Professores da UnB aprovam greve por tempo indeterminado

Em votação acirrada, 257 a favor e 213 contra, na segunda-feira dia 08/04 a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) opta por aderir à greve nacional dos servidores federais.

Professores da UnB aprovam greve por tempo indeterminado

Por Redação

O primeiro semestre de 2024 não começou com boas notícias para os servidores federais. Além da permanência de reformas neoliberais impopulares como o chamado Teto de Gastos e o Novo Ensino Médio, em reunião realizada pela Mesa de Negociação Permanente (MNNP) no dia 28/02, o Secretário de Relações de Trabalho, José Lopez Feijó, reafirmou a posição do Governo de reajuste zero nos salários dos servidores federais. Como justificativa, Feijó diz que seria necessário esperar um aumento da arrecadação tributária para pensar em calcular um índice de reajuste.

Nos últimos 8 anos o reajuste salarial tem sido ínfimo, muitas vezes, sem ganho real. A MNNP foi suspensa durante todo o Governo Bolsonaro, a reabertura em 2023, conduziu a um reajuste de 9%. Porém, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), desde maio de 2016, as perdas reais dos salários já somam mais de 30%.

A proposta ofertada pelo Governo foi de reajuste 0% em 2024, e reajustes de 4,05% em 2025 e 2026, resultando num aumento total em torno de 9%. Isso está longe de atender as demandas da classe dos professores, além de não aliviar a defasagem salarial acumulada desde 2016. As contrapropostas dos sindicatos variam entre, variam entre 22,71% e 34,32% de reajuste, divididos em três anos.

Desde o início do ano, as negociações com o Governo não avançaram, o que aumentou a possibilidade de greves. A partir de março, diversos sindicatos de IFs (Institutos Federais) aprovaram indicativos de greve, e no início em abril greves são deflagradas em mais de 300 instituições federais espalhadas pelo Brasil.

Campanha pelo Reajuste Já e o Revogaço!

Junto à campanha pelo reajuste salarial, os servidores também pressionam pela reestruturação das carreiras, a revogação das reformas neoliberais aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, mantidas pelo Governo Lula, como o Novo Ensino Médio e o Teto de Gastos, que tem influência direta sob suas carreiras. Conjuntamente, são feitas reivindicações pelo aumento do  orçamento das instituições federais e o reajuste do auxílio estudantil.

A UnB

A Universidade de Brasília (UnB) já vinha sendo afetada pela greve dos técnicos administrativos desde o dia 11 de março, diversos procedimentos administrativos como a efetivação de professores, a emissão de diplomas e a liberação de bolsas para projetos estavam em atraso. A Biblioteca Central (BCE) que dispõe de livros, espaços de estudos e computadores para o uso dos estudantes está fechada. No dia 21 de março, a ADUnB (Associação dos Docentes da Universidade de Brasília), Seção Sindical da Associação Nacional de Docentes de Ensino Superior (ANDES - SN)  aprovou indicativo de greve. A bancada também agitou pelo “revogaço”, ampla revogação de reformas neoliberais dos governos Temer e Bolsonaro.

Reunidos em Assembleia no dia 08/04, os professores da UnB votam por se unir à greve nacional que já juntou mais de 300 instituições federais. Eliene Novaes, presidenta da ADUnB afirma que será construída uma agenda de mobilizações nos próximos dias.

Pela greve e mobilização nacional!

A greve é consequência direta da permanência das políticas neoliberais elaboradas por Henrique Meirelles e Paulo Guedes, que vêm sendo implementadas no país por terapia de choque nos últimos 8 anos. Apesar de todos os danos que têm sido gerados à estrutura de serviços públicos do país, o Governo Lula opta por insistir em aplicar a política da burguesia. A meta de déficit zero nas contas públicas, fruto da contenção de gastos públicos, gera a falta de reajuste nos salários, a retração no consumo e a consequente desaceleração da economia, pode representar uma redução do apoio do governo entre o proletariado.

A greve deve unir todas as categorias, professores, técnicos e estudantes, tendo como horizonte a derrocada dos golpes da iniciativa privada contra a educação brasileira e o serviço público. A defesa pelo ensino público de acesso e dos direitos dos trabalhadores ante a pressão do capital, deve ser tarefa fundamental do nosso partido!


Referências

https://adunb.org/conteudo/2770/reajuste-2024-governo-frustra-novamente-servidores-e-pede-mais-tempo-para-apresentar-proposta-para-este-ano

https://adunb.org/conteudo/2785/docentes-da-unb-aprovam-indicativo-de-greve-e-apontam-mobilizacoes

https://www.brasildefato.com.br/2024/04/08/esse-e-o-momento-de-fazer-essa-disputa-instituto-federal-de-sp-adere-a-greve-nacional-de-servidores

https://www.condsef.org.br/noticias/reajuste-salarial-servidores-federais-pode-ser-concedido-2024-entenda-situacao