O papel do jornal no trabalho político do Partido

Precisamos fazer ao menos o básico: garantir que o jornal esteja presente e conectado com todo o trabalho político desenvolvido pelo Partido em cada localidade; e que os repasses políticos e financeiros sobre a distribuição sejam feitos de forma sistemática, rigorosa e regular.

O papel do jornal no trabalho político do Partido
Militantes em atividade com o Jornal O Futuro. Foto: Jornal O Futuro.

Por Jeadi Frazão | Tribuna de Debates

Camaradas, desde setembro de 2024 nós dispomos de um instrumento fundamental para o trabalho político do Partido, que é nosso Órgão Central, o Jornal O Futuro. Como estabelecemos coletivamente no XVII Congresso, o jornal é o trabalho publicístico mais importante desse período (Resoluções de Organização, Sobre a imprensa partidária, § 41).

Por isso, o Comitê Central está nos últimos 12 meses dedicando todos os seus esforços para aprimorar e consolidar esse instrumento, em seus aspectos político-ideológicos e logísticos. Como resultado disso, hoje o nosso jornal avança cada vez mais quanto ao conteúdo e alcança mensalmente mais de 100 localidades em todas as regiões do país.

Aliás, temos de reconhecer que nossos militantes de base são peça-chave de todo esse processo, pois escrevem matérias e artigos de opinião sobre seus locais de atuação, fazem rodas de leitura coletiva, organizam brigadas e ações de venda e distribuição do jornal para a classe trabalhadora.

Consideramos isso muito importante pois o Congresso do Partido também estabeleceu que o objetivo do jornal é o diálogo com o povo trabalhador (Resoluções de Organização, Sobre a imprensa partidária, § 42), que todo comunista é um correspondente do jornal e que todos os comitês e células devem escrever para ele, discuti-lo e distribuí-lo (Resoluções de Organização, Sobre a imprensa partidária, § 44).

Porém, ainda que estejamos dedicados a consolidar o Jornal O Futuro como um instrumento da classe trabalhadora, que pode reconhecê-lo como sua tribuna para denunciar as mazelas do capital e referência para desenvolver a sociedade comunista, ainda temos que aprimorar nosso trabalho com ele em dois aspectos básicos: a) A relação entre a distribuição do jornal e o trabalho geral partidário; b) A importância dos repasses sobre o jornal. Vamos abordar, sem pretensão de esgotar o assunto, esses dois elementos.

A distribuição do jornal e o trabalho partidário

Embora saiba que, em nossas fileiras, todos os militantes consideram indispensável a consolidação do Jornal O Futuro, alguns organismos e militantes ainda recebem o jornal como mais uma tarefa e não como instrumento central para o desenvolvimento do trabalho político nas localidades.

Para trocar em miúdos: ao invés desses organismos e militantes inserirem a distribuição do Jornal O Futuro no centro de todas as suas atividades e tarefas políticas, eles buscam criar momentos específicos para essa tarefa – como as brigadas ou banquinhas –, que embora sejam importantes, não permitem sozinhas aproveitar todo o potencial de diálogo e inserção no seio da classe, principalmente nos setores estratégicos, que temos através deste instrumento.

Por exemplo: de que adianta termos brigadas quinzenais ou mensais em um terminal de ônibus, feira, praça ou outro local de ampla circulação da classe, se o jornal cumpre um papel secundário quando estamos desenvolvendo uma agitação numa fábrica ou empresa, realizando uma panfletagem ou passagem em sala numa escola ou universidade, disputando eleições de entidades estudantis e sindicatos, ou construindo uma ocupação?

Não podemos separar a tarefa de distribuição do jornal do trabalho geral partidário, tampouco usar o jornal apenas durante as brigadas. O Jornal O Futuro, além de um dirigente ideológico da militância, é um instrumento, um meio para desenvolvermos o trabalho político do Partido entre a classe e as massas.

Se, quando tentamos desenvolver e consolidar esse trabalho, não consideramos imprescindível a venda e distribuição do jornal, o estabelecimento de contatos e conversas pessoais com trabalhadoras e trabalhadores por meio do jornal e de suas matérias, estamos cometendo um erro grave, que precisamos superar coletivamente.

Aliás, temos toda a capacidade de começar a corrigir esse erro imediatamente, inserindo o jornal em todos os momentos e etapas de nosso trabalho partidário: em cada panfletagem, agitação, comício, manifestação, passagens em sala, conversas pessoais com trabalhadores e estudantes, o jornal deve estar presente, ser apresentado para a classe e com ela ser discutido.

Precisamos lembrar que o desenvolvimento e a circulação cada vez mais ampla do jornal partidário é uma condição para o desenvolvimento, enraizamento e crescimento geral do nosso Partido no seio da classe trabalhadora e no movimento sindical, estudantil e popular.

A importância dos repasses sistemáticos aos organismos superiores

No que diz respeito aos repasses sobre o trabalho com o jornal, temos um problema que possui um caráter duplo: ao mesmo tempo político e financeiro. O aspecto político do problema diz respeito ao fato de que alguns organismos de base ainda não oferecem repasses precisos e qualificados aos organismos superiores sobre o trabalho com o jornal em cada localidade e a recepção dos trabalhadores.

Sem essas informações nós não conseguimos discutir e averiguar o papel cumprido pelo jornal no direcionamento ideológico da militância partidária, na ampliação de nossos contatos com a classe, no desenvolvimento de nossas inserções políticas em novos locais de atuação, etc.

A ausência de repasses sistemáticos e detalhados também dificulta o entendimento sobre a recepção do jornal pela classe que ele busca representar: as trabalhadoras e trabalhadores se interessam pelo jornal e suas matérias? Compram o jornal regularmente? Quais pautas mensais tiveram melhor recepção? Quais discussões políticas surgiram a partir das matérias? Conseguimos a partir delas abordar a nossa linha política e Programa?

Precisamos nos comprometer a discutir em nossos organismos todo o trabalho político desenvolvido a partir do jornal, elaborando pelo menos um balanço mensal sobre a recepção do jornal pelos trabalhadores em cada localidade. Apenas dessa forma seremos capazes de entender nossos problemas, corrigi-los, aprimorando cada vez mais esse instrumento político da nossa classe e o trabalho que desenvolvemos a partir dele.

Quanto ao aspecto financeiro da questão, alguns organismos também pecam ao não encaminhar repasses sistemáticos sobre a quantidade mensal de jornais vendidos e distribuídos por Célula e Comitê, o que também dificulta uma análise concreta do grau de circulação do nosso jornal em todo o país e da sustentabilidade financeira dele.

Mais de um século atrás, no artigo Por onde começar (1901), o camarada Vladimir Lênin já argumentava que a maior ou menor frequência e regularidade de difusão do jornal seria o índice da solidez dos êxitos obtidos pelo Partido nas tarefas agitativas, propagandísticas e de organização.

Sem termos dados exatos sobre a difusão do Jornal O Futuro em todo o país, não conseguiremos avaliar adequadamente os êxitos do Partido nessas áreas, tampouco a força política e o enraizamento de nossa organização nas localidades, menos ainda o grau de sustentabilidade financeira do jornal.

Por isso, devemos garantir que, em cada organismo, sejam feitos com rigor os registros sistemáticos de venda e distribuição, que devem ser repassados aos organismos superiores, até chegar no Comitê Central.

Ainda há muito o que melhorar no Jornal O Futuro, mas precisamos fazer ao menos o básico: garantir que o jornal esteja presente e conectado com todo o trabalho político desenvolvido pelo Partido em cada localidade; e que os repasses políticos e financeiros sobre a distribuição sejam feitos de forma sistemática, rigorosa e regular. Dediquemos nossas atenções e esforços a isso e, certamente, iremos cada vez mais longe.