'Sobre um levante nacionalista popular e um questionamento' (China)
A discussão que eu gostaria de trazer se trata do nacionalismo popular. O quão importante é o nacionalismo popular? Como ele se manifesta na América Latina e no Brasil ?
Por China para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Camaradas, venho abrir a discussão sobre a atual conjuntura do que vem acontecendo no Sahel, devido as ações imperialistas da França e EUA.
Os países que compõem essa região fazem parte do Império Ultramarino Francês. Historicamente, devido a essa relação imperialista com a França, esses países tem seus bancos centrais, suas reservas de recursos naturais e seu povo cotidianamente assaltados pela burguesia francesa e a União Europeia.
Um dos países mais explorado dessa região, pelo governo francês, é Mali. Foram toneladas e mais toneladas de ouro roubadas pela França – que não possuí reservas de ouro em seu território, mas ainda assim é um dos maiores vendedores de ouro no mundo. Vale ressaltar também a questão da extração de urânio na região. O urânio extraído em Mali, Burkina Faso e Níger são responsáveis por 33% da energia elétrica da França – ou seja, podemos dizer que a energia nuclear sustenta a vida funcional no país. Em ambos os casos a França não paga nada ou quase nada aos países. Nas jazidas de ouro o pagamento é zero, inexistente; e no caso do urânio são oito centavos de euro por tonelada de urânio extraído, e como se isso não fosse o bastante, o descarte dos resíduos gerados, ainda voltam para a região.
Outro ponto importante, é a questão dos bancos centrais dos países da região. Bancos esses, que se encontram fora do território dos países. Isso se dá pois, a moeda utilizada por esses países é o Franco CFA Ocidental - moeda utilizada no Império Ultramarino Francês - onde as colônias pagavam, e ainda pagam, para terem suas moedas impressas na metrópole, e dessa maneira se manterem dependentes dela. Sendo que o Franco não é mais utilizado há mais de 20 anos.
Só por esses pontos mencionados anteriormente já é possível ver a gravidade da situação, e nem entramos no assunto sobre Daesh e ou estado islâmico - que varreu o norte da África pós expulsão da Síria, graças à intervenção da Rússia e do grupo Wagner. Daesh que contou com ajuda da França direta e indiretamente. Sem contar países como Burkina Faso, que sofreram horrores pois são de maioria católica e estavam há anos sem um governo decente, depois de ficarem durante quase 30 anos com governo de Blaise Campaoré - entreguista e assassino de Thomas Sankara, que durante anos e mais anos virou as costas para população.
Tudo isso muda em 2014, quando Blaise Campaoré foi deposto. Fugindo para Costa do Marfim, onde aumentou ainda mais a crise humanitária, pois foi quando começou a invasão do Daesh na região do Sahel.
Tudo se altera novamente após 2018 com a junta militar capitaneada por Ibrahim Traoré - que lutou e ainda luta contra o Daesh - destitui o governo fantoche e entreguista e expulsa a primeiro momento a corja do Daesh após muita luta. A partir dai a luta para expulsar o colonialismo francês se intensifica, ao mesmo tempo em que auxiliam seus irmãos africanos nesta luta colossal com apoio militar do grupo Wagner e da China com apoio material, principalmente financeiro.
A partir desse cenário, a discussão que eu gostaria de trazer se trata do nacionalismo popular. O quão importante é o nacionalismo popular? Como ele se manifesta na América Latina e no Brasil ?
E o mais importante, nossas fileiras não têm uma discussão aprofundada sobre este campo, visto que estamos sempre apontando dedos de que essa é a linha é incorreta e que o certo, deve ser algo retirado de nossa cabeça, não levando em conta a realidade material, vivendo em delírios idealistas, diariamente em nossas torres de marfim e de livros.