Toda solidariedade a Glauber Braga! Não à perseguição ao mandato combativo!

Nota política do PCBR em defesa de Glauber Braga

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aceitou a admissibilidade do processo que pode terminar com a cassação do mandato do Deputado Federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Glauber é vítima de uma aberta, descarada e escandalosa perseguição política, operada por Arthur Lira, presidência da Câmara dos deputados (PP-AL).  É fácil perceber o caráter persecutório da manobra de Arthur Lira e seus comparsas. Na atual legislatura da Câmara dos Deputados, tivemos 34 representações contra parlamentares no Conselho de Ética. Apenas uma prosseguiu, contra Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), acusado de mandar matar Marielle e Anderson (e defendido publicamente por Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT).

Todos os demais processos foram arquivados. Nikolas Ferreira  (PL-MG) cometeu transfobia no plenário da Câmara e já brigou com vários deputados sem consequências. Delegado Da Cunha (PP-SP) teve vídeo divulgado espancando a namorada e nada aconteceu. Vários parlamentares que apoiaram e instigaram o golpismo do 8 de janeiro, como Clarissa Tércio (PP-PE), sequer tiveram que responder a representações no Conselho de Ética. A lista pode seguir com vários exemplos. Temos deputados com várias denúncias de corrupção, agressão contra mulher, golpismo, envolvimento com milícias, grupos de extermínio, comércio ilegal de drogas e afins. Todos seguem com seus mandatos.

A perseguição contra Glauber Braga é por ser um parlamentar combativo, comprometido com lutas importantes da classe trabalhadora e que não se dobra a podridão e o cinismo do cretinismo parlamentar. Glauber é um dos poucos parlamentares que usa o espaço que tem para fortalecer e potencializar as lutas da classe trabalhadora. Sua postura de enfrentamento incomoda não só a direita tradicional e a extrema-direita, mas também setores da própria social-democracia.

Na votação do Conselho de Ética, dos dez votos contra Glauber Braga, sete foram de deputados da base do Governo Lula. O PT tem três votos no Conselho de Ética, e apenas um deputado petista apareceu para votar. O PDT votou contra Glauber, atuando como linha auxiliar de Arthur Lira. Erika Hilton e Pastor Henrique Vieira não apareceram na sessão, mesmo tendo ambos direito a fala por serem, respectivamente, líder e vice-líder de bancada do PSOL. Até o começo desta quinta-feira, 12/09, imperava o silêncio de intelectuais, artistas, lideranças políticas, parlamentares e afins. O Governo Lula segue omisso, na prática dando apoio tácito para Arthur Lira perseguir Glauber Braga.

Esse cenário impõe reflexões urgentes. Para que serve um mandato parlamentar? Deve ser para ser um veículo de denúncias, mobilização, divulgação de temas importantes e potencializar resistências frente aos ataques da burguesia. O mandato parlamentar não deve ser um fim em si mesmo e muito menos um espaço de autopromoção para o titular do cargo. Contudo, no mal chamado “campo progressista”, dominado pelo oportunismo e o cretinismo parlamentar, o que vemos são figuras preocupadas com apenas reproduzir seu mandato e calados frente aos ataques de Arthur Lira e dos diversos representantes da burguesia.

Para o PCBR é indispensável criar uma grande campanha nacional em defesa de Glauber Braga, enfrentando a perseguição de Arthur Lira. A defesa de Glauber é uma tarefa importante porque o deputado mostra que é possível fazer um mandato parlamentar que não seja acovardado, rendido e pronto para rifar os interesses da classe trabalhadora nos acordos de bastidor. Aliado a isso, essa luta também abre uma boa oportunidade para intensificar a denúncia e agitação política em torno do caráter essencialmente burguês, reacionário e antipopular do parlamento brasileiro - uma expressão do próprio caráter de classe do estado. Glauber hoje é o parlamentar que mais se aproxima do que os comunistas pensam de um parlamentar: um tribuno do povo, um militante disposto a colocar as lutas da classe trabalhadora no centro de sua agitação como parlamentar. Ainda que não coincidamos com Glauber e com seu partido em diversas posições, compreendendo que o PSOL já abandonou qualquer possibilidade de ser um partido revolucionário da classe trabalhadora e que qualquer posição revolucionária será expressa melhor por fora do PSOL do que por dentro dele, faremos nossas disputas na política, e não nos apoiando na burocracia estatal e nos partidos burgueses, como fazem Lira, a extrema-direita e os setores governistas no Congresso.

A militância do PCBR estará nas ruas junto com Glauber Braga e todo o povo trabalhador que sabe que só a luta de massas, a mobilização da classe trabalhadora e a crítica radical do Estado burguês conseguirão colocar um freio em figuras nefastas como Arthur Lira. É da luta da classe trabalhadora que vamos conseguir garantir que Glauber permaneça como um dos mais avançados deputados do parlamento brasileiro e que se enfraqueçam as posições de Arthur Lira e dos demais partidos da ordem.