Chacina no Guarujá: Estado da burguesia assassina jovens trabalhadores negros

Por Daniel Almeida. Declaramos nossa solidariedade irrestrita com as vítimas e familiares das chacinas policiais nos últimos dias, nos dispondo a somar como pudermos nas iniciativas de apoio e luta por justiça às vítimas da violência estatal.

Chacina no Guarujá: Estado da burguesia assassina jovens trabalhadores negros
As autoridades brasileiras reconheceram 44 mortos em operações policiais em território nacional desde sexta-feira (28/7). 

Por Daniel Almeida

Nos últimos dias, uma onda de indignação se alastrou diante da denúncia de dezenas de mortes ocorridas em operações policiais diversas pelo território brasileiro. Ao menos 16 mortos em uma única operação policial no Guarujá, um município do litoral de São Paulo, em retaliação ao assassinato de um policial militar, além de denúncias de mais execuções sumárias cometidas por policiais em outros estados, como o Rio de Janeiro e a Bahia. As próprias autoridades reconhecem 44 mortos desde sexta-feira (28).

Os moradores relataram à imprensa que o clima nas comunidades é de tensão, com policiais invadindo casas e executando pessoas sem qualquer investigação prévia. "Isso não é uma operação policial, é um extermínio. Eles não estão investigando ninguém, eles, simplesmente, estão atacando as pessoas. É uma represália por conta da morte de um policial, a gente sabe disso. Quantas vidas mais nós vamos perder em troca de uma?", disse uma moradora.

"Que o governador [Tarcísio Freitas] tenha consciência humana de que precisa barrar a rajada das metralhadoras dentro da favela e das periferias. O método correto é usar a inteligência, prender, socializar e depois trazer esses membros para a sociedade. A gente quer que saia do discurso de 'bandido bom é bandido morto'. Bandido bom é bandido preso", outra moradora da região que se tornou alvo da Polícia Militar.

As contínuas execuções em série contra os setores mais precarizados do povo trabalhador brasileiro, em especial a juventude negra, são uma marca reiterada do capitalismo brasileiro. A democracia liberal que se seguiu à ditadura é a democracia do massacre do Carandiru, da chacina da Candelária, do massacre no presídio de Pedrinhas, que segue com atos de tortura acobertados pelo sistema de justiça e execuções extrajudiciais legitimadas pela “ficha criminal” de suas vítimas.

Nosso país concentra uma população prisional de quase um milhão de pessoas, em sua maioria respondendo por crimes de tráfico ou “contra a propriedade”, e índices de violência superiores a zonas de guerra.

Acreditamos ser uma tarefa central de um partido comunista pautar a autodefesa da classe trabalhadora. Por isso declaramos nossa solidariedade irrestrita com as vítimas e familiares das chacinas policiais nos últimos dias, nos dispondo a somar como pudermos nas iniciativas de apoio e luta por justiça às vítimas da violência estatal.

É urgente um debate e ação qualificada nas organizações políticas revolucionárias do país sobre a desmilitarização da polícia e atuação nacional unificada pelo fim da guerra às drogas, mas também por todas as iniciativas de autodefesa e apoio mútuo entre os setores da classe trabalhadora reiteradamente perseguidos pelo Estado.

Ao mesmo tempo, sabemos que o combate ao genocídio do povo negro e trabalhador só pode ter sucesso com a derrubada da ordem capitalista e a construção da revolução brasileira, dando um fim à guerra às drogas e a todas as políticas de encarceramento em massa e genocídio promovido pelo estado.


Daniel Almeida é advogado criminalista e militante do PCB.