Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 130
Desde o início, a UNRWA dependeu principalmente dos EUA e da União Europeia. Contudo, esse apoio financeiro não era desinteressado; cada dólar doado vinha com condições, sendo a mais crucial a exigência de que a agência permanecesse “politicamente neutra” diante da causa palestina.
RESISTÊNCIA CONTRA FORÇAS ISRAELENSES: OPERAÇÕES DE HOJE
Em uma série coordenada de ações, grupos de resistência continuaram seus ataques contra forças dos Estados Unidos e Israel hoje. As operações envolveram diversas organizações, cada uma executando ações específicas.
As Brigadas Al-Qassam envolveram-se em um conflito direto com uma força de infantaria da IDF, resultando em baixas em Abassan Al-Kabira, a leste de Khan Yunis. Além disso, conseguiram desabilitar uma mina antipessoal, capturar um drone de reconhecimento Skylark e atacar veículos e instalações da IDF em diferentes áreas.
As Brigadas Al-Quds atacaram com morteiros a cidade de Abassan Al-Kabira, leste de Khan Yunis, e travaram intensos confrontos ao norte da mesma cidade, utilizando metralhadoras contra as forças da IDF.
Operando em conjunto com as Brigadas Al-Quds, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa atacaram um centro de comando da IDF em Khan Yunis e visaram veículos e tropas inimigas em vários pontos, resultando em baixas significativas.
Em colaboração com as Forças do Mártir Omar Al-Qasim, as Brigadas Mujahidin lançaram uma série de ataques com foguetes contra assentamentos sionistas no sul da Faixa de Gaza e participaram de confrontos intensos com as forças da IDF em diferentes regiões.
As Forças do Mártir Omar Al-Qasim conduziram operações que incluíram a detonação de explosivos em um veículo da IDF e engajamento em confrontos usando diversas armas, resultando em pesadas perdas inimigas.
O grupo Hezbollah realizou uma série de ataques contra alvos israelenses, incluindo uma concentração de soldados na fortaleza de Hounin, equipamentos de espionagem em Hadab Yarin, um prédio da polícia em Kiryat Shmona e uma base militar em Metat, utilizando armas apropriadas. Além disso, assumiram o controle de um drone israelense Skylark em bom estado. Também atacou soldados israelenses nas proximidades do local de Al-Marj com foguetes, bem como o local de Ruwaysat Al-Alam nas fazendas ocupadas de Shebaa e o centro de comando dos quartéis de Zebdine, utilizando foguetes em ambos os casos.
Este resumo abrange uma série de eventos que demonstram a escalada da tensão na região, refletindo as profundas divisões e hostilidades existentes. Até o momento, os relatos não incluem os foguetes disparados de Gaza em direção aos assentamentos, sinalizando uma complexidade adicional nas dinâmicas em curso. A comunidade internacional permanece atenta aos desdobramentos, enquanto os conflitos na região continuam a evoluir.
HAMAS DIVULGA VÍDEO APÓS CONFRONTO EM KHAN YUNIS
Em vídeo recente, um representante do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) expressou veementemente a condenação aos ataques indiscriminados realizados pelo inimigo sionista contra civis palestinos. O porta-voz enfatizou que, apesar de alegações do inimigo de que haviam combatentes presentes entre civis, as operações do movimento ocorrem em áreas completamente desprovidas de população civil.
O discurso denunciou o comportamento do inimigo como covarde e criminoso, acusando-o de direcionar ataques a crianças, mulheres e idosos em suas casas. O orador destacou que, ao contrário, os membros do movimento estão no campo de batalha e desafiaram o inimigo a enfrentá-los diretamente nas áreas designadas.
O representante do Hamas rejeitou veementemente as alegações do inimigo de que seus ataques visavam líderes do grupo e combatentes da Al-Qassam, argumentando que todos os combatentes estavam em posições de combate conforme as ordens de evacuação emitidas pelo inimigo.
Na segunda parte do discurso, o orador afirmou que qualquer tentativa do inimigo de desmantelar o Hamas seria ilusória, ressaltando que o movimento representa as aspirações de milhões de pessoas nas nações árabes e islâmicas. Afirma firmemente que a resistência continuará, permanecendo com sua motivação inabalável.
O discurso encerra pedindo a Deus pela aceitação e solidariedade com o povo palestino, destacando que as dores vivenciadas são causadas pela ocupação, não pela resistência. O orador concluiu desejando paz e misericórdia a todos.
DESAFIOS PARA OS PALESTINOS DIANTE DOS CORTES NO FINANCIAMENTO DA UNRWA
O jornalista sírio-americano Hekmat Aboukhater, em sua recente matéria para o Al Mayadeen, destaca as implicações dos cortes de financiamento enfrentados pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) e contextualiza essas ações no cenário histórico da Palestina.
No dia 26 de janeiro, enquanto os juízes da Corte Internacional de Justiça (CIJ) apreciavam a denúncia feita pelo Estado sul-africano, Israel, ao invés de atender às recomendações para proteger vidas em Gaza e evitar um genocídio iminente, planejava uma retaliação vingativa contra o sistema multilateral que os levou ao tribunal.
Após a leitura das seis medidas a Israel que se abstivesse de atos sob a Convenção de Genocídio, prevenisse e punisse o incitamento direto e público ao genocídio, e tomasse providências imediatas e eficazes para garantir a assistência humanitária aos civis em Gaza, Israel alegou possuir documentos comprovando a cumplicidade de 12 funcionários da UNRWA na Tempestade Al-Aqsa em 7 de outubro. As acusações israelenses, inicialmente baseadas em interrogatórios de prisioneiros, foram posteriormente alteradas para se basearem em “informações de inteligência, documentos e carteiras de identidade apreendidos durante o curso dos combates”.
Em 29 de janeiro, um artigo foi publicado no Wall Street Journal com vistas a corroborar com as acusações sionistas, omitindo o fato de que a autora, Carrie Keller-Lynn, serviu nas IDF e desempenhou papel estratégico de mídia social sionista durante a guerra em Gaza de 2009.
Apesar de contestações de falta de evidências por veículos como Channel 4 News, Financial Times e Sky News, e da demissão imediata dos funcionários acusados pela UNRWA, 13 dos 20 principais Estados que financiavam a agência suspenderam o financiamento em uma série coordenada de comunicados à imprensa. Isso deixou a UNRWA com um orçamento reduzido em 80%.
Aboukhater destaca as graves consequências dessas alegações para os civis, considerando a extensa operação da UNRWA que engloba escolas, centros de saúde e assistência alimentar em locais como Cisjordânia, Gaza, Líbano, Jordânia e Síria. O corte de financiamento, previsto para março, resultará em cortes salariais, fechamento de escolas e centros de saúde, agravando a fome já evidente em Gaza.
O jornalista explora também o contexto histórico em que se inserem esses acontecimentos. Em 1947, a ONU toma a decisão ao aprovar a Resolução nº 181, um plano de partição que distribuiu desigualmente a terra na Palestina, concedendo 56% a uma minoria da população, que possuía menos de 6% do território. Esse plano foi votado por 33 nações, principalmente ocidentais, na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, ao final da II Guerra Mundial, marcando o início da ocupação sionista.
Dois anos após a Nakba, em resposta ao êxodo de 750.000 palestinos, a ONU estabeleceu a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Desde o início, a agência dependeu principalmente do financiamento dos EUA e da União Europeia. Contudo, esse apoio financeiro não era desinteressado; cada dólar doado vinha com condições, sendo a mais crucial a exigência de que a UNRWA permanecesse “politicamente neutra” diante da causa palestina.
A imposição dessa neutralidade para com o povo palestino, cuja luta é intrinsecamente política marcou a história da agência, intensificou-se recentemente durante a administração Trump. Em 2018, atendendo aos apelos de Netanyahu, Trump cortou o financiamento dos EUA à UNRWA. A restauração desse financiamento só ocorreu após a UNRWA revisar seu currículo educacional, removendo temas de história e geografia palestinas, e passar por rigorosas auditorias e inspeções.
Aboukhater conclui que, para a verdadeira libertação da Palestina, a dependência das potências ocidentais deve ser superada, permitindo uma resistência palestina mais independente e um papel mais ativo de nações regionais e globais no apoio à causa palestina.