Trabalhadores e trabalhadoras do Tesouro Nacional em greve
Com a paralisação, investidores foram impedidos de realizar a compra e venda de títulos públicos federais. Essa é a primeira vez que as operações são paralisadas desde a criação do programa em 2002.
Por Redação
Trabalhadores do Tesouro Nacional têm feito paralisações às terças-feiras, desde o início de agosto, reivindicando a inclusão de reajustes salariais para o órgão na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento de 2025. Trata-se da única categoria do funcionalismo que tende a ficar de fora de um reajuste no próximo ano. Para além do reajuste, reivindicam também a reabertura das negociações com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
De acordo com o UNACON (Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle), não houve avanço nas pautas, inclusive nas demandas sem impacto financeiro, como a manutenção dos atuais níveis da tabela de progressão e a exigência de nível superior para o cargo de Técnico Federal de Finanças e Controle. Além disso, a carreira de Finanças e Controle é uma das únicas do Executivo Federal que ainda não firmou acordo com o governo.
Com a completa paralisação realizada na terça-feira (24), os investidores foram impedidos de realizar a compra e venda de títulos públicos federais, impactando diretamente todo o sistema financeiro nacional. Essa é a primeira vez que, devido ao movimento de funcionários públicos, as operações são pausadas desde a criação do programa em 2002.
Em comunicado oficial, o Tesouro Nacional reconheceu que a suspensão terá impacto em todo o sistema financeiro, impedindo qualquer instituição ou banco de realizar a venda de títulos aos investidores.
Os efeitos da greve são sentidos particularmente nas operações de crédito externo envolvendo estados, municípios e empresas estatais, além das auditorias e certificações conduzidas pela CGU (Controladoria-Geral da União). Para além deste impacto, dada a suspensão da reunião trimestral da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) e sem nova data definida para o evento, o fluxo de concessão de créditos com recursos externos fica comprometido, afetando a capacidade de estados, municípios e estatais de acessar esses recursos.
A greve também interfere nas negociações de reprogramação de contratos de crédito interno. Estados como a Bahia e o Pará já tiveram suas tratativas canceladas. Esses processos dependem da atuação dos servidores do Tesouro, cuja paralisação compromete o andamento dos acordos. Além disso, programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), Proex (Programa de Financiamento à Exportação) e Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) também estão sendo impactados pela greve.
Com a paralisação, surge a necessidade de prorrogar prazos de diversas auditorias, como o programa “CGU Presente”, responsável pela fiscalização de iniciativas como “Mais Médicos” e “Brasil Sorridente”. Além disso, as certificações das Tomadas de Contas Especiais do Poder Executivo Federal, essenciais para identificar prejuízos à administração pública e buscar ressarcimento, também são impactadas pela greve dos trabalhadores do Tesouro Direto.
A greve deflagrada pelos trabalhadores e trabalhadoras do Tesouro Nacional é mais um episódio que escancara as graves consequências da política econômica de austeridade fiscal do Governo Lula-Alckmin, implementadas pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No comprometimento constante de mostrar à classe dominante do país sua subordinação à “responsabilidade fiscal”, o governo do Partido dos Trabalhadores continua fazendo a corda estourar do lado mais fraco, penalizando os trabalhadores e trabalhadoras com suas políticas neoliberais.