Ibaneis acelera privatização da saúde do DF com nomeação de presidente do IGES
A nomeação reforça o controle sobre a rede pública de saúde e acelera o processo de terceirização e sucateamento do SUS em um momento crítico de crise sanitária no DF. Ato em Defesa do SUS foi marcado para a próxima terça-feira em Brasília.

Por Redação
O governador Ibaneis Rocha deu mais um passo na privatização da saúde do Distrito Federal ao nomear Juracy Cavalcante, presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGES-DF), como novo secretário de Saúde. A decisão, anunciada em 20 de fevereiro de 2025, ocorre após a demissão de Lucilene Florêncio e reforça o controle do IGES-DF sobre a rede pública de saúde. Sindicatos, militantes e o Conselho de Saúde do DF denunciam que a medida acelera o processo de terceirização e sucateamento do SUS, agravando a crise sanitária e ampliando as falhas no atendimento à população.
De acordo com o conselho de saúde, sindicatos e militantes, a nomeação de Juracy representa um avanço expressivo no processo de privatização e terceirização da política de saúde, em um momento crítico de crise sanitária no DF. Atualmente, o IGES-DF controla toda a estratégia de saúde do Distrito Federal, e o que se observa são mortes que poderiam ser evitadas. Segundo as críticas, há um projeto em curso de sucateamento dos equipamentos de saúde no DF.
Além disso, o próprio IGES-DF está sendo investigado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) por suspeitas de corrupção em contratos de fornecimento de alimentos. Apesar de receber recursos significativos — cerca de 1 bilhão e 200 milhões de reais para administrar dois hospitais e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) —, o instituto continua apresentando falhas e ineficiência na prestação dos serviços.
Juracy Cavalcante está à frente do IGES-DF desde 2023. Além disso, é empresário e sócio de cinco empresas que atuam em diferentes setores, como gestão financeira e serviços médicos e hospitalares, sendo que uma delas já fornece materiais e presta serviços ao governo do DF. As empresas são: JJA Holding, Clio Ltda, G5 Holding, ERJ Holding e Participações, e Embassy Healthcare Serviços Médicos.
A nomeação de Cavalcante acontece após uma tentativa frustrada de Ibaneis de transferir a gestão da saúde do DF para aliados por meio do Comitê Gestor de Saúde, criado por decreto e vinculado à Secretaria de Economia. O comitê, que teria poderes para coordenar e executar políticas de saúde, foi alvo de dura oposição por parte de parlamentares, conselheiros de saúde, trabalhadores e movimentos sociais. Sendo considerado ilegal por contrariar a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS). Pressionado, Ibaneis revogou o decreto e substituiu o comitê por outro órgão com função meramente orientadora.