Célula Carlos Marighella (Zona Oeste de São Paulo) pela Reconstrução Revolucionária do PCB e pelo XVII Congresso Extraordinário!

Para os marxistas-leninistas, a adesão ao Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB é uma necessidade política e organizativa. O alívio imediato pelo qual passa a pequena-burguesia com o governo Lula impõe aos comunistas a reafirmação dos seus princípios e a defesa deles.

Célula Carlos Marighella (Zona Oeste de São Paulo) pela Reconstrução Revolucionária do PCB e pelo XVII Congresso Extraordinário!
Estamos do lado do marxismo-leninismo, do internacionalismo proletário, da profissionalização dos trabalhos e da nossa agitação e propaganda.

Na terça-feira, 8 de agosto, a Célula Carlos Marighella (Zona Oeste da capital paulista) reuniu-se para debater a crise do Partido Comunista Brasileiro e o Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, além de fazer um balanço do seu recente trabalho. A maioria da Célula, seja durante a reunião, seja posteriormente, aprovou a adesão ao Manifesto.

O PCB em São Paulo vive em contradição persistente. Apesar de proporcionar uma vida política ativa para os comunistas, dando ares de militância orgânica, a realidade consiste em dezenas de organismos que, com algumas poucas exceções, possuem escasso ou nenhum vínculo com a classe trabalhadora, apresentam pouquíssimo esforço de formação ideológica e pouca discussão política.

Desde 2020, temos enfrentado dificuldades em estabelecer conexões com a classe trabalhadora nas comunidades locais, principal frente de atuação da célula. Ensaiamos inserção na Favela da São Remo após as eleições municipais daquele ano, mas por falta de constância e por nosso reboquismo frente às instituições burguesas e aos vereadores do campo progressista não obtivemos resultados duradouros. Recentemente, também buscamos inserção junto aos moradores do Jardim D’Abril, mas nossa participação esporádica e desprovida de planejamento não condiz com o papel que um partido de vanguarda deve desempenhar e, portanto, não é sólida ainda.

Internamente, a Célula Carlos Marighella é instável. Poucas reuniões foram realizadas para avaliar nosso trabalho, muitas vezes com dificuldade de estabelecer quórum. As decisões tomadas não se convertem em resultados práticos. As formações políticas, quando ocorrem, são baseadas na iniciativa própria da célula e pouco serviram para corrigir nossa atuação. Apesar disso, marcando presença em espaços gerais e raramente chegando ao ponto de total inatividade, poderíamos continuar neste estado semimorto para sempre. Fazemos esse balanço como uma autocrítica coletiva da célula e não como crítica individual às suas direções, que acabaram centralizando para si diversas tarefas, mas que não devem ser as únicas responsabilizadas pelos erros cometidos.

Esses problemas não são restritos à nossa célula. O PCB não possui um plano de formação centralizado para a militância atualmente. Não tem planejamento para o maior município do país em número de habitantes, e central para a política e para a economia nacional. Não há sequer avaliações dos governos estaduais e municipais recentes, tampouco uma análise dos quase oito meses do governo de Tarcísio de Freitas. A irregularidade do nosso trabalho não é simplesmente resultado de negligência, mas sim da falta de um planejamento estruturado que alinhe nossas táticas com a estratégia partidária.

Simultaneamente, nossa estrutura organizativa débil tem impedido o desenvolvimento coerente dos trabalhos internos da célula. A dupla militância, no Partido e nos coletivos ou na juventude, frequentemente em tarefas de direção nos últimos, prejudicou nosso desenvolvimento. Não somente pela redução de disponibilidade de tempo e energia, mas também porque o trabalho político conduzido na UJC, CFCAM, CNMO e outros coletivos não são considerados trabalhos partidários efetivos e não eram debatidos internamente na célula nem alinhados com esses coletivos. Não se pode deixar de apontar: enquanto nosso contato com a Juventude e com o Minervino de Oliveira era esporádico e focado em tarefas pontuais, nossa relação com o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro era inexistente. A atividade política dos militantes não apenas estava desconectada de suas vidas pessoais e profissionais, mas também não se alinhava com a vida partidária dentro da célula.

Observamos que os desafios presentes em nossa célula também se manifestam em toda a estrutura do partido, cada um com suas particularidades. A crise partidária, que se agravou desde a denúncia pública de nossa participação na Plataforma Mundial Anti-imperialista — construída como instrumento da política externa chinesa e russa — pôs às claras os problemas que afetam o conjunto do PCB. O Comitê Central e o Comitê Regional do PCB-SP, em vez de utilizarem este momento para uma autocrítica coletiva envolvendo as bases, optaram por aprofundar a crise e estimular a cisão: perseguiram e expulsaram militantes — e, como prometido, vêm repetindo agora essas expulsões nos estados e cidades —, incentivou a divisão do PCB ao denunciar “os liquidacionistas” e “os fracionistas” e cercear o debate. O auge do absurdo, criticado diversas vezes pela nossa célula, é a expulsão de tão bons dirigentes, enquanto uma figura como a de Antônio Carlos Mazzeo, cuja reputação dispensa comentários, é mantida na Comissão Política Nacional do PCB e no cargo de Secretário Político do PCB São Paulo.

Sem desconsiderar a responsabilidade individual dos militantes que agora aderem ao Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, concluímos que a solução para esses problemas exige abandonar as abordagens desgastadas e adotar uma postura firme contra a vacilação política e o centrismo. Na impossibilidade e inconveniência da manutenção da conciliação entre as duas alas, na inexistência de espaço para novos acordos, é necessário que nós tomemos um lado.

Vale a pena mencionar o "acordo" firmado no XVI Congresso do PCB, que sem dúvida adiou este rompimento. Pode se admitir que o acordo era necessário naquela época para manter a unidade e o trabalho positivo, em um momento em que a ala esquerda carecia de formulações e experiência, e as contradições não eram claras para uma parcela substancial da militância. No entanto, a experiência bolchevique nos oferece valiosas lições sobre como os comunistas devem lidar com acordos. “A questão é ser capaz de, através de todos os compromissos, preservar, fortalecer, endurecer e desenvolver táticas e a organização revolucionária, a consciência revolucionária, a determinação e a preparação da classe operária e sua vanguarda organizada” (Lênin, em “Sobre os Compromissos”, de 1923). Mesmo que isso envolvesse formas "extra-negociais", foi um erro a ala esquerda reduzir a intensidade de sua ação, que era conduzida no âmbito da luta ideológica, para favorecer um acordo com aliados temporários, incertos e não confiáveis, o que gerou confusão, desconfiança e desânimo na base, tanto então quanto agora.

A outra parte do "acordo" — lembrando que um acordo sempre tem, no mínimo, duas partes! — e que hoje constitui a maioria antileninista do Comitê Central, nunca teria cumprido com os termos dele e ninguém duvida disso. Sua fração acadêmica, de classe pequeno-burguesa, não pode aceitar uma difusão mais ampla da luta ideológica dentro do PCB, pois veria denunciado o seu frequente abandono do marxismo-leninismo e colocaria em risco suas posições como dirigentes nacionais de um partido histórico, uma posição que abre muitas portas de “Salões Nobres” das velhas academias do Brasil. Por outro lado, sua fração obreirista, com origens frequentemente ligadas à classe trabalhadora, colocada na posição de “operário” do Partido, enxerga seu trabalho local ameaçado pela perspectiva de uma centralização nacional da política, da agitação e da propaganda, que questionaria a natureza economicista e assistencialista que muitas vezes caracteriza esse tipo de atividade. Para ambos, a divisão do trabalho entre aqueles que pensam e aqueles que executam as tarefas é não só eficaz, como é necessária.

Já para os marxistas-leninistas, a adesão ao Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB é uma necessidade política e organizativa. Política, porque as mudanças da conjuntura e o alívio imediato pelo qual passa a pequena-burguesia hoje com o governo Lula impõem aos comunistas a reafirmação dos seus princípios e a defesa deles. Organizativa, porque as mudanças cruciais em nossa estrutura — organização da polêmica, centralização da propaganda, profissionalização de militantes, planificação dos trabalhos etc. — é inaceitável para a ala antileninista, seja para os academicistas, seja para os obreiristas.

Colocados cara a cara com estes dois métodos, tomamos uma decisão. Estamos do lado do marxismo-leninismo, do internacionalismo proletário, da profissionalização dos trabalhos e da nossa agitação e propaganda. Estamos do lado de centenas de militantes da base e das direção e trabalhadores que veem a necessidade de que o nosso partido se torne o partido revolucionário do proletariado no Brasil. Aderimos, portanto, ao Manifesto pela Reconstrução Revolucionária do PCB e daremos continuidade a construção do real Partido Comunista Brasileiro.

RUMO AO XVII CONGRESSO (EXTRAORDINÁRIO) DO PCB!
EM DEFESA DA RECONSTRUÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PCB!