Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e o descaso com o campus de Santa Cruz do Sul

O cenário descrito representa um claro reflexo do sucateamento do ensino público no Brasil, com a UERGS se destacando negativamente ao não conseguir oferecer condições mínimas de segurança e qualidade para seus estudantes e professores.

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e o descaso com o campus de Santa Cruz do Sul
Reprodução: UERGS/DIVULGAÇÃO

Por Redação

A comunidade acadêmica da UERGS de Santa Cruz do Sul vem sendo sucateada pela inação do estado do Rio Grande do Sul e pela Reitoria da Universidade. Sem condições adequadas para o desenvolvimento das atividades dos docentes e discentes, a UERGS se encontra em estado precário, com aulas presenciais suspensas.

Nos últimos anos, a unidade tem sido alvo constante de assaltos e furtos, inclusive sendo vítima de tiroteios, sem que a reitoria ou o Estado demonstrem uma preocupação genuína com a segurança da comunidade acadêmica. A infraestrutura é precária e carece de investimentos essenciais em manutenção do prédio e cuidados das áreas verdes, refletindo um estado de abandono que compromete seriamente a qualidade do ambiente educacional.

Chegou-se ao ponto onde professores são deslocados para lecionar disciplinas fora de sua área de especialização, como engenheiros ensinando administração e químicos ensinando física. O quadro se agrava com a necessidade de funcionários administrativos realizarem tarefas de manutenção, como cortar grama e consertar ar-condicionados, muitas vezes custeando do seu próprio bolso, devido à falta de pessoal e recursos. Os cursos de Agroecologia e Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, que exigem aulas práticas de qualidade, vêm sendo seriamente comprometidos pela falta de laboratórios adequados, prejudicando a formação dos alunos.

Além de problemas estruturais, a política de permanência estudantil é irrisória. O auxílio estudantil, que está congelado desde 2015 num valor de R$300,00, é insuficiente para garantir condições dignas de permanência dos estudantes de baixa renda.

Para além do campus de Santa Cruz do Sul, diversas outras unidades da universidade sofrem com o mesmo problema de sucateamento da universidade pública operada pelo governo do estado.

A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) é uma instituição pública estadual fundada em 2001, composta por 23 unidades universitárias distribuídas em 7 campi regionais. A UERGS oferece cursos gratuitos de graduação (bacharelado e licenciatura) e de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) em três grandes áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências Exatas e Engenharias, e Ciências da Vida e do Meio Ambiente.

A universidade se destacaria, em tese, por seu compromisso com a inclusão social, reservando metade das vagas da graduação para pessoas economicamente insuficientes, e reserva de vagas para pessoas negras e indígenas, conforme os dados do IBGE para o estado gaúcho, e 10% para pessoas com deficiência.

A unidade da UERGS localizada em Santa Cruz do Sul está presente na cidade há 20 anos. Inicialmente, suas atividades ocorriam na UNISC, sendo posteriormente realocada para um prédio cedido pela prefeitura, onde está há mais de uma década. No entanto, essa história de longa data tem sido marcada por inúmeros desafios, que vão além do esperado em uma instituição de ensino pública.

O cenário descrito representa um claro reflexo do sucateamento do ensino público no Brasil, com a UERGS se destacando negativamente ao não conseguir oferecer condições mínimas de segurança e qualidade para seus estudantes e professores. Enquanto há uma demanda por maiores investimentos na universidade, visando garantir a qualidade da formação discente, o Governo Leite nada diz sobre a falta de investimento na Universidade Estadual. A manutenção do Regime de Recuperação Fiscal, que limita o investimento público no estado, parece ser a prioridade do governo, contribuindo para o avanço do projeto neoliberal de desmonte das instituições públicas.