Abertura do congresso do PCB-RR debate conjuntura nacional e internacional

O evento reuniu uma diversidade de figuras proeminentes da esquerda revolucionária e foi marcado por intensas falas sobre a conjuntura política atual e saudações de outras organizações.

Abertura do congresso do PCB-RR debate conjuntura nacional e internacional
Créditos: Marina Dias

Na noite de quarta-feira, a quadra do Sindicato dos Bancários, em São Paulo, foi palco da abertura da Etapa Nacional do XVII Congresso (Extraordinário) do Partido Comunista Brasileiro – Reconstrução Revolucionária (PCB-RR). O evento reuniu uma diversidade de figuras proeminentes da esquerda revolucionária e foi marcado por intensas falas sobre a conjuntura política atual e saudações de outras organizações. Entre os presentes na mesa estavam Ivan Pinheiro, Jones Manoel e Ju Sieg, além de convidados nacionais e internacionais.

Os discursos iniciais focaram em temas críticos como a ascensão da extrema-direita, a militarização da vida e as consequências das políticas neoliberais no Brasil — resultados do aprofundamento da crise do capitalismo internacionalmente. Bárbara, representante da Consulta Popular no evento, destacou a violência no campo, a retirada de direitos, e o desmonte de serviços públicos essenciais, como a privatização da Sabesp e da educação. Ela enfatizou que apenas a classe trabalhadora organizada pode enfrentar e derrotar não apenas tais ataques, mas seus responsáveis: a burguesia.

O Coletivo Cem Flores também reforçou a necessidade de uma posição firme dos trabalhadores frente à crise internacional, criticando a perda de perspectiva revolucionária por parte de muitos partidos da esquerda em geral, e dos comunistas em particular. Afirmaram que parte da esquerda internacional defende um imperialismo “menos pior”, e destacaram o êxito da RR em denunciar o oportunismo e o reformismo. Representantes da Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) saudaram as lutas na Argentina contra a agenda neoliberal e criticaram a capitulação da maioria da esquerda brasileira ao governo de conciliação de classes. Também ressaltaram a importância de construir uma alternativa política independente, antagônica à frente ampla.

Zé Maria, do PSTU, apontou para a necessidade da revolução socialista, salientando os pontos em comum entre o PSTU e a RR no enfrentamento ao governo burguês. Marcelo Buzetto, do MST, agradeceu o apoio da RR em diversos estados e sublinhou a importância de lutar pelo socialismo como horizonte para a reforma agrária. Caio Dezorzi, da Organização Comunista Internacionalista (OCI), destacou a importância internacional da luta pela Reconstrução Revolucionária do PCB e a crise do reformismo. Ele mencionou que há uma nova geração sem ilusões no reformismo, mas que carece de um movimento comunista internacional organizado. 

As saudações internacionais também foram um destaque do evento. Representantes de organizações como a Organização Comunista da Alemanha, Partido Comunista do México, Partido Comunista dos Trabalhadores da Espanha, Partido Comunista do Equador, Partido Comunista dos Trabalhadores da Espanha e o Partido Comunista Argentino também estiveram presentes, discutindo temas como a crise do movimento comunista e o recrudescimento da ofensiva burguesa sobre os povos em todo o mundo, dando ênfase ao genocídio promovido pelo sionismo na Palestina. 

Além disso, mensagens de solidariedade vieram por escrito de partidos como o Partido Comunista Revolucionário da França, Partido Comunista da Grécia, Partido do Trabalho da Áustria, Partido Comunista da Suécia, Organização Bandeira Vermelha de Portugal, Ruptura de Portugal, Iskra de Portugal, Alavanca de Portugal e o Partido Comunista da Palestina – cuja leitura da saudação causou especial comoção entre os presentes.

A abertura do congresso foi uma clara demonstração de que, diante dos desafios contemporâneos do movimento comunista, a esquerda revolucionária busca se reagrupar e organizar espaços de referência, com um forte foco na construção de alternativas com independência de classe. A participação ativa de diversos segmentos reforça a necessidade não apenas de enfrentar a “filha feia” da burguesia, a extrema-direita, mas também de derrotar o sistema que a fomenta. Isso implica superar uma mera fraseologia antifascista abstrata, latente hoje entre a esquerda internacionalmente, e partir para a construção de uma ofensiva proletária. O congresso do PCB-RR prossegue nos próximos dias, prometendo debates ainda mais profundos sobre tática e estratégia revolucionária.