Os comunistas brasileiros depois de um ano do XVII Congresso (Extraordinário)
O balanço do trabalho deste ano que passou deve ser feito por todos os militantes comunistas, como forma de avançarmos cada vez mais, aprofundando a Reconstrução Revolucionária — o que é o mesmo que dizer: a construção do Partido marxista-leninista de que o proletariado brasileiro necessita

O XVII Congresso (Extraordinário) do PCB-RR, que consolidou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário como continuador do processo de Reconstrução Revolucionária do PCB, completa um ano neste 2 de junho. Ao longo desse último ano, a classe trabalhadora tem enfrentado um refluxo e uma paralisia generalizados, com algumas lutas econômicas pontuais surgindo no horizonte, geralmente de forma defensiva e sem um caráter político geral. O processo de consolidação do PCBR tem como fundamento, entre outras coisas, a compreensão de que, justamente nesse momento de maré baixa, é ainda mais necessário o desenvolvimento de um Partido revolucionário, marxista-leninista, que não hesite em apresentar com clareza o rumo que o proletariado deve seguir em direção à sua emancipação — um rumo que se oponha a toda e qualquer gestão do capitalismo e que construa uma verdadeira alternativa revolucionária.
Neste um ano, pudemos aprofundar e dar continuidade ao processo de Reconstrução Revolucionária, necessidade que já afirmávamos no Manifesto em Defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, de 3 de agosto de 2023. Esse aprofundamento se expressa, por exemplo, no fato de termos nos empenhado, poucos meses após o XVII Congresso (Extraordinário), no lançamento e consolidação de um jornal político de alcance nacional, que esse mês acaba de lançar sua 10ª Edição mensal. Nosso jornal vem se fortalecendo no comprometimento com a luta ideológica contra a burguesia, dedicado a produzir notícias e divulgar debates com o objetivo de conscientizar as massas. Mensalmente, milhares de exemplares das edições do Jornal O Futuro são enviadas para todo o país e servem o propósito de ser o organizador coletivo.
Dedicamos especial atenção ao desenvolvimento de nossa atuação internacionalista. Desde as campanhas de solidariedade à Palestina e nosso envolvimento em diversos comitês e frentes, até a participação da União da Juventude Comunista na Assembleia Geral da Federação Mundial de Juventudes Democráticas (FMJD), neste ano, marcamos presença em atividades na Argentina, Portugal, Espanha, Alemanha, Grécia, Namíbia, Hungria e, ainda este mês, no Paraguai. O Internacionalismo Proletário, elemento indissociável de um Partido marxista-leninista, tem sido um foco central do nosso desenvolvimento partidário, culminando na realização de duas Reuniões de Partidos Comunistas e Operários das Américas e caminhando para a realização da terceira, com vistas a um encontro presencial ainda no segundo semestre. As íntimas interlocuções com os Partidos Comunistas marxistas-leninistas têm nos fortalecido, fazendo com que cada vez mais integremos e ajudemos a consolidar um polo revolucionário no Movimento Comunista Internacional.
Em todas essas articulações, o caráter político revolucionário de nossa linha tem sido constante e sem hesitação: denunciamos as guerras interimperialistas, bem como os interesses das diversas burguesias nacionais e dos blocos imperialistas em disputa no atual cenário global. Se a classe trabalhadora quiser sair do lamaçal em que se encontra, isso só será possível construindo a mais estrita independência de classe, única arma para exercer sua hegemonia sobre as demais camadas exploradas e oprimidas e avançar na direção do socialismo-comunismo.
Em solo nacional, temos nos envolvido nas principais lutas da classe trabalhadora, com especial ênfase na grande campanha pelo fim da escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho. Estabelecemos relações com outras organizações e construímos diversos fóruns, comitês e uniões que vêm mobilizando as categorias de trabalhadores mais precarizadas para aquela que é a principal luta ofensiva dos trabalhadores na atual conjuntura. Com a apresentação da PEC contra a escala 6x1 ao Congresso Nacional, seguiremos organizando a classe para lutar por sua tramitação e aprovação urgentes. A luta pela jornada de trabalho, como diria Marx, é a vitória da economia política do proletariado sobre a economia política da burguesia.
Ainda neste ano, já estamos empreendendo esforços para organizar uma grande mobilização contra a COP 30. No cenário global atual, em que o capitalismo destrói a passos acelerados o meio ambiente, agravando a crise climática e intensificando os ataques aos povos do mundo, devemos combater toda e qualquer tentativa de apresentar um “capitalismo verde” como solução para a degradação em que vivemos. Um movimento forte da classe trabalhadora, em unidade com outras camadas exploradas e oprimidas, só poderá obter vitórias também nessa batalha se apresentar um programa claro, que não se submeta aos interesses do capital: apenas sob uma economia centralmente planificada, com a construção do socialismo, a questão ambiental e climática poderá começar a ser efetivamente solucionada.
Sem dúvida, o trabalho no seio da juventude, e particularmente no Movimento Estudantil, tem sido um dos mais bem-sucedidos. Com a União da Juventude Comunista agarrando firmemente os princípios da Reconstrução Revolucionária e construindo o PCBR, temos demonstrado, no curso do atual 60º Congresso da UNE — cujas eleições de delegados seguem a todo vapor —, a necessidade de uma linha de independência de classe e de oposição ao atual governo e às suas medidas neoliberais. Armados com o programa da Universidade Popular, nossa militância tem batalhado pela direção de entidades estudantis e organizado os estudantes como uma das reservas de força do proletariado.
Nenhum desses avanços teria sido possível sem as definições políticas, ideológicas e estratégicas que o XVII Congresso (Extraordinário) nos permitiu alcançar. Reafirmando o marxismo-leninismo, a estratégia socialista e a luta pelo socialismo-comunismo, as formulações do PCBR vêm avançando para a constituição de quadros revolucionários, armados teórica e praticamente para uma intervenção científica e coerente com as necessidades da luta de classes. Para isso, os módulos do nosso Sistema Nacional de Formação Política têm sido uma ferramenta fundamental para superar o revisionismo, o ecletismo, o dogmatismo e o oportunismo — desvios ideológicos que surgem espontaneamente no seio de nossa classe. O PCBR não poderá conquistar o papel de vanguarda na luta revolucionária do proletariado se não alcançar, no curso das lutas e da própria polêmica teórica, a unidade e a firmeza ideológicas que somente o marxismo-leninismo pode garantir.
Afirmar esses avanços, que podem ser vistos a olhos nus, não significa escamotear nossas insuficiências. Como diversos camaradas corretamente vêm apontando, ainda nos falta um vínculo orgânico com diversos setores estratégicos do proletariado, o que deve ser a prioridade absoluta de nosso trabalho partidário cotidiano. Sem essa conexão, um Partido não pode desempenhar a tarefa de vanguarda necessária. O mesmo se aplica à necessária profissionalização de nossos quadros, aspecto inegociável para uma organização marxista-leninista, e sobre o qual ainda avançamos a passos lentos, embora sólidos.
O balanço do trabalho deste ano que passou deve ser feito por todos os militantes comunistas, como forma de avançarmos cada vez mais, aprofundando a Reconstrução Revolucionária — o que é o mesmo que dizer: a construção do Partido marxista-leninista de que o proletariado brasileiro necessita.