'Um novo recomeço - o sucesso da Etapa Estadual do RS' (Theo Dalla)
Trabalhemos com toda a força para manter este fluxo no mais alto nível, extrair a maior quantidade de frutos positivos possíveis para que, num possível momento de refluxo vindouro, estejamos preparados para navegar em maré baixa sem desespero.
Por Theo Dalla para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
A militância do PCB-RR no Rio Grande do Sul realizou com sucesso sua Etapa Estadual do XVII Congresso do PCB, em Porto Alegre, no último final de semana (15, 16 e 17/03). Com cerca de 60 delegados, suplentes e observadores, e o esforço de síntese e discernimento da Comissão de Sistematização, a militância conseguiu debater todas as polêmicas do Caderno de Teses, não restando quaisquer pontos. Realizar este feito foi histórico, visto que, em todos os últimos congressos, nunca se conseguiu vencer o debate de todas as teses polêmicas, sempre restando parte significativa delas. Todo o Congresso transcorreu bem e foi marcado pelo espírito de camaradagem no trato entre a militância e seriedade nos debates políticos. Para o estado que vinha de um período difícil de reorganização, desânimo e conflitos internos, esta Etapa Estadual serviu como uma virada de chave para o próximo período.
Em relação à organização, a Comissão Organizadora do Congresso fez um trabalho exemplar, garantindo um amplo, confortável e bem equipado espaço para realizar o Congresso, bem como garantiu a hospedagem e passagens para a militância do interior. Além disso, teve destaque a garantia de uma alimentação de qualidade para toda delegação, servindo almoço e janta em um restaurante de buffet livre. Este feito, certamente, só foi alcançado graças à acertada política financeira realizada nos últimos três meses. A decisão pela contratação deste restaurante, mesmo que implicando em um dispêndio maior de nossas reservas financeiras (talvez, tenha sido o maior gasto que tivemos), foi tomada considerando a importância disso para a autoestima e integração entre a militância, objetivo que foi alcançado plenamente. Também, cabe destacar a divisão de tarefas da Comissão Organizadora, que envolveu dezenas de militantes, sem o que seria impossível realizar o Congresso da forma como se deu.
Quanto aos debates, figuraram como polêmicas a questão da China, da Rússia, o caráter do BRICS, o papel do PCB-RR no Movimento Comunista Internacional, a tática do "acordão do XVI Congresso", se criaremos um novo Partido ou não, a política eleitoral, o fim da União da Juventude Comunista, a comunicação interna do Partido, a política financeira (progressividade da cotização e repasses entre organismos), a existência ou não de Processos Disciplinares, a simbologia do Partido (adicionar elementos nacionais ou não) e a possibilidade de destituição, pelas bases, de dirigentes eleitos que cometerem infrações, dentre outros. Os demais debates acerca do Programa, da Estratégia, da Tática, da Organização e Estatuto não foram considerados polêmicos, o que revela convergências fundamentais da militância do Estado. Porém, é importante destacar que, mesmo com as polêmicas citadas, tudo foi debatido com máximo respeito às divergências e fraternidade. Em nenhum momento, mesmo nos debates mais acirrados e discursos inflamados, instaurou-se qualquer tipo de clima constrangedor ou de desafinidade - mas, o contrário.
Ao final, foi realizada a eleição do novo Comitê Regional e da delegação para a Etapa Nacional. Diferente de todas as outras eleições, foi um debate tranquilo, quase totalmente consensual, sem acusações infundadas, nem picuinhas. A consideração de cada nome enfocou nos méritos políticos, na conduta e experiência de cada camarada, e o resultado final não causou mal estar, mas elevou a confiança em quem representará a militância do Rio Grande do Sul na Etapa Nacional, entre maio e junho deste ano. Da mesma forma, elegeu-se um Comitê Regional legítimo, que assumiu o compromisso frente a todo estado de levar a tarefa de direção até as últimas consequências, no caminho do fio condutor estabelecido pelo balanço autocrítico do Comitê Regional provisório e dos debates realizados nesta Etapa Estadual.
Apesar do Congresso ter sido uma vitória completa, ainda há muito trabalho pela frente, em relação ao qual toda militância - seja dirigente ou não - sabe de sua responsabilidade. Ainda há muito o que estudar, seja sobre o Brasil ou o nosso estado. Ainda há um longo caminho de inserção de nosso Partido no seio da classe trabalhadora, de envolvimento e influência no movimento de massas, de retificação do nosso método organizativo, de formação teórica-ideológica de nossos quadros. Da mesma forma que o Congresso demonstrou um potencial enorme de nossa militância, também demonstrou nossos limites e insuficiências. Porém, não há dúvidas que esta Etapa Estadual serviu como um começo extraordinariamente positivo para superá-los todos no próximo ciclo que se inicia, e avançarmos a um novo patamar (onde encontraremos novos limites e insuficiências).
Ainda em tempo, por mais alegre e reanimados que fiquemos quando nos deparamos com um evento tão qualificado como este, é preciso manter os pés no chão. Acabamos de sair de um momento de refluxo, desorganização e desânimo de nosso Partido no Estado. A história não se desenvolve de forma linear em qualquer circunstância, mas sim, constitui-se de um movimento contraditório de fluxo e refluxo, avanços e retrocessos. Trabalhemos com toda a força para manter este fluxo no mais alto nível, extrair a maior quantidade de frutos positivos possíveis para que, num possível momento de refluxo vindouro, estejamos preparados para navegar em maré baixa sem desespero.
A construção de nossa vitória está apenas começando!