'Superar as contradições, principalmente as nossas!' (Macedo)
Já que o momento atual é de reconstrução, que ao menos sirva de exemplo para que os que têm a coragem e a disposição de se colocar como resistência nesse momento, sejam cautelosos quanto aos desvios cotidianos.
Por Camarada Macedo, para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Já que a tarefa do momento é a luta contra o burocratismo, a formação de tendência e o desrespeito às bases e às Resoluções que deveriam nortear o Partido, quero trazer para este espaço a discussão sobre a contradição. Em novembro de 2016, fundamos em São José dos Campos o primeiro organismo do PCB na região. Ali nasceu o primeiro núcleo da UJC, a juventude do partido, que chegava a uma das regiões mais industrializadas do país. Éramos apenas 3 camaradas, sem nenhuma experiência organizativa e ainda menos acúmulo teórico, mas cheios de vontade de construir o Poder Popular na cidade que, ainda na última eleição (2022), deu ao Bolsonaro mais de 60% dos votos.
Hoje, 7 anos depois da fundação da UJC-Vale (quando foi criada ainda era UJC-SJC), dá orgulho de ver como o partido avançou na região. Mesmo fora do partido desde 2021, sinto que fiz parte do processo que resultou na consolidação da militância comunista na cidade, das conquistas que ela teve nos últimos anos, com um crescimento orgânico e em franca ascendência.
Porém, minha contribuição, camaradas, é sobre a contradição. Um famoso revolucionário disse certa vez que “A dialética, no seu sentido exato, é o estudo das contradições na própria essência dos objetos”, portanto, não devemos ignorá-las, mas superá-las, fazendo a devida autocrítica e corrigindo os erros. Em meados de 2021, enquanto eu ainda era militante do então PCB-SJC e da UC-SJC, cumprindo a tarefa de ser secretário político em ambos os organismos, tive a triste experiência de observar, sem nada poder fazer, a máquina burocrática do partido entrar em ação. Naquela ocasião, existiam na região o já citado núcleo da UJC, o CFCAM, a UC e as células do PCB em Pindamonhangaba, fundada em 2019 e em São José dos Campos, fundada no ano seguinte (2020). Devido à proximidade geográfica (as cidades ficam separadas por cerca de 45 km), as células se mantinham em contato e tocavam atividades em conjunto e os camaradas se conheciam. Eu, inclusive, conheci minha companheira numa dessas atividades e estamos juntos até hoje. As citadas células tinham um assistente em comum, que integrava a CR-SP, o camarada Gabriel Landi, que agora é um dos principais prejudicados pela política de expurgos promovida pela fração do Comitê Central.
Aqui, com a devida vênia, tomo a liberdade para chamar a atenção do camarada para tecer uma crítica ao seu comportamento na ocasião, sem a menor intenção de cair na crítica pessoal, já que durante a minha militância no partido nunca tivemos qualquer rusga ou desinteligência. Naquele momento, a célula de Pindamonhangaba passava por um processo interno delicado. Uma militante que fez parte do organismo no passado estava retomando a militância através de outro organismo, o CNMO. Aqui cabe dizer que a saída da militante da célula de Pindamonhangaba tinha sido bastante conturbada. A célula havia entrado com um pedido de abertura de PD contra a militante por conta de posturas não convencionais, dirigismo e mandonismo, mas a militante optou por se afastar sem responder ao PD. A direção do CNMO simplesmente ignorou o histórico da militante e a admitiu em suas fileiras, sem ao menos consultar sua célula originária. O CR-SP, no mesmo sentido, RESPALDOU a decisão, convocando uma reunião para INTERMEDIAR as relações da célula com o CNMO, sem autocrítica e sem sequer tocar no assunto do Processo Disciplinar em aberto na célula, enfiando goela abaixo uma decisão que ia de encontro ao que militância de Pindamonhangaba havia decidido.
Vale colocar aqui o fato de a célula ter se renovado ao longo desse tempo, ao ponto de restar uma única militante da época do pedido de abertura de PD, assim, apesar da concordância de todos os militantes com a retomada do PD antes de qualquer readmissão da camarada, a questão foi tratada como sendo de cunho pessoal e a orientação foi de seguir com a readmissão da militante e aproximação dos organismos.
Pois é, camaradas. Como pau que dá em Chico, dá em Francisco, hoje vemos que, a mesma máquina que o camarada Landi ajudou a operar, foi usada para quebrá-lo, assim como fez com boa parte da militância que repudia os mandonismos e desvios do Comitê Central. Inclusive, a única célula da região que está fechada na defesa da fração que comanda o Comitê Central, é a de Pindamonhangaba, sob a tutela da militante que foi readmitida e defendida pelo nosso então assistente.
Camaradas, esse texto não servirá para reparar o que já foi perdido, mas já que o momento atual é de reconstrução, que ao menos sirva de exemplo para que os que têm a coragem e a disposição de se colocar como resistência nesse momento, sejam cautelosos quanto aos desvios cotidianos.
Em tempo, muita força aos que ousam lutar para defender a Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro. O futuro pertence aos que não tem medo.
“É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.” Carlos Marighella
Camarada Macedo