privada que gere as linhas 8-diamante e 9-esmeralda do sistema metropolitano de trens da grande São Paulo, instalou barras de contenção no muro que separa os trilhos do bairro da Vila Municipal, em Carapicuíba. Como consequência, o lixo acumulado no córrego e seu entorno não encontra vazão em dias de chuva, causando alagamentos e enchentes no bairro.
Segundo relatos de moradores, os problemas no local são antigos. Há alguns anos o mesmo muro começou a rachar e se apoiar nas casas. Isto levou a CPTM a declarar algumas residências como área de risco e colocar moradores em moradias populares pagas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo). Nada, porém, foi feito com relação ao muro.
Recentemente, desde que as barras foram instaladas pela ViaMobilidade, algumas casas começaram a ceder em suas fundações por conta da infiltração de água das enchentes, colocando em risco a vida das pessoas para além do contato direto com a água suja e o surgimento de pragas urbanas. Nas palavras da senhora Maria de Lourdes, vice-presidenta da Associação de Moradores Nova Vila, “já não tem saúde na cidade, você vai ao hospital morrendo e volta morrendo. Agora você vê crianças, idosos em uma situação precária, perdendo suas casas.”
Lourdes conta ainda que, uma vez procurada a prefeitura da cidade para encontrar uma solução, a secretaria do meio ambiente decidiu apenas pela demolição de uma das casas, também declarada com risco de desabamento. Já a ViaMobilidade não retornou as tentativas de contato da associação.
A luta da associação e da população da Vila Municipal é antiga, contra o desejo da prefeitura de desapropriar enorme parte da região e construir um viaduto, parte do Corredor Metropolitano Itapevi-São Paulo. Em 2022, cerca de 400 famílias tiveram suas casas demolidas, sem ter para onde ir e sem nenhuma segurança além de um insuficiente auxílio de R$ 400 e a promessa de prioridade na fila de moradia da CDHU. À época, o secretário de segurança da cidade de Carapicuíba declarou, em entrevista, não ter casas prontas para entregar a essas famílias, e que o planejamento mais avançado era a contratação de uma empresa para iniciar as obras.
Agora, mais de 1.200 famílias estão sob o mesmo risco, e se organizam para resistir à essa situação, pressionar a ViaMobilidade e a prefeitura, e assegurar seu direito de moradia.