Grêmio Estudantil homenageia Horácio Macedo e mobiliza pelo fim da escala 6x1 em Fortaleza (CE)

A escola, de Fortaleza, capital do Ceará, sofre com a falta de condições adequadas de estudo em suas salas de aula e promessas não cumpridas da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE).

Grêmio Estudantil homenageia Horácio Macedo e mobiliza pelo fim da escala 6x1 em Fortaleza (CE)
Alunos na Assembleia estudantil. Foto: Acervo Jornal O Futuro

Por Redação

Estudantes da Escola Estadual Irapuan Cavalcante Pinheiro (EEMTI Irapuan Cavalcante Pinheiro) aprovaram, em assembleia estudantil, um novo estatuto para sua entidade, que foi rebatizada de Grêmio Estudantil Horácio Macedo, professor e militante comunista. Na assembleia também foi debatida a necessidade de reformas nas escolas do Estado do Ceará e aprovada uma moção de apoio à luta pelo fim da escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial.

O presidente do Grêmio Estudantil Horácio Macedo falou à redação do jornal O Futuro que “o Grêmio e os estudantes da nossa escola entendem que devem estar ao lado das lutas gerais da classe trabalhadora a todo momento. As altas jornadas e a escala 6x1 afastam muitos estudantes da possibilidade de estudar, assim como a participação de seus pais e responsáveis na vida escolar, então essa é uma luta nossa”. Também disse: “Mesmo os estudantes que ainda não trabalham, relatam que conhecem alguém ou seus próprios familiares estão trabalhando na escala 6x1 e vivem cansados e sem tempo para nada”.

Mesmo antes da assembleia aprovar a moção de apoio a PEC que pauta o fim da escala 6x1, os estudantes estavam se mobilizando nas salas e em conversas no pátio e corredores, onde convocavam a participação na assembleia e no 1º Dia Unificado pelo Fim da Escala 6x1, que ocorreu na sexta-feira, 15 de novembro. Um grupo de estudantes se organizou para participarem juntos no dia do ato.

A escola, de Fortaleza, capital do Ceará, sofre com a falta de condições adequadas de estudo em suas salas de aula e promessas não cumpridas da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE). No início do ano os estudantes se envolveram numa jornada de lutas por reformas e melhorias na escola, que, após muita pressão, obrigou a Seduc-CE a se comprometer com reforma de aparelhos de ar-condicionado das salas e o envio imediato de ventiladores, uma vez que o intenso calor tornava as condições de trabalho e ensino impraticáveis. A reforma dos aparelhos de ar-condicionado ainda não foi cumprida.

Em falas dos estudantes na assembleia, que também contou com a participação de um diretor da União Estudantil de Fortaleza (UNEFORT), foi apontado que o sucateamento da educação e a falta de estrutura atinge toda a educação pública do estado, somado aos ataques federais como o Novo Ensino Médio e o Teto de Gastos. Essa denúncia também vem sendo feita por trabalhadores da educação do estado, como nas mobilizações de professores pela greve que ocorreram no início do ano em oposição ao governo Elmano (PT) e a direção pelega da APEOC, sindicato dos trabalhadores da educação do Estado.

A assembleia estudantil também aprovou o envio de uma nova carta de reivindicações para a Seduc-CE, onde os estudantes exigem que os acordos feitos no início do ano sejam cumpridos e avisam que iniciarão uma nova jornada de lutas. Um dos estudantes afirmou: “A Seduc-CE não vai nos enganar. Nós sabemos que só vamos conseguir as melhorias se a gente lutar muito. Vamos agitar o Ceará e o Brasil todo!”.

Homenagem a Horácio Macedo

Um dos pontos altos na assembleia foi o momento de aprovar o novo estatuto do grêmio, que contou com renomeação da entidade, que passou a ser chamada de Grêmio Estudantil Horário Macedo, em homenagem ao militante comunista, professor, cientista e ex-reitor da UFRJ.

Horácio ingressou no Partido Comunista nos anos 1950, participou da campanha O Petróleo é Nosso, foi perseguido e preso pela ditadura empresarial-militar. No período da redemocratização foi o primeiro reitor eleito pela comunidade universitária no Brasil. Em sua gestão defendeu uma universidade que ultrapasse seus muros e essas ações se refletiram em dezenas de políticas aplicadas e impulsionadas pela UFRJ com a ampliação de sua estrutura e envolvimento nos debates do país em defesa de uma educação gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

Relevante enquanto professor e cientista, é lembrado também pela sua contribuição no período de crise do PCB nos anos 1990, onde combateu o liquidacionismo (movimento que visava acabar com o Partido, rebaixando-o a uma política social-liberal e contrarrevolucionária) e ajudou na manutenção do Partido Comunista até sua morte, em 1999. Essa reorganização do PCB inaugurou o período chamado de Reconstrução Revolucionária, que segue até os dias de hoje, levada adiante pelo PCBR.