Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 35

Em ligação ao canal Al Jazeera, o médico norueguês Mads Gilbert afirmou que a situação no Hospital al-Shifa é “absolutamente desesperadora". O médico, que trabalha regularmente em Gaza, relata que tanto a equipe quanto os pacientes estão sem oxigênio, comida e água.

Atualização sobre a Tempestade Al-Aqsa: dia 35
Tanque da ocupação destruído perto da fronteira. Reprodução: HASSAN ESLAIAH/AP

Reunião Extraordinária da Cúpula Árabe-Islâmica sobre as agressões ao povo palestino

Na Cúpula Extraordinária Conjunta Árabe-Islâmica em Riad: Secretário-Geral destacou a rejeição da OCI aos planos de deslocamento forçado e exigiu a o cessar imediato da agressão israelense contra o povo palestino.

A Cúpula Extraordinária Conjunta Árabe-Islâmica foi realizada na cidade de Riad, Arábia Saudita, hoje, sábado, 11 de novembro de 2023, para discutir a agressão israelense contra o povo palestino, com a participação dos líderes, chefes de governo e chefes de delegação dos estados membros da Organização para a Cooperação Islâmica e da Liga Árabe. Em suma, muitos dos países se opuseram às agressões sionistas e defenderam embargos e boicotes a Israel, mas fomentaram a linha de capitulação ao defender a criação de dois estados.

Seguem abaixo os posicionamentos de cada país que compõe a Cúpula:

Presidente da Palestina expressou repúdio, choque e horror pelos crimes cometidos em Gaza, pediu garantias imediatas de segurança pelo Conselho de Segurança, solicitou que a ONU admita a Palestina como um estado-membro e reiterou que Gaza é terra palestina.

Presidente do Egito exigiu rendição imediata e incondicional, recusa permitir que os palestinos sejam deslocados para fora de Gaza, defendeu uma solução de dois estados e que organizações internacionais investiguem crimes de guerra israelenses, afirmou que conflitos militares se expandirão na região se a situação não for resolvida.

O Rei da Jordânia declarou que o assassinato de palestinos por Israel persiste há 70 anos, exigiu a implementação de uma solução de dois estados, pediu acesso aberto e irrestrito a Gaza e citou vários crimes de guerra israelenses.

O Presidente da Turquia afirmou que o número de mortos atingiu 12 mil, exigiu investigação sobre o programa nuclear de Israel, propôs a criação de um fundo pela OCI para ajudar a reconstruir Gaza.

O Príncipe Saudita exigiu um cessar-fogo imediato e a criação de corredores humanitários.

O Presidente da Indonésia exigiu um cessar-fogo imediato, afirmou que a OCI deve responsabilizar Israel e disse que se encontrará pessoalmente com Biden para apresentar as demandas da OCI.

O Príncipe do Catar afirmou que o sistema internacional falhou com a Palestina, exigiu a criação de corredores de ajuda e entrega de auxílio.

O Presidente do Irã afirmou que a OCI tem a responsabilidade de fazer algo, que os EUA são parceiros criminosos de Israel, que o povo palestino deve ser armado para se defender e que um estado palestino deve ser estabelecido, do rio ao mar. Exigiu corredores de ajuda e um embargo de petróleo a Israel.

O Príncipe do Kuwait afirmou que a comunidade internacional falhou em encontrar uma solução para o conflito palestino, pediu um cessar-fogo, rejeitou o deslocamento de palestinos fora de Gaza e exigiu uma solução de dois estados com a Palestina estabelecida nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.

O Presidente do Djibuti exigiu um cessar-fogo imediato e o levantamento do bloqueio em Gaza, afirmou que rejeita a liquidação da causa palestina e, portanto, é contra a deportação de palestinos.

O Presidente das Comores afirmou que a única maneira de resolver o conflito palestino é por meio de uma solução de dois estados.

O Presidente da Síria afirmou que mais concessões árabes a Israel levam a massacres mais brutais e que "a paz fracassada só traz mais agressão à entidade sionista e mais desespero aos palestinos", afirmou que os palestinos precisam de assistência e proteção imediatas, não apenas ajuda humanitária, exigiu a cessação das relações políticas entre países muçulmanos e Israel, e afirmou que a solução de dois estados não está no centro das atenções no momento.

O Presidente do Iraque denunciou os massacres ocorridos em Gaza, disse que um estado palestino deve ser estabelecido com toda Jerusalém como sua capital, afirma que a comunidade internacional deve denunciar Israel, exigiu a criação imediata de corredores de ajuda humanitária  e condena as tentativas de expulsar os palestinos de Gaza.

A transmissão da Cúpula foi cortada durante a fala do representante líbio.

A Declaração final da OCI rejeitou descrever a guerra retaliatória em Gaza como autodefesa ou justificá-la sob qualquer pretexto, solicitando a todos os países que interrompam a exportação de armas e munições para a ocupação e enfatizando a necessidade de quebrar o cerco a Gaza e trazer comboios de ajuda, incluindo alimentos, medicamentos e combustíveis, imediatamente.

Em meio a incessantes ataques israelenses, médicos do hospital Al-Shifa denunciam a situação de calamidade total

Em ligação ao canal Al Jazeera, o médico norueguês Mads Gilbert afirmou que a situação no Hospital al-Shifa é “absolutamente desesperadora". O médico, que trabalha regularmente em Gaza, relata que tanto a equipe quanto os pacientes estão sem oxigênio, comida e água.

Enquanto os confrontos continuam no norte, Gilbert afirma que os médicos lá afirmaram que não há "nenhuma possibilidade de acessar os feridos ou os mortos". E complementou: "Estou cansado dessas alegações [israelenses] de que há um centro de comando do Hamas [em hospitais]", disse Gilbert à Al Jazeera. "Nunca vimos isso. Nunca vimos membros de guarda Hamas no al-Shifa, sempre fomos capazes de circular livremente", acrescentou.

Outros problemas graves em Gaza incluem a grave escassez de alimentos e água, segundo ele. “Cerca de 1,5 milhão de pessoas deslocadas de suas casas estão desesperadas, bebendo água das ruas e água do mar.” afirmou Gilbert.

O diretor do Hospital al-Shifa, que também conversou com a emissora Al Jazeera, informou que o complexo médico está "totalmente isolado, qualquer pessoa em movimento é alvo das forças israelenses". Além disso, a perspectiva é que a energia restante dos geradores do hospital não dure até a manhã de domingo, o que levará a morte de dezenas de recém-nascidos e crianças que dependem de aparelhos para a recuperação e manutenção de suas vidas.

Enquanto isso, foi reportado pela Cruz Vermelha palestina (Crescente Vermelho) que tanques israelenses estão a apenas 20 metros do Hospital al-Quds e estão disparando contra a instalação com cerca de 14.000 pessoas refugiadas em estado de pânico e medo extremos.