Partido Comunista da Grécia (KKE) elege 26 deputados para o parlamento grego

Pleito realizado neste 21 de maio foi marcado pela vitória sem maioria simples do partido governante, o que pode significar uma nova rodada de eleições em junho. Syriza, principal oposicionista, teve o menor número de votos dos últimos 10 anos.

Partido Comunista da Grécia (KKE) elege 26 deputados para o parlamento grego

Nas eleições para os 300 assentos do parlamento grego que ocorreram neste domingo, 21 de maio, onde o partido conservador Nova Democracia (ND) não obteve os votos necessários para formar um novo governo, os comunistas comemoram. O Partido Comunista da Grécia (KKE) recebeu 425.755 votos – 7,23% do total e 125 mil a mais do que no último pleito. Com esse resultado, 26 das 300 cadeiras serão dos comunistas.

Dimitris Koutsoumbas, secretário-geral do KKE, fez um pronunciamento comemorando o “aumento considerável” da influência do partido. Koutsoumbas ressaltou o resultado nos grandes centros urbanos e nos bairros operários das grandes cidades, áreas onde maior parte da força de trabalho industrial e em geral está concentrada. Na região metropolitana da Ática, que engloba Atenas, o KKE foi o terceiro partido com maior número de votos.

O resultado insuficiente do partido do atual Primeiro-Ministro, Kyriakos Mitsotakis, pode significar uma nova rodada de eleições em junho. Mitsotakis já indicou que não quer formar coalizão com outros partidos, e que aguarda o novo pleito para eleger um “forte e estável governo”.

Koutsoumbas comentou que “cenários para novas eleições estão sendo feitas não porque um governo não pode ser formado, mas porque eles desejam alterar o voto da população com chantagens, e se apossar dos votos e cadeiras no parlamento com base nas novas leis eleitorais”. Ele apontou que os três maiores partidos, Nova Democracia, Syriza e Pasok, convergem nas políticas estratégicas e direções básicas apesar das diferenças individuais.

O Syriza, líder da oposição, foi quem sofreu a maior derrota nestas eleições, caindo de 1,780 milhão (31,53%) em 2019 para 1,182 milhão (20%). Foi o pior resultado desde 2012, quando obteve 1 milhão de votos. Atrás dele, o tradicional partido social-democrata Pasok viu uma melhora nas urnas, com 11% dos votos (+3,35%); seguido pelo Solução Grega (GS), de extrema-direita, com 4,45% (+0,75).

KKE/Divulgação

Veja o pronunciamento Dimitris Koutsoumbas na íntegra:

“Em nome do CC do KKE, saudamos os milhares de trabalhadores e jovens que deram este passo hoje e votaram no KKE, resultando em uma ascensão considerável.

Queremos dar os parabéns aos milhares de membros e quadros do KKE e KNE que deram o seu melhor, contribuindo para o resultado desta eleição.

Este resultado é fruto da experiência dos trabalhadores e do povo que participaram de lutas e ações importantes nos anos anteriores junto aos comunistas.

Em particular, queremos agradecer àqueles que se uniram a nós nesta batalha eleitoral, seja como candidatos ou com sua contribuição pessoal e multifacetada para o fortalecimento do KKE.

As novas e velhas forças que se reuniram em torno do nosso Partido podem hoje dar um novo impulso ao caminho do contra-ataque popular, à luta de classes com características de massas, ao reagrupamento de todo o movimento sindical operário, à promoção da aliança social contra os monopólios, o capital e o capitalismo.

O fortalecimento da influência política do KKE, especialmente nos centros urbanos importantes do país, nos bairros populares das grandes cidades, nas áreas onde se concentra grande parte da força de trabalho industrial e da força de trabalho em geral, como por exemplo na Ática, são mensagens promissoras que abrem caminho para o amanhã.

A correlação de forças entre os partidos burgueses da Nova Democracia, SYRIZA e PASOK que emergiu das eleições de hoje mostra não apenas o potencial para a formação de um governo que continuará na mesma direção antipopular, mas também um consenso e apoio de forças que estarão na oposição, em benefício do grande capital e à custa dos trabalhadores do setor público e privado, dos autônomos, dos cientistas, dos agricultores, dos aposentados e da juventude.

Como o KKE tem apontado todo esse tempo, é evidente que, apesar de suas diferenças e confrontos individuais, eles convergem em políticas estratégicas básicas, em direções básicas. E não apenas isso – particularmente o SYRIZA, tanto no governo quanto na oposição durante os últimos quatro anos, tem sido um veículo chave para a virada conservadora do povo, eventualmente alimentando a prevalência da Nova Democracia. Assim, a partir de amanhã, o povo e a juventude grega enfrentarão uma nova onda de ataques à implementação dos novos pré-requisitos do Fundo de Recuperação, uma nova rodada de cortes e austeridade, uma política fiscal rígida, a possibilidade de uma nova crise econômica , os perigosos desenvolvimentos relativos à guerra imperialista na Ucrânia e o crescente envolvimento da Grécia nela e também os acordos negativos relativos às relações greco-turcas sob a égide da OTAN. Tudo isso será implementado pelo novo governo antipopular que surgirá. Sem apoio, sem tolerância, sem compromisso diante de todas essas políticas antipopulares!

O KKE será a única oposição esperançosa para o nosso povo dentro e fora do parlamento, ao lado das lutas de classe popular pela proteção da vida, renda e todos os direitos do povo e da juventude.

As reflexões e os cenários para novas eleições estão sendo feitos não porque um governo não pode ser formado, mas porque eles querem alterar o voto do povo com dilemas chantagistas e conquistar votos e assentos parlamentares com base na nova lei eleitoral. Portanto, neste caso é necessário a partir de agora se preparar para um fortalecimento ainda maior do KKE, já que a agenda antipopular é mais do que um fato dado. O KKE usará o poder que lhe foi dado pelo povo nas eleições para contribuir tanto no parlamento quanto nas ruas de luta para organizar a resistência popular e o contra-ataque no caminho da derrubada do capitalismo. Os deputados do KKE serão um verdadeiro apoio às reivindicações do povo; eles fortalecerão a voz que defende e promove os interesses do povo tanto no parlamento quanto em todos os lugares.

No próximo período, continuaremos do jeito que começamos; de forma forte e dinâmica”.