Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 667
Sob escombros e mais de 60 mil mortos em Gaza, o Brasil assina documento que exige o desarmamento da resistência e do Hamas, em mais um gesto que consolida sua cumplicidade com o projeto colonial israelense.

Brasil pressiona por desarmamento palestino em meio ao genocídio
Em meio à catástrofe em Gaza, com mais de 60 mil palestinos mortos, centenas de milhares de feridos e um território reduzido a escombros, o governo Lula-Alckmin optou por dar um passo diplomático que não pode ser interpretado senão como cumplicidade ativa com o projeto colonial e genocida de Israel. A assinatura brasileira em uma declaração conjunta – promovida por países árabes alinhados aos EUA – que exige o desarmamento palestino e o fim do governo do Hamas em Gaza, é um gesto político que retira qualquer aparência de neutralidade do Brasil diante da guerra.
“No contexto de encerrar a guerra na Faixa de Gaza, o Hamas deve pôr fim ao controle do território e entregar as armas à Autoridade Palestina, com participação e apoio internacional, seguindo o objetivo de um Estado palestino soberano e independente” diz o documento.
Organizações da resistência palestina têm denunciado a Autoridade Palestina por perseguir, reprimir e prender militantes e manifestantes que expressam apoio à luta contra a ocupação sionista. Essa postura, considerada sabotadora e colaboracionista, vem sendo criticada por grupos como a Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), que apontam a atuação da AP na Cisjordânia como alinhada aos interesses de Israel.
Trata-se, portanto, de um documento profundamente assimétrico, que em momento algum menciona a ofensiva israelense, tampouco condena o bloqueio, os bombardeios ou o apartheid institucionalizado. Seu alvo é exclusivo: a resistência palestina. Ao assinar, o Brasil valida a tese de que a raiz do conflito está na presença do Hamas, e não na ocupação, na colonização, na limpeza étnica ou na sistemática violação dos direitos humanos cometida por Israel.
O Hamas rejeitou categoricamente qualquer possibilidade de desarmamento. Em resposta às declarações do enviado dos EUA, Steve Witkoff – que afirmou que o grupo estaria disposto a entregar as armas para pôr fim à guerra –, o movimento declarou:
“Reiteramos que a resistência e suas armas são um dever nacional e jurídico enquanto a ocupação persistir. Esse direito é garantido por leis e convenções internacionais, e não pode ser renunciado senão com a plena restauração de nossos direitos nacionais, sobretudo a criação de um Estado palestino independente, soberano, com Jerusalém como capital.”
O Hamas reafirmou que as armas são uma “linha vermelha” e classificou as exigências israelenses de desarmamento como inaceitáveis, enquanto durar a ocupação. Enquanto sinaliza abertura para discutir a governança de Gaza no pós-guerra – propondo uma solução conjunta com outras organizações palestinas –, o movimento deixa claro que não aceitará abrir mão da resistência armada como condição para o fim do conflito.
A adesão ao documento é mais um esforço diplomático brasileiro que adota a linguagem e os interesses do regime israelense. A diplomacia brasileira se alinha de maneira explícita com a estratégia de deslegitimar a luta do povo palestino e consolidar a hegemonia de Israel sobre o território.
A assinatura ocorre em um momento em que o governo Lula-Alckmin e a Petrobrás lucram diretamente com o genocídio. De acordo com o relatório “Da Economia de Ocupação à Economia de Genocídio”, publicado pela ONU em julho, o Brasil foi responsável por 9% do petróleo bruto importado por Israel entre outubro de 2023 e julho de 2024. Esse petróleo — extraído de campos operados pela Petrobrás — alimenta tanques, caças e escavadeiras militares israelenses, os mesmos que devastam bairros inteiros em Gaza e avançam sobre cidades da Cisjordânia ocupada.
Dados oficiais apontam que apenas em 2024, durante os piores meses do massacre, o Brasil exportou US$ 215 milhões em petróleo bruto a Israel, cerca de 2,7 milhões de barris — o equivalente a 3,3% do consumo anual de petróleo do Estado sionista.
Esse combustível é refinado em Haifa e Ashdod, e distribuído às Forças Armadas Israelenses por empresas ligadas ao governo. Ou seja: o Brasil não apenas assina o documento que reforça a narrativa sionista, mas entrega fisicamente os meios que sustentam sua máquina de guerra.
A adesão brasileira à declaração antipalestina, combinada ao fornecimento de combustível militar, insere o país num novo patamar de responsabilidade histórica. Já não se trata de hesitação ou ambiguidade, mas de cooperação direta com o genocídio.
Comunicado do Ministério da Saúde
Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:
Os hospitais da Faixa de Gaza registraram 119 mártires e 866 feridos, como resultado da agressão israelense na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.
Um número considerável de vítimas ainda está sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las.
O total de mártires da agressão israelense subiu para 60.839 e 149.588 feridos desde o 7 de outubro de 2023.
O número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 atingiu 9.350 mártires e 37.547 feridos.