‘Tecnologia, segurança e burocracia: Preparar-se para uma piora da conjuntura é diferente de antecipá-la’ (Elias)
Esse é o momento em que devemos usar de todos os meios para expandir o máximo possível nossa inserção na classe, porque num futuro sombrio, é essa inserção que garante a nossa força e segurança, mais do que qualquer criptografia.
Por Elias para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
O PCB-CC, especialmente o de SP, onde militei até minha expulsão, tão imerso em seu próprio burocratismo, se dispôs a criar diversos procedimentos de pretensa segurança que, como bem disse o camarada Cauan V., beiram o chapéu de alumínio na cabeça.
É fato que o PCB é e tem sido vítima de perseguição há mais de cem anos, e é fato de que ser comunista num país capitalista, especialmente na periferia do mundo, não é a tarefa mais segura possível. Contudo, o diferencial do leninismo (separado do marxismo por um hífen) é a habilidade em fazer a leitura da realidade concreta, em avaliar a conjuntura, e escolher a melhor tática que avance a estratégia no momento. Não estamos num momento de combate franco, de perseguição aberta, e nem na iminência de um fechamento de regime. Pelo contrário, estamos em uma crescente da social-democracia ao centro, que significa alguma abertura da classe para ouvir o que temos a dizer. Esse é o momento em que devemos usar de todos os meios para expandir o máximo possível nossa inserção na classe, porque num futuro sombrio, é essa inserção que garante a nossa força e segurança, mais do que qualquer criptografia.
Vale lembrar, camaradas, que mesmo as ferramentas livres e seguras, ainda são usadas em aparelhos de Big Techs, em IPs fornecidos por um oligopólio de telecomunicação, todas devidamente reguladas por um Estado com um aparato de inteligência muito superior ao nosso. Qualquer quebra SERÁ feita. E qualquer membro do PCB-CC que use o argumento das Big Techs para criticar a nossa presença na internet tem uma inocência infantil e não entende a estrutura do capitalismo, ou usa de um cinismo oportunista.
Promover uma revolução já é uma tarefa árdua por si só, camaradas, não precisamos complicar nós mesmos o nosso próprio trabalho impondo procedimentos que dificultam o trabalho dos quadros e das massas na expansão do nosso movimento. Colocar celulares no microondas, fazer atas e pautas a mão e alegar que “a cultura comunista é a tradição oral” não combate o capitalismo nem a repressão estatal, só sacia a paranoia oportunista de uma direita partidária incapaz de lidar com o debate franco.