'Um mundo em ebulição: crise, guerras e situações revolucionárias' (Serge Goulart)

A tarefa dos comunistas é de varrer a podridão capitalista e abrir caminho para o começo da história da humanidade onde a felicidade da espécie humana, vivendo em harmonia com toda a natureza, possa desabrochar, livre de toda opressão, onde a arte e a cultura cheguem a alturas nunca antes vistas.

'Um mundo em ebulição: crise, guerras e situações revolucionárias' (Serge Goulart)

Por Serge Goulart para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

  1. É com grande prazer que me dirijo aos camaradas do PCB-RR nesta Tribuna de Debates preparatória ao Congresso de Reconstrução Revolucionária. Como Secretario da Organização Comunista Internacionalista (OCI) desejo, antes de tudo, saudar a resistência dos camaradas contra a degeneração da direção do PCB.  E agradeço aos camaradas a possibilidade de fazer conhecer um pouco mais nossas posições como seção brasileira da CMI.
  2. Espero com isso contribuir para o debate entre os comunistas sobre nossas tarefas nacionais e internacionais. Nossa relação política a anos, quando sob a liderança do camarada Ivan Pinheiro atuamos em comum combatendo a contrarrevolução da Praça Maidan, na Ucrania, em 2014, com documentos comuns e ampla divulgação da ação imperialista naquele país. Assim como realizamos com o PCB-RR o Ato em defesa da Palestina em novembro de 2023, que teve ampla repercussão nacional e internacional.

“Vivemos a época das guerras e das revoluções”, Lenin

  1. A crise do capitalismo continua e o fantasma da revolução segue assombrando a burguesia ao redor do mundo. A injeção de dinheiro público na economia para buscar superar a onda da crise de 2020 – acelerada e aprofundada pela pandemia – está na raiz da alta da inflação, inclusive em países imperialistas acostumados com uma baixa inflação. A alta da taxa de juros, em tese para combater a elevação dos preços, provoca a desaceleração da economia e abre caminho para uma nova recessão global. É absolutamente atual a explicação de Marx e Engels presente no Manifesto Comunista, de que as medidas adotadas pela burguesia para sair das crises só levam “ao preparo de crises mais extensas e mais destruidoras e à diminuição dos meios de evitá-las”.
  2. Há inúmeros sinais da instabilidade na economia mundial. A quebra de bancos como o Silicon Valley Bank, o Signature Bank, o First Republic, nos EUA, e o Credit Suisse, só não provocou uma crise generalizada do sistema financeiro, por conta do resgate estatal concedidos pelos governos dos EUA e da Suíça. 
  3. A China, que propiciou um fôlego ao sistema com a restauração capitalista iniciada nos 70 e completada nos anos 80, oferecendo a exploração de uma mão de obra barata por grandes empresas multinacionais e a abertura de um mercado consumidor para o comércio mundial, tem dado sinais de seus limites com quedas no crescimento econômico nos últimos anos e inclusive com deflação. 
  4. A guerra na Ucrânia se arrasta, e se por um lado, EUA e Europa jogam com a Ucrânia e utilizam a guerra para seus interesses políticos e econômicos, por outro lado, Putin e a mafiosa oligarquia russa também utilizam a invasão para seus interesses políticos e econômicos. É uma luta entre frações burguesas. Não há lado progressista a ser apoiado ou defendido neste conflito. Nossas palavras de ordem são: Abaixo a guerra! Desmantelamento da OTAN! Cessar fogo imediato! Abaixo o capitalismo! Viva o socialismo!
  5. A guerra de extermínio iniciada pelo governo do Estado Sionista de Israel contra o povo palestino desestabiliza toda a região espalhando sangue dor e terror em todos os lados. Esta é uma guerra reacionária levada por um Estado reacionário contra um povo massacrado há décadas, expulso de suas terras, preso, torturado e caluniado por todos os governos imperialistas. Os palestinos travam uma resistência histórica contra este Estado “cabeça de ponte” do imperialismo na região. Estado de apartheid criado pelo imperialismo EUA e pelo governo de Stálin.
  6. Esta luta contra a ocupação da Palestina contra eco em todo o mundo levando às mobilizações que se chocam com a hipocrisia das democracias burguesas que não se cansam de reprimir e perseguir, sempre caluniando, aqueles apoiam o povo palestino em sua luta.
  7. Os marxistas sabem que a luta que pode ajudar a resolver os problemas imediatos e históricos dos povos e dos explorados e oprimidos é a luta de massas. A Intifada na Palestina foi uma expressão deste combate. Nenhum tipo de luta conspiratória, terrorista ou isolada, vanguardista, pode chegar a um bom termo. Há muito tempo o marxismo já derrotou politicamente o blanquismo, o terrorismo individual, as correntes carbonárias. 
  8. A única forma de derrotar o monstro sionista israelense é unindo as massas palestinas do exílio, da palestina, os palestinos ditos “árabes de 1948” que continuam em Israel e as massas oprimidas e exploradas pelo capitalismo israelense, pelo imperialismo e levadas pelo governo sionista, todo o tempo, ao pânico e ao “combate contra o inimigo palestino”. É neste processo que a revolução socialista encontrará seu caminho na Palestina e no Oriente Médio.

Uma civilização em decadência

  1. O capitalismo há muito tempo entrou em sua fase de decadência generalizada, de absoluto reacionarismo. O desenvolvimento das forças produtivas é bloqueado pelas relações de produção capitalistas, em particular a propriedade privada dos meios de produção e os Estados nacionais. Inovações tecnológicas, como a robótica e a Inteligência Artificial, que em uma economia planificada significariam melhores condições de vida para o conjunto da sociedade, sob o capitalismo significam o aumento do desemprego e a queda da taxa de lucro dos capitalistas, já que, como Marx explicou, o lucro provém da parte não paga do valor produzido pela força de trabalho humana, o capital variável, fonte da mais-valia, e não das máquinas, o capital constante. 
  2. A classe trabalhadora ao redor do mundo é impactada pela retirada de direitos, a precarização das condições de trabalho e o avanço da miséria. A juventude não vê uma perspectiva de futuro digno neste sistema. A crise econômica que eclodiu em 2008-2009 foi um ponto de inflexão para a economia mundial e, também, para a situação política internacional. As instituições burguesas estão desmoralizadas e as massas exploradas e oprimidas pelo capital expressaram seguidamente, um país após o outro, a disposição de lutar por uma saída contra este sistema, realizando greves, greves gerais, grandes manifestações, revoltas populares e mesmo revoluções que ao final são derrotadas por falta de um autêntico partido comunista com influência de massas e de uma Internacional Comunista como a liderada por Lenin até seu 4º Congresso. 
  3. Cabe aos revolucionários marxistas o combate pela construção de direção do movimento operário digna deste nome. A construção de genuínas ferramentas de luta da classe trabalhadora por seus interesses imediatos e históricos, a reconstrução de uma verdadeira Internacional Revolucionária e de Partidos Revolucionários com influência de massas. Do sucesso ou fracasso desta batalha depende o futuro da humanidade.

O governo Lula-Alckmin

  1. No Brasil, as ações do governo Lula-Alckmin desde o início de seu mandato têm evidenciado seu caráter. Um governo que busca ser de união nacional com a burguesia, submisso aos interesses centrais dos capitalistas e do imperialismo. 
  2. Em meio à crise internacional do capitalismo, este é um governo que realiza uma política de austeridade, atacando a classe trabalhadora e aprofundando o mesmo plano econômico do governo Bolsonaro. O “arcabouço fiscal” aprovado, não passa de um novo teto de gastos. Um limite para os gastos públicos que visa garantir ao mercado que o governo irá cumprir o superávit fiscal para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública com seus credores, principalmente bancos e especuladores internacionais, ou seja, o capital financeiro. Na luta contra o capital a palavra de ordem de “Não pagamento da Dívida Interna e Externa” continua a ter um lugar central. 
  3. A extrema-direita, apesar de conservar uma base social, está sem direção e fragmentada após a derrota eleitoral de Bolsonaro e a aventura golpista fracassada de 8 de janeiro. Bolsonaro teve a imagem arranhada entre sua própria base por submeter-se ao resultado das eleições e fugir do país no fim do mandato. E depois vem de escândalo em escândalo, como o caso dos presentes roubados da presidência da república.
  4. Outro elemento que se amplia é o papel bonapartista do Poder Judiciário. O bonapartismo do judiciário se expressa, principalmente a partir do STF e da figura do ministro Alexandre de Moraes. Após as ações golpista de 8 de janeiro, Alexandre de Moraes determinou a proibição de entrada de ônibus com manifestantes em Brasília. Em seguida, proibiu qualquer tentativa de bloqueio de vias públicas, rodovias ou bloqueio de prédios no país, decisão confirmada pelo plenário do STF. De fato, a utilização destas medidas é uma preparação publica para usá-las em seguida contra a esquerda e os trabalhadores.
  5. As direções do PT, PCdoB e PSOL e as direções sindicais, em sua maioria, adaptadas ao capital e conciliadoras, utilizam o discurso de “luta contra o fascismo” e de risco de golpe da extrema-direita para não mobilizar, impedir o choque das massas com o governo e apoiá-lo em toda sua política reacionária. No entanto, apesar do bloqueio das direções, a classe trabalhadora e a juventude lutam. 
  6. A perspectiva para o próximo período é de uma explosão de luta de classes. Para este cenário devemos nos preparar. A instabilidade política é a marca da última década e ela continua. A Nova República segue desmoronando.

Em busca do comunismo

  1. Em diferentes países é possível constatar uma crescente simpatia, em particular entre a juventude, pelo comunismo.
  2. Em 2019, uma pesquisa solicitada por uma fundação de extrema-direita nos EUA, a “Fundação em Memória às Vítimas do Comunismo”, revelou que 36% da chamada geração Millenium (nascidos entre 1981 e 1996) e 28% da geração Z (nascidos após 1996) com mais de 16 anos, tinham uma opinião favorável ao comunismo.
  3. Aqui no Brasil, das buscas “o que é” feitas no Google, a pergunta que mais cresceu em 2022 e 2023 foi “o que é comunismo?”. E no diálogo com jovens nas escolas, universidades, lutas, podemos constatar como uma camada mais avançada tem se identificado com o comunismo.
  4. A identificação com o comunismo só é explicável pela radicalização da juventude, que está farta do capitalismo e é atraída pela perspectiva de uma sociedade sem classes, livre da exploração e opressão entre seres humanos.
  5. Mesmo o socialismo soa como algo mais brando, já que os autointitulados socialistas dos Partidos Socialistas tradicionais, como os da Europa, têm um largo histórico de traições e conciliação com a burguesia. Já no Brasil, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), é um partido burguês que tem entre seus quadros o vice-presidente Geraldo Alckmin. Mesmo o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, tem um programa reformista, de adaptação às instituições burguesas e de alianças com setores da burguesia, além de objetivamente estar dentro do governo Lula-Alckmin.   E o PT governa, inclusive com a extrema direita, com a burguesia e para a burguesia nativa e para o imperialismo.  Portanto, é totalmente lógico que uma juventude mais radicalizada queira identificar-se como comunista. Esse é nosso caminho para continuar o trabalho de Marx, Engels, Lenin e Trotsky.  
  6. Quem criou as políticas identitárias
  7. Outra questão que desejo abordar nesse debate é uma questão ideológica e política que as classes inimigas desenvolveram para dividir os trabalhadores e combater o marxismo e a luta de classes. É a questão do identitarismo, cotas, ações afirmativas etc. Essa política inventada pela direita imperialista é hoje amplamente disseminada como se fosse uma política de “esquerda”, como se fosse uma reforma social a ser conquistada. Na verdade, é uma política dirigida contra o marxismo e a luta de classes.   Como demonstro mais abaixo ela não tem nada de esquerda. Do ovo da cobra só nasce cobra. 
  8. “Engels destacou a importância da teoria para o movimento revolucionário. Assinalou que não havia somente duas formas de luta (política e econômica), e sim três, colocando a luta teórica ao lado das duas primeiras. Lênin estava enfaticamente de acordo com o ponto de vista de Engels quando escreveu em Que Fazer: 
  9. “Sem teoria revolucionária, não pode haver também movimento revolucionário. Nunca será demasiado insistir nessa ideia, numa época em que a propaganda em voga do oportunismo vem acompanhada de uma atração pelas formas mais estreitas da atividade prática”. A condição prévia para a construção de uma verdadeira Internacional marxista é a defesa dos princípios básicos do Marxismo. Isto implica numa luta implacável contra todo tipo de ideias revisionistas que, em essência, refletem as pressões de classes alheias sobre o movimento marxista. 
  10. Marx e Engels empreenderam uma luta implacável contra todas as tentativas de diluir as ideias do movimento, denunciando sem piedade as falsas teorias, primeiro as dos socialistas utópicos dos seguidores de Proudhon e Bakunin, e finalmente contra os oportunistas socialistas de cátedra, como Dühring – professores universitários “inteligentes” que, sob o pretexto de “atualizar o socialismo”, trataram de castrar a essência revolucionária do marxismo.” (“O marxismo e a luta contra ideias estranhas à classe trabalhadora”, Resolução da CMI sobre pós-modernismo, identitarismo etc.)
  11. E para não reescrever o que já foi escrito reproduzo a seguir uma longa citação sobre as origens das políticas ditas afirmativas, cotas etc. Não nos importa o autor do texto e suas ideias políticas. É um liberal democrata), porque o que nos interessa são os fatos, que estão no livro citado, fartamente documentados com fontes originais etc. A citação é extensa, mas vale a pena.

A expressão “ação afirmativa” surgiu no bojo das grandes lutas pelos direitos civis nos EUA durante o governo Kenedy. Mas, na lei americana, “ação afirmativa” começou a adquirir o significado de “discriminação reversa” com o “Plano de Filadélfia” anunciado pelo presidente Richard Nixon em 1969.

É quando começam a se desenvolver, nos EUA, leis e medidas baseadas em “raças” e não na igualdade de todos os seres humanos independente da sua cor de pele. Hoje em dia os biólogos e geneticistas já comprovaram que não existem “raças humanas”. Livros fartamente documentados e científicos provam isso, como “A invenção das raças” do biólogo italiano Guido Barbujani ou os escritos do biólogo brasileiro, membro do Projeto Genoma Humano”, Sérgio Pena.

O Plano de Nixon previa “metas e cronogramas” era a contramão dos direitos civis iguais para todos que até um senador democrata, Sam J. Ervin, declarou: “É tão claro como o sol do meio-dia num céu sem nuvens que essas porcentagens são cotas e que elas se baseiam na raça”.

O presidente republicano é o verdadeiro ponto de partida das políticas de discriminação reversa nos EUA. Em 1970, sob a inspiração do Plano de Filadélfia, diretivas do governo federal faziam referência a “procedimentos orientados para resultados”. O ato conclusivo dessa trajetória ocorreu em 1973, quando ministérios e agências federais divulgaram o memorando “Guia de práticas de empregos estaduais e locais”. O documento tomava o cuidado de afirmar que cotas rígidas não eram aceitáveis, mas sustentava um sistema de metas quantitativas e verificáveis. A linguagem contrariava o espírito da Lei dos Direitos Civis, abrindo caminho para políticas de emprego baseadas na concessão de tratamento preferencial. As políticas de emprego seguiam paralelamente às de promoção daquilo que Nixon qualificou, em 1968, como black capitalismo, construir um capitalismo negro. 

Pela Ordem Executiva 11.458, do ano seguinte, o presidente tratava de estimular “a mobilização de atividades e recursos do Estado e dos governos locais, empresas e associações comerciais, universidades, fundações, organizações profissionais e voluntárias [...] com vistas ao crescimento das empresas de minorias [...]”.

Na sequência dessa iniciativa, em 1971, a Ordem Executiva 11.625 demandava das agências federais planos e metas para o programa Iniciativa de Negócios de Minorias (MBE), que preconizava critérios raciais na contratação de fornecedores do governo.

O cérebro por trás das políticas de raça de Nixon era Arthur Fletcher, negro, nascido no Arizona em 1924, antigo ativista do movimento pelos direitos civis, que ocupava o cargo de secretário-assistente no Departamento de Trabalho. O republicano Fletcher, que ficou conhecido como o “pai da ação afirmativa” nos EUA, serviu nos governos Gerald Ford (1974-1976), Ronald Reagan (1980-1988) e George H. Bush (1989-1992), assegurando a continuidade das políticas inauguradas por Nixon.

A precedência do republicano é um fato histórico incontestável. Entretanto, o conceito de black capitalism e as políticas de ação afirmativa com bases raciais evoluíram como um empreendimento bipartidário, e os programas foram mantidos e ampliados nos governos dos democratas Jimmy Carter (1977-1980) e Bill Clinton (1994-2000). Sob o impacto das iniciativas federais, multiplicaram-se as políticas estaduais e locais de discriminação reversa nos campos da contratação de empresas, do emprego e do ensino. Enquanto isso, a raça convertia-se em fator relevante na admissão às universidades, que desenvolveram suas próprias metas quantitativas e cotas destinadas a minorias.

O estatuto legal das políticas de preferências raciais nunca foi plenamente esclarecido. A Corte Suprema, com alguma relutância, ofereceu sustentação a essas políticas até perto do final da década de 1980. Entretanto, para passar pelo crivo judicial, os programas se ocultavam sob o disfarce de procedimentos antidiscriminatórios.

Uma nova Lei dos Direitos Civis, aprovada em 1991, baniu métodos notórios de concessão de preferências raciais, como a criação de padrões distintos para minorias em exames seletivos. Contudo, as práticas de discriminação reversa prosseguiram, ainda que mais dissimuladas.

A publicação, em 1971, de “Uma teoria da justiça”, do filósofo americano John Rawls, coincidiu com a conclusão do rápido processo de atribuição de um novo significado à expressão “ação afirmativa”. A obra, considerada a base intelectual das políticas de preferências para “grupos em desvantagem”, investiga soluções para o problema da justiça distributiva e formula a teoria da “justiça como equidade”. Preocupado com a discriminação de minorias no seu país, o filósofo agregou o “princípio da diferença” ao da igualdade de oportunidades. Segundo esse princípio, as posições de prestígio e influência devem ser usadas para o maior benefício dos integrantes de minorias em situação de desvantagem.

A Fundação Ford e as “políticas da diferença”

Na esfera legal, a noção de raça só pode funcionar eficientemente se todos sabem, sem sombra de dúvida, quem é quem. Os EUA figuram o como primeiro país a adotar leis antimiscigenação. Essas leis apoiaram-se na chamada “regra da gota de sangue única”, pela qual a existência de um único ancestral não branco exclui um indivíduo da categoria dos brancos. A regra, que surgiu junto com as leis antimiscigenação, permitiu aos recenseamentos classificar os americanos em brancos e não-brancos, e classificar as pessoas rotuladas como não-brancas em diversas minorias (negros, índios, asiáticos e, mais recentemente, hispânicos). As políticas de ação afirmativa ergueram-se sobre esse edifício ideológico, administrativo e legal, que não foi abolido nem mesmo com a vitória do movimento pelos direitos civis.

 O movimento pelos direitos civis empolgou multidões. Em contraste, as políticas de “discriminação reversa” nunca foram sustentadas por um movimento de massas. Mas a sua difusão, para além dos limitados programas federais, deu-se com a entrada em cena dos intelectuais e acadêmicos, que implantaram sistemas de admissão universitária orientados por critérios raciais, articularam iniciativas de “equilíbrio racial” nas escolas públicas e, sobretudo, formularam uma explicação multiculturalista da nação americana. Nada disso teria sido possível sem a intervenção da Fundação Ford (FF), o ator mais destacado na marcha triunfante das políticas de raça.

O ensaísta americano Dwight Macdonald descreveu, em 1956, a ff como “um grande corpo de dinheiro totalmente circundado por pessoas que querem algum”. O patrimônio financeiro legado pelos fundadores transformou a Fundação na maior entidade filantrópica do mundo, e sua missão foi redefinida em torno das metas de promover internacionalmente a liberdade, a democracia, a paz e a educação. Nos anos da aurora da Guerra Fria, a FF funcionou como um tentáculo oculto da política externa americana. Paul Hoffman, um dos mais destacados arquitetos do Plano Marshall na Europa, deixou o governo americano para presidir a FF entre 1950 e 1953, quando ela iniciou a sua expansão no exterior. Richard M. Bissell Jr. trabalhou como alto-executivo da Fundação logo depois de servir na administração do Plano Marshall e pouco antes de ingressar oficialmente na CIA. John J. McCloy foi secretário da Guerra entre 1941 e 1945 e depois, sucessivamente, presidente do Banco Mundial, alto-comissário dos EUA na Alemanha ocupada, CEO do Chase Manhattan Bank e CEO da FF. Nos sete anos que dirigiu a Fundação, a partir de 1958, manteve o hábito de definir, em visitas informais e conversas com membros do Conselho de Segurança Nacional, os projetos no exterior que seriam agraciados com os maiores financiamentos da FF. Isso tudo extensamente documentado.

McGeorge Bundy tinha apenas 30 anos quando participou, com Bissell, de um grupo de formuladores de política externa que procurava articular o Plano Marshall à ajuda da CIA a grupos anticomunistas na França e Itália. Ele chegou ao governo junto com a equipe de acadêmicos montada por John Kennedy e serviu como conselheiro de Segurança Nacional nos governos Kennedy e Johnson, até 1966, quando se tornou presidente da FF. Nos treze anos de presidência de Bundy, a Fundação descobriu as minorias, desempenhando um papel crucial na difusão das políticas de raça nos EUA e na arena internacional. A reorientação não podia ser mais radical: em 1960, o item “direitos das minorias” representava 2,5% dos financiamentos; em 1970, atingia 40%.

No fim da década de 1960, a FF estava diante de um cenário de crise política que se agravou ao longo do primeiro mandato de Nixon, quando as coalizões sociais articuladas no movimento pelos direitos civis voltavam-se para a luta contra a Guerra do Vietnã. O núcleo dirigente da Fundação interpretou a radicalização dos protestos como um sintoma de funcionamento defeituoso do pluralismo político e formulou o conceito de multiculturalismo como uma ferramenta para restabelecera normalidade nas engrenagens da democracia. De acordo com a lógica do multiculturalismo, as amplas coalizões sociais deveriam dar lugar a organizações e movimentos específicos, delineados em função dos interesses de cada minoria.

 A Fundação ajudaria a esculpir esses movimentos, oferecendo-lhes plataformas políticas e fundos capazes de sustentar grupos de pressão. A introdução das “políticas da diferença” – ou da “diversidade”, na linguagem oficial da FF – teve um poderoso efeito de cooptação de lideranças e intelectuais. Investigando as fundações filantrópicas, o sociólogo Craig Jenkins registrou que elas funcionam como “porteiros”, financiando os movimentos e as iniciativas que, por essa via, conseguem converter suas bandeiras em políticas públicas. “No processo, elas também selecionaram as novas organizações que se tornaram traços permanentes da paisagem política.” É precisamente o que ocorreu nos EUA a partir da intervenção da FF.

A estratégia foi deflagrada por meio da advocacia de interesse público voltada para minorias. A FF financiou fundos para litigância em defesa dos mexicanos americanos (Maldef), dos porto-riquenhos (PR-LDEF), dos povos indígenas (Native- American LDEF) e das mulheres (WLF). Essas organizações, que não têm uma base de associados, dependem inteiramente de doações oferecidas por empresas e fundações, em especial a FF. Como é natural, seus dirigentes são ativistas ligados à Fundação. Contudo, esses ativistas se apresentam na esfera pública como representantes dos interesses das respectivas “minorias” e, em virtude dos recursos financeiros de que dispõem, exercem significativa influência institucional.

Previsivelmente, todas as organizações criadas nessas bases engajaram-se na promoção das políticas de discriminação reversa, funcionando como grupos de pressão profissionalizados.

O envolvimento da FF com os negros iniciou-se pelo financiamento de uma organização histórica, que desempenhou papéis relevantes nas lutas pelos direitos civis. A NAACP ganhou um fundo jurídico e educacional, mas perdeu sua independência. Apesar de manter mais de seiscentos mil filiados, passou a depender essencialmente das grandes entidades filantrópicas e engajou-se nas políticas de raça. O processo culminou em 1994, quando a venerável organização, que enfrentava situação falimentar, foi resgatada por duas contribuições da FF, num total de seiscentos mil dólares, depois de substituir seu diretor-executivo pelo pretendente indicado pela Fundação. A FF não se limitou a financiar as organizações previamente existentes. Com o seu patrocínio, movimentos militantes de “chicanos” foram transformados numa organização étnica. O Conselho do Sudoeste de La Raza (SWCLR) nasceu em Phoenix, Arizona, em 1968, a partir da contratação de três lideranças comunitárias pela FF. Cinco anos depois, o SWCLR tornou-se uma organização nacional, mudou sua sede para Washington e seu nome para Conselho Nacional de La Raza (NCLR). Logo depois, a Fundação entrou em atrito com o sindicalista Henry Santiestevan, que presidia o NCLR, e exigiu a sua substituição, ameaçando suspender os financiamentos. Raul Yzaguirre assumiu a presidência, alinhou por completo a organização à agenda política do doador original e converteu-a numa poderosa instituição, financiada pelo governo federal, além de grandes empresas e diversas entidades filantrópicas. Como registrou Joan Roelofs, um dos resultados do processo foi a cooptação em massa de lideranças independentes: “ativistas de movimentos sociais são desse modo transformados em pesquisadores, administradores e litigantes; e os movimentos são fragmentados em ‘políticas identitárias’”.

Na sua origem, a FF já representava as tendências modernas da filantropia, que não pretende oferecer donativos aos pobres, mas fazer uso das ciências sociais para reformar as sociedades. Desde a revisão de sua missão, no pós-guerra, a Fundação havia se fixado na meta de influenciar as políticas públicas e promover reformas institucionais não só a partir do convencimento dos governos, mas, especialmente, pela mobilização de base. A aventura multiculturalista nas universidades americanas derivou da combinação dos dois paradigmas.

A abordagem básica da Fundação consistiu em incentivar a adoção de sistemas de admissão orientados por preferências para “grupos minoritários”. O instrumento pragmático utilizado foi oferecer vultosas doações, condicionando-as à implantação de cotas para minorias. Contudo, as ambições da ff ultrapassavam em muito a mera mudança dos sistemas de admissão. A finalidade era reformar de alto a baixo as perspectivas acadêmicas, as atitudes políticas, os currículos e as práticas nas universidades. Tratava-se, no fim das contas, de incutir o princípio do multiculturalismo no código genético do fazer acadêmico. Mais uma vez, a ferramenta de persuasão seria a oferta condicional de generosas doações. Os relatórios anuais da ff descrevem, às vezes com minúcias, o modus operandi do assalto às universidades. Um único exemplo: em 1989, duzentas universidades e faculdades foram convidadas a concorrer por doações de cem mil dólares “para revisar ou desenvolver programas acadêmicos voltados a dar uma máxima atenção à cultura e experiência de minorias étnicas e a fazer as perspectivas multiculturais pesarem em todos os aspectos do currículo”. Uma das 19 instituições agraciadas, a Universidade Brandeis, de Massachusetts, comprometeu-se a organizar um curso de verão sobre as tradições orais na África e na “diáspora africana” e, mais amplamente, a incorporar materiais africanos e “derivados da África” no núcleo de seu currículo.

O cientista político Harold Laski (1893-1950), com sua longa experiência em Harvard, Yale e na London School of Economics, conhecia o impacto das fundações sobre as universidades: “As fundações não controlam simplesmente porque, no significado direto e simples da palavra, não há necessidade de fazerem isso. Elas têm apenas que indicar a inclinação momentânea de suas mentes para todo o mundo universitário descobrir o sentido apontado e tender rapidamente para aquele ângulo do compasso intelectual.”

A Fundação não se limitou a distribuir doações institucionais condicionadas, mas criou vastos programas de bolsas de pesquisas, destinados a professores, e de especialização, destinados a pós-graduandos e graduandos. Para ter mais chances de sucesso na conquista das bolsas, os pretendentes deviam formar “equipes multiculturais” e definir temas e abordagens multiculturalistas.

Do ponto de vista teórico, o multiculturalismo assenta-se sobre um primeiro pressuposto que não é dramaticamente distinto do artigo de fé do “racismo científico”. Esse pressuposto pode ser expresso como a noção de que a humanidade se divide em “famílias” discretas e bem definidas, denominadas etnias. O “racismo científico” fazia as suas “famílias” – as raças – derivarem da Biologia. O multiculturalismo faz as etnias derivarem da cultura. O segundo pressuposto do multiculturalismo é que a cultura corresponde a um atributo essencial, imanente e ancestral de cada grupo étnico. Essa naturalização da cultura evidência que o conceito de etnia, na narrativa multiculturalista, ocupa um nicho metodológico paralelo àquele do conceito de raça na narrativa do “racismo científico”.

Sob o influxo dos milionários financiamentos da FF, as universidades imitaram os padrões de segregação urbana e criaram seus próprios guetos, na forma de novos campos de estudo – Black Studies, depois African-American Studies, Mexican-American Studies, Native-American Studies, os estudos de race relations, os “estudos femininos” e incontáveis estudos étnicos específicos. Nos cinco anos iniciais, implantaram-se mais de quinhentos programas de Black Studies nos EUA. Desse modo, os pressupostos multiculturalistas adquiriam vida e realidade, como componentes do saber acadêmico consagrado. Mas, não satisfeita em produzir objetos de estudo, a “transformação curricular” injetou a raça, a etnia e o gênero em todos os departamentos e disciplinas, investigando, por exemplo, o “olhar afro-americano” das paisagens urbanas, os temas feministas na arte contemporânea e a misoginia inscrita na Nona Sinfonia de Beethoven. 

Universidades em busca de dinheiro e acadêmicos em busca de prestígio definiram suas prioridades acadêmicas nos termos sugeridos pelo doador. A Universidade de Chicago, seguindo as tendências gerais, implantou um Centro para o Estudo de Raça, Política e Cultura que, no início de 2005, recebeu da FF e de outras entidades filantrópicas mais de um milhão de dólares em doações. Cathy Cohen, diretora do Centro, explicou que “o recebimento das doações mostra que pesquisa inovadora está sendo realizada”, um raciocínio amparado na curiosa ideia de que os donos do dinheiro são os melhores avaliadores da pertinência de um saber. 

A maior das doações recebidas naquele ano pelo Centro dirigido por Cohen, proveniente da FF, no valor de seiscentos mil dólares, destinava-se à linha de pesquisa “Os jovens afro-americanos e seu empoderamento sexual: sexo, política e cultura”. É claro que a linha de pesquisa não existiria sem a intervenção da Fundação. Mas há algo de maior relevância: a mera enunciação do programa acadêmico significa que, de acordo com o saber institucional adventício, “afro-americanos” constituem um grupo perfeitamente identificável e distinto dos demais por feições culturais relacionadas ao sexo e à política.

A marcha do multiculturalismo pelos campi universitários nem sempre contou com a adesão voluntária dos acadêmicos, mas a Fundação soube manejar com eficácia seus meios de persuasão. Robert Steele, professor de Psicologia na Universidade Wesleyan, de Connecticut, que cumpriu o papel de coordenador de uma das sessões da conferência “Intensificação da diversidade cultural”, patrocinada pela FF em Pasadena, Califórnia, em 2004, explicitou o receituário: “As pessoas não serão pacificamente assimiladas ao multiculturalismo por meio da verdade, através do diálogo. Você lhes dá assistentes de pesquisa, você oferece orientadores de pós-graduação.” A meta não é apenas incutir ideias, mas colocar os acadêmicos ligados à Fundação nos postos de comando e, efetivamente, assumir o controle de departamentos e universidades inteiras: “Nós teremos mudado a universidade quando mulheres e pessoas de cor possam se ver dirigindo o lugar.” 

Henry Ford deixou a presidência da FF em 1950, mas permaneceu envolvido com a sua direção durante mais um quarto de século, como CEO e depois como curador. Contudo, ele experimentou uma desilusão crescente com os rumos da entidade filantrópica e, em 1977, renunciou à sua posição no conselho. “A Fundação é uma criatura do capitalismo”, observou, mas tornou-se difícil identificar algum traço de capitalismo “em qualquer coisa que ela faz. É ainda mais difícil encontrar uma compreensão disso em muitas das instituições, particularmente as universidades, que são beneficiárias do programa de subvenções da Fundação”. O herdeiro dos fundadores era um conservador da velha estirpe e não entendia o sentido das políticas conduzidas pela FF desde o final da década de 1960. Mas, pela perspectiva de Bundy e de seus sucessores, o multiculturalismo era um remendo vital para o sistema político do capitalismo – e não apenas nos EUA. Nações dentro da nação.

As políticas de preferências nos empregos e de cotas nas universidades só podiam funcionar se contassem com uma classificação geral e uniforme dos cidadãos. Os EUA tinham uma longa tradição de classificação étnica, expressa no censo. Além disso, a regra da gota de sangue única cancelava a existência de mestiços, evitando dificuldades de rotulação dos candidatos. Ao igualar legalmente os cidadãos, a Lei dos Direitos Civis tornou inócua, no plano político, a classificação étnica. Contudo, logo depois, as iniciativas de ação afirmativa restauraram o uso político da classificação das pessoas. O multiculturalismo fez o resto, conferindo uma nova legitimidade a essas tradições racistas.

De modo geral, os multiculturalistas engajaram-se na defesa da rígida classificação censitária americana, que descreve uma sociedade fragmentada em grupos étnicos perfeitamente delimitados. As organizações que falavam em nome dos interesses dos “afro-americanos” converteram-se em defensoras da regra da gota de sangue única, que foi transformada em algo como um artigo de consenso nacional”. (Uma Gota de Sangue, Demétrio Magnoli) 

  1. Para encerrar explicito um resumo da biografia do presidente mais significativo da Fundação Ford até hoje, o que deu o impulso internacional para esta política dos governos norte-americanos, democratas e republicanos, MacGeorge Bundy. E para conhecer quem a Fundação Ford beneficia, ou melhor, usa, no Brasil acesse: Quem a Fundação Ford financia no Brasil: veja a lista (gazetadopovo.com.br)

Quem foi o impulsionador internacional das políticas identitárias 

  1. McGeorge "MacBundy, nascido de uma rica família norteamericana foi conselheiro de Segurança Nacional dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson de 1961 a 1966. Foi presidente da Fundação Ford de 1966 a 1979. Ele é lembrado como um dos principais arquitetos da escalada dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã durante os governos Kennedy e Johnson. Durante a Segunda Guerra Mundial, Bundy entrou para o Exército dos Estados Unidos e serviu como oficial de inteligência. Em 1943, tornou-se assessor do contra-almirante Alan G. Kirk.
  2. Seu irmão William Putnam Bundy, também diretor da Fundação Ford, foi analista sênior da CIA. Ajudou a implementar o Plano Marshal. Bundy serviu como conselheiro de relações exteriores dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson. Ele teve papéis importantes no planejamento da Guerra do Vietnã, servindo como vice de Paul Nitze na Defesa sob Kennedy e como secretário de Estado adjunto para assuntos do Leste Asiático e Pacífico sob Johnson.
  3. Um dos "sábios" de Kennedy, Bundy desempenhou um papel crucial em todas as principais decisões de política externa e defesa do governo Kennedy e foi mantido por Lyndon B. Johnson durante parte de seu mandato. Bundy esteve envolvido na Invasão da Baía dos Porcos, na Crise dos Mísseis de Cuba e na Guerra do Vietnã. Na primeira reunião do Conselho de Segurança Nacional sob Kennedy, Bundy foi informado de que as quatro áreas de preocupação eram Cuba, Congo, Laos e Vietnã. De 1964 a 1966, ele também foi presidente do Comitê 303, responsável por coordenar as operações secretas do governo. ( https://pt.wikipedia.org/wiki/McGeorge_Bundy)
  4. Além disso indico o excelente livro de Wanderson Chaves sobre “A questão negra: A Fundação Ford e a Guerra Fria” (https://www.estantevirtual.com.br/livrarialivrovivo/chaves-wanderson-autor--a-questao-negra-4470705691?show_suggestion=0) com extensa documentação original, cartas dos membros da diretoria da Fundação Ford e de governantes norte-americanos, agentes da CIA etc.
  5. Espero fraternalmente que estas informações e análises nos ajudem a combater para recuperar a juventude e a classe trabalhadora destas políticas reformistas do capital que tem como objetivo proteger o imperialismo, nos dividir e tentar dissolver a luta de classes. Nós venceremos, pois, a roda da história é mais forte que os aparelhos contrarrevolucionários. É a luta de classes que decidirá em última instância.
  6. Camaradas, desejo o maior sucesso ao seu congresso e que ele seja um passo em nossa luta comum para reestabelecer o verdadeiro e genuíno marxismo, o bolchevismo nas fileiras do movimento operário. Todos sabemos que a socialdemocracia e o stalinismo conduziram a uma enorme regressão ideológica, teórica e política nas fileiras do movimento operariado internacional. A sífilis do nacionalismo se espalhou pelo mundo junto com o pessimismo e o oportunismo. Nossa é a tarefa de restabelecer o verdadeiro internacionalismo proletário de Lenin e Trotsky, de lançar as sementes da construção de uma nova Internacional Comunista e de partidos comunistas com influência de massas.  Regressar a Lenin plenamente.
  7. Sabemos que o capitalismo traz a guerra como a nuvem traz a tempestade. A tarefa dos comunistas é de varrer a terra e os céus da podridão capitalista e abrir caminho para o começo da história da humanidade onde a felicidade da espécie humana, vivendo em harmonia com toda a natureza, possa desabrochar em toda plenitude, livre de toda opressão e exploração, onde a arte e a cultura cheguem a alturas nunca antes vistas.

Saudações comunistas ao Congresso do PCB-RR!

Viva a luta pelo Comunismo!

Viva a Luta pelo Partido Comunista Revolucionário!

Viva a Luta pela Internacional Comunista!