Assis (SP): declaração de adesão ao XVII Congresso Extraordinário

Não mais como CNMO, agora nos realinhamos como a Célula do PCB-RR em Assis, dedicados à reconstrução revolucionária do Partido Comunista Brasileiro.

Assis (SP): declaração de adesão ao XVII Congresso Extraordinário
Reafirmamos nosso compromisso, continuando críticos a organização que agora construímos, de forma a disputá-la pela linha que julgamos mais acertada, rumo a revolução.

Para todes aqueles que nos acompanharam ao longo desta jornada, comunicamos que o Núcleo Coletivo Negro Minervino de Oliveira (CNMO) de Assis foi oficialmente dissolvido no dia 21 de agosto de 2023 pela instância estadual do Coletivo. Esta dissolução foi o resultado de nossa decisão de apoiar e contribuir para a construção do XVII Congresso Extraordinário, bem como nossa adesão crítica ao Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB.

Gostaríamos de expressar nossa mais sincera gratidão a todes que estiveram ao nosso lado ao longo desses anos, contribuindo para a construção de uma luta antirracista orgânica na cidade de Assis. Convidamos vocês a seguirem ao nosso lado, pois também seguiremos defendendo e reivindicando as mesmas pautas e atuações, mas de uma nova forma.

Não mais como CNMO, agora nos realinhamos como a Célula do PCB-RR em Assis, dedicados à reconstrução revolucionária do Partido Comunista Brasileiro, junto a camaradas de outros organismos do complexo, como a juventude e o próprio Partido. Seguimos reivindicando a memória de Minervino de Oliveira e de outras centenas de comunistas não-brancos que tanto contribuíram para a construção da revolução brasileira.

Parte de nossa decisão coletiva de seguir este novo caminho foi motivada por nossa experiência e vivência dentro do complexo partidário existente na cidade de Assis, que muito refletem a atual crise nacional e internacional vivida pelo PCB.

É fato que o modo de produção capitalista se estrutra, principalmente, no adoecimento e extermínio da população LGBT+, de pessoas não-brancas e de mulheres. A força de trabalho dessas populações é superexplorada e somos violentades de forma intensa. Por isso, não há libertação sem pautar a destruição desse modelo e a construção de um novo.*

Para nós, que sofremos essas opressões estruturantes, ser comunista não é só uma identidade ou palavra de ordem, muito menos uma carreira a ser seguida, mas sim uma urgência e necessidade. “Construímos a luta revolucionária porque não temos outra opção. A liberdade é uma luta constante.”*

Por isso, não podemos tolerar sermos excluídos de uma luta para a qual nos dedicamos incansavelmente! É com as nossas mãos que a revolução está sendo construída, repudiamos uma prática que não nos inclua e só nos use como mão de obra, tal qual o capitalismo faz. Seguimos travando a luta antiopressões e necessariamente anticapitalista, como sempre fizemos, mesmo sem incentivo partidário do PCB-CC.*

*Trecho retirado e inspirado na tribuna "Aos que travam a luta antirracista no PCB" da camarada Maísa.

Esta crise partidária não se restringe apenas ao cenário nacional e internacional, ela tem implicações profundas para a militância comunista na cidade de Assis. Entendemos que muitos quadros do PCB Assis demonstram um atraso na teoria e na prática antiopressões, que não é coerente com os tantos acúmulos que possuem sobre outros assuntos, escancarando o academicismo e falta de compromisso com o proletariado assisense com suas reais nuances. É por isso que perguntamos: "Que capilaridade política busca o PCB Assis?"

Enquanto membros cisgêneros e brancos da célula ocupavam, com facilidade, posições dirigentes, nós, demais militantes, éramos descartados e negligenciados. Ao mesmo tempo, somos nós que mantivemos um contato direto e contínuo com nossa classe, em múltiplos espaços: manifestações culturais, formações teóricas e atos, agitando e propagandeando nossa ideologia. Lembremos que acúmulos teóricos sem uma prática consequente não trará nenhum avanço verdadeiro para es comunistas.

Portanto, é lamentável notar que o Comitê Regional (CR) tem, repetidamente, negligenciado nossas contribuições e críticas. A presença de racismo, heterossexismo e favorecimentos pessoais foram constantes dentro da célula do PCB em Assis. Como coletivo negro e demais camaradas que agora constroem o PCB-RR, sempre foi desconfortável para nós dialogar com uma organização que minimiza debates sérios sobre a reprodução de opressões sistêmicas e mantinha uma abordagem superficial — e frequentemente preconceituosa, não valorizando o combate às opressões dentro do proceder comunista.

Notamos, após nossos desligamentos e expulsões, uma mudança de postura de alguns camaradas que permaneceram no Partido, hostilizando camaradas nossos em redes sociais e pessoalmente. Realizamos críticas fraternas a esses camaradas e nos dispomos a seguir construindo a luta comunista na cidade de forma conjunta, desde que haja respeito mútuo. Reprodução de opressões não serão toleradas em prol de uma falsa unidade de ação. Queremos travar uma luta coerente.

Além disso, queremos expressar nosso profundo respeito por todes militantes que optam por continuar na construção do PCB-CC e do complexo. É necessário relembrar a todes quem são nossos inimigos. Nossa crítica tem como objetivo denunciar a cultura política dirigista que se instaurou no Partido com sua guinada à direita. Entendemos que essa prática dialoga com a quebra intencional de militantes que sofrem opressões estruturais. Reivindicamos um Partido Comunista de fato compromissado com a revolução brasileira junto a todes que estejam interessades em construí-lo.

Reafirmamos nosso compromisso, continuando críticos à organização que construímos, de forma a disputá-la pela linha que julgamos mais acertada, rumo à revolução.

Rumo ao XVII Congresso do PCB!

Na construção do poder popular,

Pela emancipação do nosso povo, lutemos!