Sem luz, moradores de São Paulo protestam contra descaso da Enel

A ação é um grito de socorro às autoridades responsáveis, como a Enel, a Prefeitura e o governo do estado, em busca de uma solução para as famílias que tiveram suas vidas transtornadas pelo problema de infraestrutura do município.

Sem luz, moradores de São Paulo protestam contra descaso da Enel
O principal acionista da Enel é o Estado italiano, com 23,6% do capital social da empresa, estimado em 165,4 bilhões de euros, equivalente a 869 bilhões de reais.

Imagens de helicóptero da Globo registraram ruas da Zona Sul de São Paulo em chamas na noite desta terça-feira (7/11), durante um protesto contra a negligência da prefeitura de Ricardo Nunes e da concessionária de energia Enel. O abastecimento de energia foi interrompido durante as fortes chuvas que começaram na sexta-feira (3) e o apagão continua em diversos bairros e cidades da região metropolitana.

Os moradores montaram uma barricada na avenida Giovanni Gronchi, na região do Morumbi, atearam fogo no bloqueio e resistiram à tentativa da Polícia Militar de dispersar a manifestação. A ação é um grito de socorro às autoridades responsáveis, como a Enel, a Prefeitura e o governo do estado, em busca de uma solução para as famílias que tiveram suas vidas transtornadas pelo problema de infraestrutura do município.

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Prazo

Os efeitos do recente apagão foram sentidos em diversas esferas da vida paulistana, atingindo desde os alunos que tiveram que fazer a prova do Enem no escuro nas 84 escolas atingidas, até interrupções no abastecimento de água, além de problemas no transporte público.

Em casos de interrupção de energia, a legislação estabelece prazos para o restabelecimento do serviço, sob pena de aplicação de multas. No entanto, é notório que, em algumas situações, a decisão entre pagar a multa ou investir na pronta resolução do problema pode se tornar uma análise de riscos por parte das empresas, cuja lógica de funcionamento básico é a busca pelo lucro.

Essa discussão evidencia não apenas a urgência de protestar contra a falta de energia, mas também questionar o papel do governo e prefeitura, a participação da comunidade, a equidade no acesso a serviços essenciais e os efeitos negativos das privatizações.

"Multinacional"

A Entidade Nacional de Eletricidade (Enel) é a principal distribuidora de energia do Brasil, além de atuar em mais 34 países. O principal acionista da “multinacional” é o Estado italiano, com 23,6% do capital social da empresa, estimado em 165,4 bilhões de euros, equivalente a 869 bilhões de reais.

Ela é responsável pelo abastecimento de São Paulo desde que adquiriu, em 2018, 70% das ações da antiga Eletropaulo, privatizada em 1999. A transação, realizada por cerca de R$ 5,5 bilhões em valores da época, foi peça chave dos planos de entrega de recursos e empresas estatais ao capital estrangeiro.

Quem paga a conta?

Enquanto a população clama por soluções imediatas, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, propôs a cobrança de uma taxa extraordinária para enterrar os cabos elétricos em colaboração com a Enel, apontando para questões mais amplas sobre responsabilidade e justiça na infraestrutura elétrica.

Ricardo Nunes enfatizou que essa taxa não seria compulsória, mas uma contribuição que os moradores poderiam optar por pagar para acelerar o processo de enterramento de cabos. Essa iniciativa, que tem sido desenvolvida com a Enel desde o ano anterior, levanta questões quanto à responsabilidade da prefeitura.

A proposta supostamente solucionaria questões estruturais, como a fiação aérea que afeta diretamente áreas como o Jardim Colombo. Mas a comunidade se vê diante de uma proposta que onera os próprios moradores por melhorias que são de responsabilidade da empresa concessionária.