'Criar uma célula-tronco em Porto Alegre' (Vesúvio)

A preparação, organização e capacidade de responder a um ato é muito anterior a qualquer conjuntura que possa explodir de uma hora para outra.

'Criar uma célula-tronco em Porto Alegre' (Vesúvio)
"Mas, hoje, aqui na região metropolitana isso se traduz em uma mentalidade de grupo, onde vícios ou desvios deixam de ser confrontados, porque se está só entre pares (mesma faixa etária, mesmo estrato social etc.). Além do que, não tem se conseguido dar uma assistência consistente para o número de celulazinhas atual."

Por Vesúvio para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

O camarada Jones Manoel, em tribuna recente, apontou a fixação dos comunistas pelo grande debate.

Fica implícito que precisamos dar mais atenção a algo vital, mas até aqui considerado menor. O “como fazer” do trabalho de base.

Aproveito para incluir no pequeno debate a questão organizativa.

Nesse sentido, trago aqui um discussão especificamente pertinente a Porto Alegre, mas, talvez, proveitosa ao resto da militância. Seja, por acaso, ao tocar em questões parecidas em outras regiões, seja, para manter inteirado o resto do Brasil sobre a situação partidária local e seus desenvolvimentos.

Hoje, 18/02/2024 (data de redação desta tribuna), para variar, julgo que nós falhamos em nos mexer de novo. Houve um ato antiracista importantíssimo na cidade, no qual apenas dois camaradas da periferia estiveram presentes, sem materiais ou condições de fazer uma fala.

A convocação desceu por mensagem de texto, apenas quarenta minutos antes do ato em si. Fatalmente, foi bem no horário em que a minha célula desenvolvia uma atividade de formação com recrutas. Outra de nossas células, a mais numerosa, estava imersa em uma importantíssima etapa de base congressual (da qual já havia sido levada a abrir mão para participar de um outro ato, no dia anterior!).Mesmo assim, poderíamos ter tido *alguma* mobilização e presença, principalmente de nossos dirigentes, entre os quais, temos oradores bastante afiados e capazes de destacar nossa linha política da dos demais partidos e agremiações.

Porém, como venho martelando, a origem do problema é sempre prévia

A preparação, organização e capacidade de responder a um ato é muito anterior a qualquer conjuntura que possa explodir de uma hora para outra.

O que faltava?

  • Maior antenamento da direção com os problemas da cidade e articulações com os movimentos sociais.
  • Uma estrutura de comunicação mais enxuta e eficiente.
  • E, principalmente, um contingente de militantes suficiente, orgânico e preparado para atender ao ato, mesmo em cima do laço.

Este apontamento, contudo, é um tanto abstrato.

Para afunilar, retomo aqui uma proposta que venho defendendo dia sim, outro também — às vezes, de maneira um tanto desajeitada, mas com uma convicção profunda — que neste momento específico e, em caráter de urgência, até o fim do congresso a nível nacional, a militância orgânica porto-alegrense seja reunida em uma única célula-tronco. (Futuramente um Comitê Local?)

Qual o proveito disso?

Primeiramente, concentrar a militância que hoje temos disponível, mas se encontra espalhada. Vejo, por exemplo, bandos de desgarrados que surgem em certas atividades, mas não estão em nenhum organismo. Há outros organismos inteiros (a maioria se reúne no centro da cidade, ou tem acesso a ele, notem) onde há contingentes orgânicos muito pequenos.

Toda essa dispersão dificulta na hora de mobilizar.

Neste momento, seria muito mais proveitoso reunir a militância (e as novas fileiras de recrutas) para usarem nossa suada sede e desenvolver bons trabalhos de formação conjunta. Para estreitar os laços de camaradagem e treinar estes quadros, alternando formação teórica E prática.

Com isso, por exemplo, poderíamos desenvolver tarefas fixas de panfletagem ou jornalísticas sem criar subcomissões. Apenas distribuindo funções específicas. Precisamos sair em um ato, de uma hora para outra? É um só grupo que precisamos convocar.A função primeira de tal célula seria formar a militância adequadamente, mas como o próprio nome indica, a longo prazo (a medida que recruta e forma) seu trabalho seria o de realizar inserções e criar/manter núcleos, dando origem a novas células.

Sei que é uma ideia controversa. Não me iludo com o fato de que encontrará resistência, mas nem por isso vou deixar de propô-la ou de defendê-la. Há de se contra-argumentar, que cada célula tem suas especificidades e contradições.

De fato.

Mas, hoje, aqui na região metropolitana isso se traduz em uma mentalidade de grupo, onde vícios ou desvios deixam de ser confrontados, porque se está só entre pares (mesma faixa etária, mesmo estrato social etc.). Além do que, não tem se conseguido dar uma assistência consistente para o número de celulazinhas atual.

Em suma, na atual conjuntura, mesmo em caráter emergencial e provisório, menos é mais.

Claro, isso não toca na questão da instância superior, hoje o CR, que atua a nível estadual. Isso também precisa ser repensado.

Inicialmente, se imaginou que ter camaradas dedicados exclusivamente ao comitê geraria mais eficiência. Pra mim, essa tese, mesmo fazendo sentido na teoria, já se provou equivocada. O que temos na prática é burocracia e distanciamento acelerado entre base e dirigentes.

Acredito que isso funcionaria de maneira muito melhor se seguíssemos um modelo semelhante ao da atual Comissão de Finanças, da qual faço parte). Termos, além de um secretariado-geral e encarregados (com funções específicas) um comitê formado pelas próprias secretarias de organização de cada célula do estado.

Isso tornaria a comunicação base-dirigência muito mais ágil e direta, porque teríamos dirigentes que continuam se mantendo ativos na base.

Um modelo assim poderia ser implementado no vindouro congresso, com adaptações, considerando o (provável) esquema de União de Comitês Locais, que figura nas pré-testes.