'Uma Crítica ao “Progresso” no Capitalismo' (Gabriel Andrade)

Não defendemos um progresso técnico vazio, mas um que sirva ao progresso qualitativo, o progresso humano, para que o homem, enfim, consiga viver livre da ideologia capitalista, da repressão das pulsões, da revolta e livre dos grilhões materiais, da pobreza, da miséria ou da beira dela!

'Uma Crítica ao “Progresso” no Capitalismo' (Gabriel Andrade)
"Lutemos para que o capital deixe de ser o centro das relações sociais e o lucro deixe de ser o objetivo da produção, mas que este se torne a classe trabalhadora, o homem, e que ela tenha a capacidade de desenvolver suas potencialidades enquanto indivíduo e coletivo, através da ampliação de direitos, melhora da qualidade de vida, menor repressão às pulsões e maior tempo livre!"

Por Gabriel Andrade para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Acredito que conseguimos perceber que, dentro da sociedade capitalista, existe um culto gigantesco à noção de progresso, um chauvinismo que cresce quando o presidente anuncia que o país está no ranking das maiores economias do globo ou um tesão quando descobrimos sobre uma inovação tecnológica, como se a humanidade tivesse “dado um  grande passo”, mas, existe progresso da humanidade em uma sociedade de classes? A resposta é não, camaradas, os interesses humanos não convergem, não existem interesses comuns de toda a humanidade (a não ser os mais básicos interesses biológicos,  obviamente), existem interesses de classe e esses interesses abrangem toda a vida social.

O progresso técnico, ou, como chamava Herbert Marcuse, o progresso quantitativo, não nos serve, enquanto classe trabalhadora! Alguns exemplos: uma nova tecnologia tática para a atuação da polícia ter mais eficiência é uma medida que aumenta a capacidade da  polícia de servir ao seu papel de oprimir as classes dominadas e os grupos sociais oprimidos, o crescimento do PIB do Brasil não representa mais do que um aumento na concentração financeira, um lucro maior ao agronegócio provém da exploração da natureza e do trabalho assalariado e dá a ele capacidade para continuar a fazer isso com  mais intensidade e ter mais força para lutar contra movimentos que contrariam seu  interesse (como os que lutam pela Reforma Agrária), e eu poderia apontar muitos outros exemplos, como quando existe avanços tecnológicos e eles não servem para melhorar a  qualidade de vida da classe trabalhadora e fazer ela ser menos explorada ou viver com  mais tempo livre ou ter sua carga horária diminuída, mas para explorar mais ainda essa classe e lucrar ainda mais ou como as novas mercadorias não mudam tanto em relação à  antiga, a não ser por fatores superficiais e, claro, pela mística que cobre o novo produto, a mística do “progresso” e do “indispensável” (ambas mentirosas, de certo ponto de vista)  além da associação entre consumo e liberdade.

Nós, comunistas, não podemos cair na armadilha de saudar o progresso capitalista, o progresso quantitativo como algo positivo, por si só, o progresso precisa ser analisado, como ele consegue acontecer e a quê e a quem ele serve no modo de produção capitalista,  o modo de produção não serve ao homem, mas o homem que serve ao modo de produção e o Capital é posto como centro de tudo na vida social, o progresso e capacidade maior  do desenvolvimento do Capital provém, apenas e gera, apenas, mais exploração do homem e da natureza, não uma melhor qualidade de vida e, se gera isso, gera apenas para  o aumento do lucro, proveniente da exploração! Lembremo-nos o que Engels/Marx nos diz no Manifesto Comunista:

“o capital (...) é, a propriedade que explora o trabalho assalariado e que só pode aumentar sob a condição de gerar novo trabalho assalariado, para voltar a explorá-lo.”  (manifesto comunista, editora Boitempo, página 52)

Nós, comunistas, não devemos aplaudir o desenvolvimento técnico se ele não possui a  intenção de servir à classe trabalhadora, servir à classe trabalhadora seja para diminuir  sua carga horária, aumentar seu tempo livre e sua qualidade de vida, seja para facilitar o trabalho e/ou ampliar direitos.

Enquanto o progresso no capitalismo significar mais desmatamento, mais exploração  do trabalho assalariado, mais desemprego, mais subempregos, mais desumanização de  pessoas, mais criação de bens inúteis a partir da exploração apenas para gerar lucro, mais  repressão das pulsões humanas, mais exclusão e menor qualidade de ensino da juventude  para criar uma classe trabalhadora embrutecida e despolitizada, devemos nos opor a ele e  propor, sempre, um progresso que signifique maior preservação, fim da exploração do trabalho assalariado, menos subempregos, usar o emprego da tecnologia para fazer as pessoas trabalharem menos e terem mais tempo para aflorar seu Eros e uma educação  popular e crítica, que crie um espírito criativo e combativo!

Não defendemos um progresso técnico vazio, mas um que sirva ao progresso qualitativo, o progresso humano, para que o homem, enfim, consiga viver livre da ideologia capitalista, da repressão das pulsões, da revolta e livre dos grilhões materiais,  da pobreza, da miséria ou da beira dela! Lutemos para que o capital deixe de ser o centro  das relações sociais e o lucro deixe de ser o objetivo da produção, mas que este se torne  a classe trabalhadora, o homem, e que ela tenha a capacidade de desenvolver suas  potencialidades enquanto indivíduo e coletivo, através da ampliação de direitos, melhora  da qualidade de vida, menor repressão às pulsões e maior tempo livre!

Porém, lembremo-nos que para alcançar esta sociedade, devemos organizar a classe  trabalhadora, através da Palavra de Marx, Engels e Lenin, rumo à Revolução e ao Poder  Popular!