Wilson Lima defende instalação de posto de embaixada dos EUA em Manaus
Após ameaças e interesse em tomar o Canal do Panamá, a Groenlândia e o Canadá, uma intervenção na Amazônia brasileira pode se tornar o próximo alvo do negacionismo climático do presidente eleito nos EUA.
Por Redação
A eleição de Donald Trump em 2024, que marca o retorno da extrema-direita ao poder nos Estados Unidos, promete ter repercussões profundas no cenário internacional. Trump, líder de um movimento que articula interesses de frações conservadoras da burguesia estadunidense, tem se posicionado como um defensor de uma política externa agressiva, focada na manutenção das alianças imperialistas, especialmente na América Latina.
Com a posse realizada nesta segunda-feira (20), Donald Trump já inicia seu novo mandato com ameaças e interesse em assumir o controle de território do Canal do Panamá, da Groenlândia e do Canadá.
Nesse contexto, a Amazônia, por sua riqueza de recursos naturais e sua localização estratégica, se torna um ponto crucial para as dinâmicas geopolíticas que envolvem o Brasil e os Estados Unidos. No centro dessa movimentação está o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), que tem defendido a instalação de um posto da embaixada dos EUA em Manaus, um passo que pode aprofundar as relações imperialistas na região.
A Amazônia
Manaus, capital do Amazonas, é um dos principais centros econômicos e logísticos da região, com acesso fácil às grandes áreas de floresta tropical e rios da Amazônia. O governador Wilson Lima tem justificado a proposta como uma forma de promover o turismo e facilitar a emissão de vistos para turistas estadunidenses.
No entanto, por trás desse discurso, há um interesse mais profundo no fortalecimento das relações com os EUA, particularmente no contexto da exploração das vastas riquezas naturais da Amazônia.
A instalação de um posto da embaixada não é apenas um movimento diplomático; trata-se de um passo em direção ao estreitamento de laços com um país cuja política favorece a exploração extrativista e a expansão capitalista. Manaus, localizada em uma zona de intensa biodiversidade e recursos naturais, seria o epicentro de um novo ciclo de investimentos em áreas como mineração, energia e agronegócio, setores que frequentemente se associam a práticas de exploração predatória da natureza.
A dinâmica das alianças imperialistas e a crise capitalista global
A eleição de Trump nos EUA reflete a crescente polarização dentro do país, com a burguesia estadunidense buscando garantir a continuidade de um sistema de dominação global baseado na exploração de recursos naturais e mão de obra barata nas periferias do capitalismo. A América Latina, especialmente a Amazônia, desempenha um papel central nesse cenário.
O fortalecimento das alianças imperialistas na região está diretamente ligado à busca por novas formas de extração de riquezas, com um foco crescente na preservação de territórios para a exploração capitalista, o que implica diretamente na violação de direitos indígenas e na degradação ambiental.
Seguindo sua histórica postura de modelo de exploração destrutiva e negacionismo climático, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris (tratado internacional assinado em 2015 por 195 países com o objetivo de combater as mudanças climáticas através da redução das emissões de carbono) e suspendeu as doações para o Fundo Amazônia no seu último mandato.
A defesa de Lima para um escritório de embaixada dos EUA em Manaus se insere nesse contexto mais amplo de alianças que envolvem não apenas interesses geopolíticos, mas também econômicos. No Amazonas, acordos com corporações transnacionais, como os contratos milionários de créditos de carbono com gigantes globais como Amazon e Bayer, também evidenciam como o capital internacional está cada vez mais interessado na região.
As grandes empresas, que buscam cumprir suas metas de sustentabilidade, compram créditos de carbono para neutralizar suas emissões, o que resulta em grandes somas de dinheiro fluindo para os cofres de governos locais e corporações que operam nas fronteiras da legalidade e da ética.
A exploração local
O Brasil, e em particular o estado do Amazonas, se tornam peças chave nesse processo de expansão do capital imperialista. O uso de mão de obra de baixo custo, combinada à escassez de educação e a falta de infraestrutura, cria um cenário propício para a exploração do novo governo Trump e se torna um palco de disputa estratégica entre interesses globais e locais. Esse ciclo reflete diretamente as dinâmicas que ocorrem em áreas de extrativismo e agronegócio, nos quais o trabalho informal e sub remunerado é a norma.
Essas condições não apenas favorecem as empresas estadunidenses e suas alianças com governos locais, mas também perpetuam a dependência da região em relação ao capital monopolista. As populações locais, em sua grande maioria, se vêem impotentes diante da exploração de seus territórios e recursos naturais, enquanto as elites políticas burguesas, como o governador Wilson Lima, buscam alinhar seus interesses aos de potências globais.
As declarações de Wilson Lima sobre a instalação de um posto da embaixada dos EUA em Manaus e sua relação com os acordos de créditos de carbono e a exploração de recursos naturais indicam que, enquanto o Brasil se alinha cada vez mais aos interesses dos Estados Unidos, as consequências para as populações locais podem ser devastadoras. A busca por benefícios econômicos imediatos coloca a região em um novo centro de exploração capitalista, com impactos duradouros para o meio ambiente e para os direitos humanos.
Esse cenário revela o quão intrincadas estão as relações entre política externa, capitalismo global e as realidades locais da Amazônia, cuja preservação e soberania, cada vez mais, parecem estar em jogo diante das pressões da expansão imperialista.