Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 644
Enviado dos EUA advertiu que o Líbano pode ser invadido por Israel e Síria se não desarmar o Hezbollah, exigência atrelada a ajuda internacional. Beirute resiste em meio às ocupações israelenses e risco de guerra civil.

EUA ameaçam o Líbano
O Líbano corre o risco de ser invadido e ocupado pela Síria e por Israel, a menos que Beirute tome medidas para desarmar o Hezbollah, advertiu o enviado especial dos EUA, Thomas Barrack, em 12 de julho.
Em entrevista ao The National, Barrack – que atua como enviado especial dos EUA para a Síria e embaixador na Turquia – ressaltou que o Líbano enfrenta uma “ameaça existencial” por parte dos dois aliados dos EUA em suas fronteiras, ao mesmo tempo em que instou Beirute a agir rapidamente para desarmar o Hezbollah.
“Você tem Israel de um lado, o Irã do outro, e agora a Síria se manifestando de forma tão rápida que, se o Líbano não agir, será novamente Bilad Al Sham”, disse ele, usando o nome histórico da região levantina, correspondente à ‘Grande Síria’ para o nacionalismo sírio, território que incluía o Líbano e a Palestina.
“Os sírios dizem que o Líbano é nosso balneário. Então precisamos agir. E eu entendo o quanto o povo libanês está frustrado. Isso também me frustra”, acrescentou.
Em dezembro, o antigo braço da Al-Qaeda, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), conquistou Damasco, colocando a Síria sob influência dos EUA, de Israel e da Turquia.
O novo governo sírio, liderado pelo ex-comandante do ISIS Ahmad al-Sharaa, teria exigido que lhe fosse concedida a cidade de Trípoli, no norte do Líbano – de maioria sunita –, em troca da renúncia às Colinas de Golã como parte de um acordo de paz com Israel.
No mês passado, Barrack apresentou às autoridades libanesas uma proposta que prevê ajuda para reconstrução e o fim dos ataques israelenses, caso o Hezbollah entregue suas armas.
A guerra entre Israel e o Hezbollah terminou em novembro, com um cessar-fogo mediado pelos EUA. No entanto, Israel continua realizando ataques aéreos e assassinatos em todo o território libanês. Tropas terrestres israelenses também ocupam cinco pontos no sul do país.
Em resposta à proposta, as autoridades libanesas apresentaram um documento de sete páginas exigindo a retirada total de Israel dos territórios libaneses ocupados – incluindo as Fazendas de Shebaa – e se comprometendo a desmantelar o armamento do Hezbollah no sul do Líbano, mas não em todo o país, como exige Israel.
Ao ser questionado pelo The National sobre por que o presidente libanês Joseph Aoun ainda não se comprometeu publicamente com um cronograma de desarmamento, Barrack respondeu: “Ele não quer iniciar uma guerra civil.”
“Não temos soldados no terreno para que as Forças Armadas Libanesas (LAF) consigam fazer isso ainda, porque não têm dinheiro. Eles estão usando equipamentos de 60 anos de idade”, disse.
“O Hezbollah olha para isso e diz: ‘Não podemos contar com as LAF. Temos que contar conosco porque Israel está nos bombardeando todos os dias e ainda ocupa nosso território’”, acrescentou Barrack.
Em 6 de julho, o líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou que o movimento de resistência libanês não irá se desarmar nem recuar da confrontação com Israel enquanto os ataques aéreos continuarem e Israel não se retirar do sul do Líbano.
“Não se pode pedir que suavizemos nossa postura ou entreguemos as armas enquanto a agressão [israelense] continua”, disse Qassem a milhares de apoiadores reunidos nos subúrbios do sul de Beirute no domingo.
Ele falava durante as celebrações religiosas da Ashura, que comemora o martírio do neto do Profeta Maomé, o imã Hussein, em 680 d.C., em Karbala, no atual Iraque.
Na sexta-feira, o presidente libanês Aoun afirmou que o Líbano não tem intenção de normalizar relações com Israel.
O presidente dos EUA, Donald Trump, está pressionando tanto a Síria quanto o Líbano a assinarem os Acordos de Abraão, os quais levaram Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos a normalizarem suas relações com Israel nos últimos anos.
Comunicado do Ministério da Saúde
Relatório estatístico periódico sobre o número de mártires e feridos devido à agressão sionista na Faixa de Gaza:
Os hospitais da Faixa de Gaza registraram 61 mártires e 231 feridos, como resultado da agressão israelense na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.
Um número considerável de vítimas ainda está sob os escombros e nas ruas, e as equipes de ambulância e defesa civil não conseguem alcançá-las.
O total de mártires da agressão israelense subiu para 57.823 e 137.887 feridos desde o 7 de outubro de 2023.
O número de mártires e feridos desde 18 de março de 2025 atingiu 7.261 mártires e 25.846 feridos.