'Ainda sobre a questão dos coletivos: proposta de alteração das pré-teses' (Thali)

Como pontuei na minha última tribuna, acredito que as frações sejam o melhor caminho para dar continuidade ao trabalho dos Coletivos Partidários, entretanto é necessários nos debruçarmos sobre como seria a organização dessas frações e as suas atribuições para que elas não se tornem novos Coletivo.

'Ainda sobre a questão dos coletivos: proposta de alteração das pré-teses' (Thali)
"Em alguns locais, principalmente em São Paulo, o racha nos Coletivos deram origem a almas células feministas classistas (com ex - militantes do CFCAM) e LGBT (com ex - militantes do LGBT comunista), defendo que essas células sejam dissolvidas após a etapa nacional do congresso. Camaradas, manter essas células da forma que elas estão seria, na prática manter os Coletivos Partidários."

Por Thali para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, dando continuidade aos debates que tenho buscado trazer sobre o que fazer com o fim dos Coletivos Partidários, escrevo este breve texto buscando apresentar melhor algumas propostas de encaminhamento da minha última tribuna (Quem fala sobre o que? A divisão mecânico-liberal da pauta das opressões e apresentar algumas propostas de alteração nas teses que envolvem essa questão.

SOBRE AS DIREÇÕES

Sobre a questão que prometi uma continuidade na minha última tribuna, defesa de que 50% dos cargos de direção sejam reservados para ex militantes dos Coletivos Partidários, fui completamente contemplada sobre a tribuna do Camarada  Doni (Afinal de contas, o que é paridade? [2] ) e tenho acordo com as propostas apresentadas de modificação nas pré-teses.

CÉLULAS ESPECIALIZADAS

Em alguns locais, principalmente em São Paulo, o racha nos Coletivos deram origem a almas células feministas classistas (com ex - militantes do CFCAM) e LGBT (com ex - militantes do LGBT comunista), defendo que essas células sejam dissolvidas após a etapa nacional do congresso. Camaradas, manter essas células da forma que elas estão seria, na prática manter os Coletivos Partidários.

Cabe aos Comitês Locais avaliar as necessidades dos Locais sob sua jurisdição e deliberar sobre a necessidade, ou não, de se criar células especializadas nos movimentos sociais, essas células deverão focalizar seus trabalhos em inserir o Partido em movimentos específicos (LGBTIA+, feminista, negro, moradia etc.) não devendo ser compostas apenas por ex militantes dos coletivos, nem somente pelos que compõem as frações (ex. célula LGBTIA+ composta somente por militantes que compõem a fração LGBTIA+) e muito menos apenas por pessoas que compõe essas minorias (ex. célula de movimento LGBTIA+ composta só por pessoas LGBTs) para que possamos romper com a divisão mecanico-liberal das opressões em nossa organização. Em locais onde o Partido é pequeno ou tem pouca inserção é possível que exista apenas uma célula para movimentos sociais, sem repartição para um em especifico, coisa que já ocorrem em algumas cidades/estados.

SOBRE AS FRAÇÕES

Como pontuei na minha última tribuna, acredito que as frações sejam o melhor caminho para dar continuidade ao trabalho dos Coletivos Partidários, entretanto é necessários nos debruçarmos sobre como seria a organização dessas frações e as suas atribuições para que elas não se tornem novos Coletivos, que sejam o único espaço onde se debatam opressões e de forma apartada do Partido.

Em um um primeiro momento defendo que sejam criadas as seguintes frações: Feminista classista, antirracista, indígena e LGBTIA+. Essas frações seriam formas organizativas internas da nossa organização e devem ser compostas por militantes de diversas localidades e instâncias do Partido, tendo como objetivo debater a questões das opressões, cabendo aos militantes que as compõem levar esses debates para suas instâncias, sejam de base ou de direção, auxiliar no planejamento das atividades de datas como o 8 de março, mês do orgulho, novembro antirracista etc. Auxiliar na realização de formações sobre essas pautas e em formas de torná-las presentes no cotidiano da nossa organização.

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DAS TESES

Sobre a questão das frações e das células proponho as seguintes alterações:

RESOLUÇÕES DE ORGANIZAÇÃO

§23 Os coletivos partidários foram uma forma de organização que num dado momento histórico respondeu à necessidade de atuação junto a movimentos da nossa classe como frentes de massa com objetivos de disputa e inserções políticas. Produziram, em nossas fileiras, importantes formulações a respeito da classe trabalhadora, mas apresentaram limites, inclusive na relação com o próprio partido, gerando duplas jornadas de militância e dificuldade na unidade de ação. A partir desse entendimento, não teremos nenhum coletivo nos moldes adotados anteriormente pelo Partido. As lutas antes organizadas nacionalmente pelos coletivos serão desenvolvidas enquanto Frações. Inicialmente serão construídas as seguintes frações:   feminista classista, antirracista, indígena e  LGBTIA+, entretanto caso se avalie necessário outras podem ser construídas

§24 As frações antiopressão deverão ser organizadas a nível nacional, contando com militantes que estão alocados em diversas instâncias e células do Partido. Essas frações têm como objetivo levar os debates das opressões para todas as células e instâncias do Partido Comunista para que em toda a nossa atuação sejam levadas em conta as questões de gênero, raça e sexualidade rompendo com a lógica de que essas pautas seriam identitárias e não parte ativa do processo revolucionário. Além disso, as frações poderão organizar atividades a nível local, regional e deverão auxiliar as instâncias de direção a planejar a atuação em datas como o 8 de março, mês do orgulho, novembro antirracista etc.

§25 Caso os Comitês Locais avaliem como necessário, poderão ser organizadas células especializadas nos movimentos sociais os quais essas frações estão envolvidas (Movimento negro, indígena, feminista e LGBTIA+), entretanto essas células não são responsáveis por pensar a questão das opressões para o Partido, e sim inserir atuar junto desses movimentos com o intuito de levar a nossa linha politica e organizar os trabalhadores que atuam nesses movimentos.

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TEXTOS CITADOS

[1] Quem fala sobre o que? A divisão mecânico-liberal da pauta das opressões (Thali):https://emdefesadocomunismo.com.br/quem-fala-sobre-o-que-a-divisao-mec-fala-sobre-o-que-a-divisao-mec-nico-liberal-da-pauta-das-opressoes/

[2] Afinal de contas, o que é paridade? (Doni) https://emdefesadocomunismo.com.br/afinal-de-contas-o-que-e-paridade/