Vitória dos trabalhadores do trigo mostra força da unidade sindical em São Paulo

Após deflagrar greve, categoria conquistou reajuste salarial e aumento dos benefícios acima da inflação.

Vitória dos trabalhadores do trigo mostra força da unidade sindical em São Paulo
Trabalhadores em assembleia deliberam sobre convenção coletiva. Reprodução/Foto: FITIASP.

Por Redação

Após intensas negociações e mobilização de dezenas de sindicatos em todo o estado, os trabalhadores do setor de moinhos de trigo em São Paulo conquistaram avanços significativos em sua convenção coletiva para 2024-2025. A vitória foi resultado de uma greve organizada pela categoria, que demonstrou a força da união dos trabalhadores frente à resistência patronal.

A paralisação, iniciada em fevereiro deste ano, ocorreu após o SINDUSTRIGO (Sindicato da Indústria do Trigo do Estado de São Paulo) apresentar propostas consideradas insuficientes pela categoria durante as negociações da data-base de outubro de 2023, conforme indicado no edital de greve. Segundo informações do site da FITIASP (Federação Independente dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo), assembleias foram realizadas em diversas unidades produtivas para avaliar as propostas patronais, sendo rejeitadas pela maioria dos trabalhadores.

Conforme explicou o diretor central do STILASP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentação de São Paulo) Josenildo Antonio da Silva, as reivindicações iniciais incluíam "reajuste salarial de 6%, cesta básica e vale-refeição com aumento de 10%, além de melhorias na PLR (Participação nos Lucros e Resultados)".

"O INPC estava em 4,60% e nós estávamos pedindo 6% de reajuste. Os patrões queriam dar apenas 4,60% na negociação", explicou Silva em entrevista ao jornal O Futuro, detalhando o processo de negociação.

Diante da intransigência patronal, o movimento sindical não viu alternativa senão deflagrar greve, conforme o edital publicado em 12 de fevereiro de 2025, assinado por mais de 20 sindicatos e federações, incluindo a FITIASP e a FTIA INTERIOR (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Interior de São Paulo).

O movimento grevista mobilizou trabalhadores dos moinhos em todo o estado, levando o caso ao TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região). Após quatro rodadas de negociação coletiva mediadas pela justiça trabalhista, a categoria conquistou avanços reais. De acordo com publicação da FITIASP, o fechamento das negociações ocorreu após uma série de assembleias onde os trabalhadores puderam votar e aprovar o acordo proposto.

Entre as vitórias obtidas, conforme divulgado pelo sindicato em seu comunicado oficial, destacam-se:

●     Reajuste salarial de 5,60%, elevando o piso para R$ 2.407,30

●     Cesta básica no valor de R$ 400,00 (aumento de 12,35%)

●     Vale-refeição com aumento de 10%, passando para R$ 33,69

●     Vale-desjejum com aumento de 17,64%, chegando a R$ 8,00

●     Aumento da PLR de 90% para 100% do piso da categoria

Outra conquista importante foi o abono dos dias de paralisação, garantindo que os trabalhadores não fossem penalizados financeiramente por participarem do movimento grevista.

A campanha salarial no setor do trigo evidencia como o movimento sindical organizado continua sendo uma ferramenta essencial para a defesa dos direitos dos trabalhadores. Enquanto os representantes patronais buscavam impor reajustes mínimos, a mobilização coletiva da classe conseguiu arrancar conquistas acima da inflação para diversos benefícios.

A FITIASP, liderada por Paulo Viana, destacou em suas comunicações oficiais durante a greve a necessidade da mobilização dos trabalhadores frente à resistência do sindicato patronal em apresentar propostas que atendessem às demandas da categoria. No site da federação, foram publicadas atualizações regulares sobre as assembleias realizadas nas fábricas, que tiveram ampla participação da categoria.

A vitória no setor do trigo demonstra que, mesmo em tempos de enfraquecimento dos direitos trabalhistas, a organização coletiva continua sendo o principal instrumento de resistência dos trabalhadores. A mobilização atingiu diversos moinhos em todo o estado de São Paulo, incluindo unidades de grandes empresas como Moinho Pacífico, Moinho Santo André e Bunge, e reforçou a importância da solidariedade de classe.