Transporte na Região Metropolitana de Belo Horizonte fica mais caro

A aprovação de reajustes tarifários na virada de ano se tornou um movimento comum das gestões municipais e estaduais nos últimos anos. Manifestações ocorreram em Belo Horizonte e Contagem.

Transporte na Região Metropolitana de Belo Horizonte fica mais caro
Ônibus lotado - Foto: Fernando Michel - Hoje em Dia / Reprodução

Por Redação

As trabalhadoras e trabalhadores da Região Metropolitana de Belo Horizonte iniciaram o ano gastando mais nos trajetos de ônibus. A passagem de ônibus na capital mineira, governada por Fuad Noman (PSD), aumentou em 50 centavos, passando de R$ 5,25 para R$ 5,75. Em Contagem, segunda maior cidade da região onde recentemente foi reeleita a prefeita Marília Campos (PT), o reajuste foi de 40 centavos, saindo de R$ 6,00 para R$ 6,40, uma das passagens municipais mais caras do país.

Em Ribeirão das Neves, o primeiro ato do governo do prefeito Túlio Raposo (PP) foi aumento a tarifa em 75 centavos, passando de R$ 6,25 para R$ 7,00. O Decreto N° 001/2025, que estabeleceu o novo preço, foi assinado na quinta-feira (02/01), passando a valer no mesmo dia. O reajuste se deu 13 dias após a Câmara Municipal da cidade aprovar o fim da gratuidade para idosos com idade entre 60 e 65 anos.

Além dos municípios, o governo estadual de Romeu Zema (NOVO) também aprovou um aumento para os ônibus metropolitanos, cuja passagem passa de R$ 7,70 para R$ 8,20. Ainda em julho de 2024, o governo havia aprovado um aumento na passagem do metrô, que foi privatizado em 2023, de R$ 5,30 para R$ 5,50.

A aprovação de reajustes tarifários na virada de ano se tornou um movimento comum das gestões municipais e estaduais nos últimos anos. Aproveitando o período de festas, em que muitas pessoas aproveitam para descansar, as empresas de ônibus encontram menor resistência dos movimentos sociais, partidos de esquerda, sindicatos e demais organizações da classe trabalhadora.

Além do reajuste, os empresários de ônibus de BH também devem receber um subsídio de R$ 744,7 milhões em 2025, caso a Lei Orçamentária Anual seja aprovada de acordo com o projeto encaminhado pela prefeitura. Isso representaria um aumento de R$ 22 milhões em relação aos repasses de 2024. Em 2023, após chantagem das empresas de ônibus que aumentaram a passagem municipal de R$ 4,50 para R$ 6,00, a Câmara Municipal aprovou a lei que estabeleceu o subsídio multimilionário para as empresas. Apesar de afirmarem que se trata de uma complementação de custos que impede o encarecimento ainda maior da tarifa, as empresas e a prefeitura não fornecem informações precisas sobre esses custos que justifiquem o valor do subsídio e os aumentos de passagem.

A mesma situação é observada em âmbito estadual. Apesar de ainda não existir um subsídio explícito para as empresas que atuam no transporte metropolitano, em setembro de 2024 o governo Zema assinou um acordo destinando R$ 382 milhões para a aquisição de veículos para as empresas. O anúncio do reajuste pelo governo também foi justificado com base no aumento dos custos para operação do serviço de transporte, sem maiores informações sobre esses custos.

Com os reajustes em vigor e já impactando o bolso da classe trabalhadora, apesar das dificuldades impostas pela virada de ano, as organizações de esquerda apostam na mobilização popular para barrar os aumentos e avançar rumo a um transporte estatal, gratuito e de qualidade.

Manifestação na Câmara Municipal de Contagem - Foto: Comissão Nascentes Imperiais / Reprodução.

Em Contagem, na última quarta-feira, em pleno dia 01, manifestantes estiveram na Câmara Municipal da cidade durante a posse da prefeita para protestar contra o aumento. Além do preço da passagem, a mobilização também denunciou a hipocrisia dos vereadores, que recentemente aprovaram um aumento salarial de 44% para si mesmos.

Manifestação em Belo Horizonte - Foto: Frente Popular pelo Transporte Público / Reprodução.

Em Belo Horizonte, outra manifestação foi realizada na segunda-feira, 06 de janeiro, partindo da Praça Raul Soares e caminhando até a prefeitura. A organização foi da Frente Popular pelo Transporte Público, formada por movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis, partidos de esquerda e militantes independentes. A construção da ação se iniciou em uma reunião aberta no dia 30 de dezembro, divulgada pelas redes sociais da Frente, após o anúncio dos aumentos em BH e Contagem. Após a manifestação, a Frente convocou uma nova reunião para a próxima quinta-feira através de sua página no Instagram.