Falece a liderança indígena Tuíre Kayapó após mais de três décadas de luta pelos direitos dos povos indígenas

Ela tornou-se um símbolo na luta dos povos indígenas aos 19 anos, durante o I Encontro das Nações Indígenas do Xingu, em Altamira (PA), onde se opôs bravamente à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em 1989.

Falece a liderança indígena Tuíre Kayapó após mais de três décadas de luta pelos direitos dos povos indígenas
Reprodução: Protássio Nêne / Estadão Conteúdo

Por Redação

Tuíre Kayapó tornou-se um símbolo na luta dos povos indígenas aos 19 anos, durante o I Encontro das Nações Indígenas do Xingu, em Altamira (PA), onde se opôs bravamente à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em 1989.

Em um ato de coragem, durante uma audiência sobre o empreendimento, Tuíre levantou-se indignada e se aproximou do presidente da Eletronorte, responsável pelo projeto. Ela aproxima seu um facão do rosto do engenheiro e pressionada a lâmina contra suas duas faces em protesto contra a construção da usina. A imagem desse momento se tornou um símbolo da resistência indígena e percorreu o mundo, eternizando sua luta, determinação e bravura.

A mobilização de Tuíre resultou no adiamento da construção da usina por décadas, até que fosse finalmente concluída durante os primeiros governos petistas. Em junho de 2023, em meio às intensas batalhas contra o Marco Temporal, concedeu uma entrevista ao Brasil de Fato, convocando todos os aliados dos povos indígenas a se unirem na luta: “Eu mando o recado para todos do Brasil, para todas as etnias. Eu peço para não deixar, para lutarmos juntos”. Ela também denunciou os interesses econômicos da burguesia por trás do Marco Temporal: “O Marco Temporal tem muito interesse em nosso petróleo, tem garimpo, minério, madeira, óleo, nossa Amazônia tem”.

Reprodução: Benjamin Mast/La Mochila Migrante/ISA

Apesar de sua luta não receber ampla atenção midiática ao longo de sua trajetória, ela nunca deixou ser uma liderança para sua nação e atualmente ensinava outras mulheres da aldeia a costurar.

Ela faleceu no sábado, 10 de agosto de 2024, aos 57 anos, em decorrência de um câncer de colo de útero. De acordo com seu desejo, será sepultada na aldeia Gorotiré, em Cumaru do Norte (PA), ao lado de uma filha, neste domingo, 11 de agosto. Ela deixa uma filha adotiva.

Tuíre Kayapó ousou lutar com uma coragem impressionante, e sua memória continuará a inspirar todos os defensores das causas dos oprimidos.

Tuíre presente, hoje e sempre!