Belo Horizonte: Pela Reconstrução Revolucionária do PCB! Pelo XVII Congresso Extraordinário! Fora burocratas e oportunistas!

Compreendemos ser tarefa dos comunistas a construção, em todas as regiões político-econômicas do estado, de comitês pela reconstrução revolucionária do PCB, dizendo aos oportunistas em alto e bom som que “larguem as nossas mãos"!

Belo Horizonte: Pela Reconstrução Revolucionária do PCB! Pelo XVII Congresso Extraordinário! Fora burocratas e oportunistas!
"Declaramos fundado o Comitê Pela Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro na Região Metropolitana de Belo Horizonte! Convidamos todas e todos comunistas a se somarem nos esforços pela organização do XVII Congresso Extraordinário, e pela reorganização dos comunistas em bases revolucionárias."

Neste domingo, 6 de agosto, foi realizada em Belo Horizonte uma reunião com presença de 25 militantes para discutir a crise do Partido Comunista Brasileiro, o Manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB e um balanço político da atuação partidária em Minas Gerais.

Estiveram presentes militantes da Unidade Classista, da União da Juventude Comunista, do Minervino de Oliveira, do CFCAM e da maioria das células do PCB em Belo Horizonte.

O manifesto foi lido na íntegra e aprovado por todos presentes, sem prejuízo das futuras contribuições ainda necessárias para a definição dos rumos da reconstrução revolucionária. Compreendemos que a crise do PCB em Minas Gerais é parte fundamental da guinada à direita que a atual direção (cuja cúpula contém 3 membros do CR-MG) opera no partido.

Destacamos que o PCB em Minas Gerais foi nos últimos anos um laboratório dos planos do atual secretário político para transformar o partido em uma sigla eleitoreira, politicamente eclética e sem princípios, ao arrepio completo de nossas resoluções congressuais, com candidatos sem nenhuma relação com o movimento comunista, lá colocados apenas para acrescentar votos. Apesar do reiterado esforço de subordinar toda nossa política às eleições burguesas, nem sequer na tática eleitoral fomos bem sucedidos. Dezenas de militantes foram coagidos a cumprir tarefas eleitorais sem qualquer acompanhamento e suporte material. Os resultados, sempre insatisfatórios, com grave prejuízo da saúde e segurança de nossos camaradas, eram bradados pela direção como conquistas. “Só vitórias” foi o jargão que se tornou um fardo para a militância comunista mineira, pelo seu cinismo.

Em contrapartida, a ofensiva da burguesia contra o movimento sindical mineiro não encontrou no PCB nenhuma fortaleza. Expondo militantes operários ao trabalho eleitoral sem preocupações com relação à sua segurança, provocaram demissões que foram em seguida utilizadas para justificar a falta de trabalho operário em cidades estratégicas. A concentração dos esforços na articulação do pantanoso Fórum de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas, em uma clara subordinação da linha sindical dos comunistas às mediações da fração academicista para a disputa do ANDES, resultou em um vazio: quando o Fórum recém acabara de se organizar em algumas regiões do estado, a única outra força que construía o espaço começa uma clara guinada à direita em sua política voltada a reagrupar o PSOL na base do petismo. Em Belo Horizonte, nosso partido não firmou bases sólidas em nenhum sindicato e manteve suas energias dedicadas quase exclusivamente ao movimento estudantil universitário.

O mandonismo se tornou o maior traço dessa direção, notoriamente reconhecido dentro e fora de nossas fileiras. Com laços de compadrio que misturam vida partidária e dinâmicas familiares, muitos que buscaram com a crítica e autocrítica questionar esses métodos de direção foram assediados moralmente ou expulsos. O monolitismo do atual CR é expressão da falta de vida de nosso partido, da falta de discussão, de democracia interna, de formação e do próprio marxismo-leninismo. O princípio da direção coletiva foi substituído pelo dirigismo de chefes que acham que o partido é seu, promovendo seus asseclas e reproduzindo hierarquias clientelistas, chegando ao absurdo de blindar dirigentes de acusações de assédio como moeda de troca.

Chegamos à conclusão que a direção do PCB em Minas Gerais tem ferido sistematicamente as resoluções congressuais e operado mudanças oportunistas, à direita, na nossa linha política e forma organizativa, tiradas da cabeça de certos dirigentes e em completo desrespeito ao centralismo democrático. Nos parece inegável que esse grupo abandonou os princípios do comunismo e do marxismo-leninismo, se constituindo como uma fração anti-leninista, burocrática e federalista, com a presença de um forte elemento academicista no seu interior, que aspira à posição de ideólogo da ala direita ao lado de Mauro Iasi.

A partir dessa caracterização, compreendemos ser tarefa dos comunistas a construção, em todas as regiões político-econômicas do estado, de comitês pela reconstrução revolucionária do PCB, dizendo aos oportunistas em alto e bom som que “larguem as nossas mãos, não se agarrem a nós e não manchem a grandiosa palavra liberdade, porque nós também somos 'livres' para ir aonde quisermos, livres para combater não só o pântano, mas também aqueles que se desviam para o pântano!”*

É urgente a convocação do XVII Congresso Unitário, coletando os acúmulos dos coletivos e avançando na perspectiva classista da revolução socialista no Brasil. Além disso, é fundamental que o instrumento de luta da classe trabalhadora brasileira seja uma organização de combate fundada no centralismo democrático, retificando desde as bases todas as formas de opressão e, principalmente, que renuncie práticas reboquistas, mandonistas, burocratizantes e politicamente rebaixadas, como vemos há décadas na cidade.

Nossa tarefa não é defender uma legenda registrada no Tribunal Superior Eleitoral, tampouco renunciar das táticas e da estratégia da Revolução Socialista no Brasil. Enquanto comunistas, não abriremos mãos dos princípios do marxismo-leninismo, da luta anti-imperialista e do internacionalismo proletário. Precisamos de um operador político que materialize as condições subjetivas para a efetivação da ditadura do proletariado, nos rumos do socialismo-comunismo.

Assim, declaramos fundado o Comitê Pela Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro na Região Metropolitana de Belo Horizonte! Convidamos todas e todos comunistas a se somarem nos esforços pela organização do XVII Congresso Extraordinário, e pela reorganização dos comunistas em bases revolucionárias.

Rumo ao XVII Congresso Extraordinário!
Pelo Poder Popular e o socialismo-comunismo!


*LENIN, Vladimir Ilitch. Que fazer?: questões candentes de nosso movimento. Lisboa: Editorial Avante, 1977. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/lenin/1902/quefazer/fazer.pdf>. Acesso em 7 de ago. de 2023.