Nota de solidariedade - Estudantes ao redor do mundo unem-se em defesa da Palestina livre!

Devemos tomar como exemplo de luta o que vem acontecendo ao redor do mundo e construir um grande movimento em nosso país, exigindo também o fim das relações diplomáticas, econômicas e militares do Brasil com o Estado Sionista de Israel.

Nota de solidariedade - Estudantes ao redor do mundo unem-se em defesa da Palestina livre!

Por União da Juventude Comunista

Desde o dia 18 de abril, estamos acompanhando as movimentações em defesa da Palestina nas universidades estadunidenses, destacando-se o exemplo de luta que os estudantes vêm demonstrando nos últimos dias com diversos acampamentos montados em suas universidades, tendo seu início na Universidade de Columbia. Essas ações exigem o fim do genocídio em Gaza e a retirada do apoio dos EUA ao Estado Sionista de Israel. Ao que tudo indica, são mais de uma dúzia de acampamentos montados, com mais de 2 mil pessoas detidas até o momento em decorrência da repressão do governo americano às mobilizações estudantis.

A partir da tração de movimentação política impulsionada pelos estudantes estadunidenses, outras universidades ao redor do mundo vêm escalando as suas mobilizações em solidariedade à Palestina, como no México, na Austrália e no Reino Unido. Para além da importância simbólica de tais mobilizações, ressaltamos o caráter estratégico de suas ações de dar um basta aos convênios e laços acadêmicos institucionais entre essas Universidades e o Estado de Israel e Universidades e instituições israelenses, que produzem a ciência, a tecnologia e a ideologia por trás do assassinato e genocídio de mais de 32 mil palestinos, assim como a constante catástrofe da limpeza étnica palestina há, no mínimo, 76 anos.

Desde o início do aprofundamento do genocídio em Gaza em outubro de 2023, a política de destruição em massa da infraestrutura urbana da região afetou diretamente as escolas, as universidades e os centros tecnológicos palestinos em Gaza, sem mencionar o assassinato de estudantes e professores. Os palestinos que vivem dentro da Palestina Ocupada de 1948 não podem levantar as bandeiras palestinas e protestar contra a situação em Gaza sob medo de perderem suas carreiras acadêmicas e seus empregos. Desde muito antes de Outubro de 2023, o acesso de palestinos e palestinas à Universidade e o seu direito à educação era constantemente violado pelo Estado Sionista de Israel e o Exército da Ocupação.

Não é de hoje que o Movimento Estudantil se mostra ao lado dos povos oprimidos e da classe trabalhadora de todo o mundo, lutando contra as expressões mais crueis do sistema capitalista em seu estágio superior, o imperialismo. Relembramos do último Congresso da UNE, que aconteceu em 2023, onde foi aprovada a “Moção dos Estudantes Brasileiros Contra o Apartheid Israelense e em Solidariedade ao Povo Palestino”, exigindo o fim dos convenios das universidades brasileiras com o estado israelense e com universidades que cooperam ativamente com as violações dos direitos humanos dos palestinos. Compreendemos que levantes populares como o dos estudantes estadunidenses são fundamentais para impactar objetivamente e subjetivamente a luta da classe trabalhadora em todo o mundo, sobretudo por estar no coração dos Estados Unidos, que ocupa hoje uma das posições mais hegemônicas na cadeia imperialista global.

Partindo do Brasil, tomemos inspiração nos exemplos de luta de outros companheiros e estudantes ao redor do mundo, e mobilizemos as universidades em nosso país. Neste momento, é alarmante observar que a empresa Elbit Systems, a principal fornecedora de tecnologia militar do estado israelense, juntamente com suas subsidiárias brasileiras (AEL e Ares), foi selecionada como vencedora da licitação para o projeto VBC OAP 155 mm SR, em um contrato que totalizará quase 1 bilhão de reais. Em outras palavras, enquanto o Governo Federal implementa cortes orçamentários que impactam diretamente a educação brasileira, continuamos a manter contratos bilionários com empresas israelenses que estão diretamente envolvidas no genocídio do povo palestino.

Dentro do Brasil, muitas das nossas universidades mantêm acordos com instituições de ensino israelenses. Um caso gritante é o da Universidade de São Paulo (USP), que não apenas mantém diversos desses acordos, mas também estabeleceu um convênio com o Consulado Israelense, criando um espaço de 'intercâmbio cultural' denominado Corner Israel. Diante disso, torna-se imperativo que investiguemos as relações de cada instituição de ensino superior com o estado israelense e suas instituições. Podemos nos inspirar na luta dos estudantes da USP, que em 2014 conseguiram pressionar a universidade a não renovar um acordo com a Universidade de Ariel, localizada em territórios palestinos ocupados, bem como no exemplo da Universidade Federal do Ceará, que cancelou parcerias com a Universidade de Ben Gurion e outras instituições israelenses após uma intensa mobilização estudantil.

A solidariedade internacionalista não pode ignorar a conexão entre as universidades israelenses e a opressão do povo palestino. Essas instituições não são apenas cúmplices, mas protagonistas ativos do regime de ocupação, colonialismo e apartheid em Israel. Elas desenvolvem tecnologias e doutrinas militares que são utilizadas não apenas para manter a ocupação da Palestina, mas também exportadas para reprimir populações oprimidas em todo o mundo, inclusive no Brasil. O boicote às universidades israelenses é, portanto, uma medida essencial para aqueles que verdadeiramente apoiam a causa palestina.

Além disso, devemos refletir sobre o papel das nossas próprias instituições acadêmicas e a necessidade de construir uma ciência e tecnologia voltadas para os interesses da classe trabalhadora e a soberania nacional. O Movimento por uma Universidade Popular, construído pela UJC, busca romper com a lógica do capitalismo dependente que nos mantém presos a acordos acadêmicos que não servem aos interesses do povo brasileiro. As parcerias com instituições israelenses só reforçam essa dependência, enquanto perpetuam a opressão do povo palestino. É fundamental entender que a produção científica e tecnológica não é neutra, mas sim moldada por interesses de classe e pelas lutas políticas, tanto nacionais quanto internacionais. A nossa luta pelo desenvolvimento científico das nossas instituições de ensino superior deve ser parte integrante da luta mais ampla pela emancipação da classe trabalhadora e pela libertação dos povos oprimidos em todo o mundo.

É por isso, que finalizamos essa nota fazendo um chamado a todos os estudantes brasileiros, a moção aprovada no último Congresso da UNE em 2023 foi apenas o primeiro passo. Agora, mais do que nunca, devemos pressionar nossas universidades a romperem qualquer vínculo com o Estado sionista de Israel e suas instituições cúmplices. Devemos tomar como exemplo de luta o que vem acontecendo ao redor do mundo e construir um grande movimento em nosso país, exigindo também o fim das relações diplomáticas, econômicas e militares do Brasil com o Estado Sionista de Israel.

VIVA A SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA!

VIVA A LUTA DO POVO PALESTINO!