Amazônia registra índices alarmantes de queimadas
Nas últimas semanas, cidades na Amazônia têm sido sufocadas por densas queimadas. Porto Velho, Rio Branco e Manaus registram os piores índices de qualidade do ar (IAQ). Com a crise climática, a região está enfrentando a falta de chuvas, a insegurança hídrica e a poluição causada pelas queimadas.
Por Redação
Nas últimas semanas, cidades na Amazônia têm sido sufocadas por densas queimadas. Porto Velho, Rio Branco e Manaus registram os piores índices de qualidade do ar (IAQ). Com a crise climática, a região está enfrentando a falta de chuvas, a insegurança hídrica e a poluição causada pelas queimadas. Isso é um resultado direto da exploração predatória da Amazônia, impulsionada pelos grandes capitalistas e agravada pela negligência das instituições ambientais.
O desmatamento na Amazônia é uma questão central para compreensão da crise atual. Segundo dados do TerraBrasilis do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento aumentou 249% em relação ao mesmo mês de 2023, impulsionado por interesses econômicos que incentivam a expansão do agronegócio, da exploração madeireira e a mineração. A devastação das florestas é acompanhada pelas queimadas, que eliminam os dejetos para transformar as áreas em pastos para a pecuária extensiva e a agricultura em larga escala.
O material particulado fino (PM2.5), presente em alta concentração no ar devido às queimadas, é particularmente perigoso para a saúde, causando doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente entre as populações mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios pré-existentes.
O Amazonas já tem quase 4 mil focos de queimadas, segundo o INPE. Nas últimas semanas, Manaus esteve coberta por uma espessa camada de fumaça. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a fumaça é proveniente de incêndios no sul do estado. A plataforma AQICN, que monitora a qualidade do ar, registrou níveis alarmantes de poluição, com o Índice de Qualidade do Ar (AQI) variando de Insalubre para grupos sensíveis (crianças e pessoas com doenças respiratórias) a Insalubre para a população em geral. Quanto maior o IAQ, mais poluído e danoso é o ar.
Rondônia enfrenta uma das piores crises ambientais, a combinação de desmatamento ilegal e a falta de chuvas tem intensificado os focos de incêndio. A fumaça densa tem coberto Porto Velho com dificuldades para controlar as chamas, e os recursos disponíveis são insuficientes. Segundo a IQAir, o Índice de Qualidade do Ar (IAQ) em 14 de Agosto alcançou o nível de 620, considerado "perigoso".
Rio Branco enfrenta um cenário crítico, com 740 focos de queimadas registrados até julho. No sul do Amazonas, os municípios da região Amacro lideram o ranking do fogo. Lábrea, Apuí e Nova Aripuanã estão no topo Outras cidades, como Tabatinga, Humaitá (AM), São Félix do Xingu (PA), Maués (AM), e Guajará Mirim (RO), registraram no mês anterior os piores índices de qualidade do ar. Os incêndios devastam tanto a floresta quanto áreas de preservação, com consequências graves para espécies endêmicas.
A insuficiência do governo burguês e a exploração imperialista
O modelo de desenvolvimento aplicado na Amazônia é caracterizado por uma lógica de exploração predatória, orientada pelos interesses do capital, tanto nacional quanto internacional. O lobby pela mineração em terras indígenas e a expansão desenfreada do agronegócio são expressões de uma política imperialista que visa a maximização do lucro à custa da destruição ambiental e da violação dos direitos dos povos indígenas.
Essa exploração na Amazônia incorpora também falsas soluções para a crise ambiental, evidenciando a "economia verde", com uma produção “sustentável”, com produtos com selos verdes e a venda de carbono. Essa abordagem mantém os mesmos princípios destrutivos do capitalismo, como a privatização de bens comuns e a financeirização da natureza, o que intensifica a degradação ambiental.
O controle burguês das instituições ambientais limita a análise crítica das causas das queimadas na Amazônia, omitindo a relação entre a devastação e as práticas capitalistas predatórias. Como já destacamos aqui, na análise sobre o lobby do potássio, o governo neoliberal de Lula-Alckmin tem se silenciado frente aos ataques imperialistas, comprometendo a defesa dos territórios indígenas e a soberania ambiental da Amazônia.
Essa conjuntura reflete como as políticas neoliberais e a submissão aos interesses do capital internacional se traduzem em agressões contínuas ao meio ambiente e às populações tradicionais. O silenciamento e a marginalização dos que resistem, como a histórica resistência do povo Mura, são evidências de uma estratégia de desenvolvimento que coloca o lucro acima da vida.
Além dos impactos globais, o desmatamento e as queimadas têm consequências devastadoras para as comunidades locais. Povos indígenas e ribeirinhos, que dependem diretamente da floresta para sua sobrevivência, veem seus territórios ameaçados, enquanto a biodiversidade da região é irreparavelmente prejudicada.
Sob a gestão neoliberal de Lula-Alckmin e dos governos estaduais, a Amazônia é explorada para beneficiar interesses corporativos e imperialistas, ignorando e marginalizando resistências indígenas. Esse modelo, está conduzindo a região para uma catástrofe irreversível.
No Amazonas, a resposta do governo estadual às queimadas foi extremamente insatisfatória. De acordo com o portal Vocativo, apenas R$ 23 mil foram alocados para o combate às queimadas, um valor insignificante diante da gravidade da situação. Essa mínima alocação de recursos evidencia a falta de prioridade dada à preservação ambiental, em contraste com a ampla ênfase das políticas públicas no agronegócio e na exploração dos recursos naturais.
Mobilizações frente a emergência climática
Em 2019, a mobilização em defesa da Amazônia foi marcada com protestos em diversas cidades contra as queimadas e a política ambiental do governo Bolsonaro-Mourão. No Brasil, mais de 50 cidades convocaram manifestações, enquanto protestos pela preservação da Amazônia se espalharam por embaixadas brasileiras ao redor do mundo. Os manifestantes criticaram a política negacionista do governo, que tratou a fumaça em São Paulo, captada por imagens de satélites da Nasa, como "fake news", e culpou organizações não governamentais pelos incêndios.
A luta pela preservação da Amazônia tem se mantido pelas comunidades e povos da região. No início de Agosto, mais de 150 moradores de comunidades afetadas pela seca em Porto Velho (RO) protestaram em frente à Prefeitura Municipal contra a falta de ações efetivas para mitigar os impactos da crise hídrica.
Outra mobilização popular também se fez presente na Cúpula da Amazônia, realizada neste mês em Belém, no Pará. Os manifestantes pressionaram por compromissos mais substanciais e por uma colaboração efetiva entre os países amazônicos para proteger o bioma. O cenário atual evidencia que, mesmo sob diferentes administrações, a lógica do lucro e a busca desenfreada por expansão econômica entram em conflito com as necessidades ambientais e sociais.
A luta por justiça ambiental e social na Amazônia exige uma resposta coordenada que vai além das políticas locais. Sob a lógica capitalista, que coloca o lucro acima da vida, a preservação da Amazônia e a salvaguarda dos direitos dos povos originários estão inevitavelmente comprometidas.
As soluções dentro desse sistema serão sempre insuficientes para enfrentar a profundidade da crise ambiental. Somente rompendo com essa estrutura será possível garantir um futuro onde a Amazônia seja verdadeiramente protegida e as populações locais tenham seus direitos plenamente assegurados.